O jornal Valor Econômico publicou a primeira entrevista da presidente Dilma Rousseff a um jornal. Foi concedida à jornalista Cláudia Safatle. Falou sobre isso e aquilo etc e tal. Dois momentos merecem destaque. Um deles revela que a tautologia e o acacianismo podem alcançar altitudes poéticas. Vejam:
Valor: Qual o impacto do desastre no Japão sobre a economia mundial e sobre o Brasil?
Dilma Rousseff: Primeiro, acho que ficamos todos muito impactados. A comunicação global em tempo real cria em nós uma sensação como se o terremoto seguido do tsunami estivessem na porta de nossas casas. Nunca vi ondas daquele tamanho, aquele barco girando no redemoinho, a quantidade de carros que pareciam de brinquedo! Inexoravelmente, a comunicação faz com que você se coloque no lugar das pessoas! Essa é a primeira reação humana. Acredito, numa reflexão mais fria depois do evento, se é que podemos chamar alguma coisa de fria no Japão, acho que um dos efeitos será sobre o petróleo.
E vai por aí. Mas, para quem entende do riscado, faltava atingir sublime, que se revelou aqui:
“Eu não vou permitir que a inflação volte no Brasil. Não permitirei que a inflação, sob qualquer circunstância, volte. Também não acredito nas regras que falam, em março, que o Brasil não crescerá este ano. Tenho certeza que o Brasil vai crescer entre 4,5% e 5% este ano. Não tem nenhuma inconsistência em cortar R$ 50 bilhões no Orçamento e repassar R$ 55 bilhões para o BNDES garantir os financiamentos do programa de sustentação do investimento. Não tem nenhuma inconsistência com o fato de que o país pode aumentar a sua oferta de bens e serviços aumentando seus investimentos.”
Nota: apontem-me um só idiota que sustenta que o Brasil não vai crescer neste ano. Dilma contesta o que ninguém afirma. Quando a não haver inconsistência entre cortar R$ 50 bilhões do Orçamento e repassar R$ 55 bilhões ao BNDES, aí só um mágico especializado em tirar coelho da cartola conseguiria provar.
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