Matinhos, como todas as outras cidades do nosso litoral, recebe e acolhe muito bem seus novos moradores.
Vêm para o litoral diversos tipos de pessoas, jovens empreendedores, empresários, além dos veranistas e turistas, os aposentados.
Muitos trabalhadores com mais de 60 anos, que já fecharam sua carteira profissional com o INSS, estão morando em Matinhos, por exemplo.
Trabalhar por mais de 35, 40 anos com carteira assinada, bater ponto diariamente, cobrir por todo este tempo as metas determinadas pela diretoria da empresa e, o pior, aguentar por todo este tempo a cara do gerente - ufa! - cansa.
Foi bem vinda a hora de parar, deixar de usar a gravata, para uns, uniforme para outros.
Morar em Matinhos, uma vez aposentado, é uma delícia.
Claro que pode ser outra cidade do litoral, claro, afinal os morros estão aí circundando todos os municípios e o mar é o mesmo.
O aposentado que está vindo para morar no litoral deve seguir algumas regras. É aconselhável.
Não querer dar palpites no trabalho e na vida de ninguém é o primeiro passo. Verdade
É bem melhor e prudente imitar a coruja.
Piar só quando for consultado, mesmo assim muitos vão fingir que ouviram.
Aposentado, com mais de 60 anos, deve falar com aposentado com mais de 60 anos. Este, sem dúvidas escutará alguma coisa.
É melhor assim.
Mesmo assim, também sem querer dar conselho.
Contar das suas conquistas, dos seus amores, e do que resta em suas vontades e pronto.
Está bom assim.
Na eventualidade de um aposentado com mais de 60 anos se encontrar no meio da molecada com mais de 30 e menos de 50, é besteira tentar querer imitar alguns dos presentes, ou contar que fez igual, ou melhor, quase igual.
Se fizer a besteira de começar a falar, os telefones celulares dos ouvintes vão começar a tocar; do outro lado da rua sempre aparecerá alguém para qual os ouvintes estarão acenando com a mão; quando passar alguém perto da mesa, os ouvintes da prosa vão trocar uma conversinha rápida etc e tal.
Quer dizer, o aposentado vai ficar falando para seus próprios pavilhões auriculares.
A melhor e mais plausível saída ( elegante até) está no 13º parágrafo, imitar a coruja.
É muito bom ser aposentado.
Muito bom mesmo.
Melhor ainda continuar trabalhando, nunca no mesmo ramo.
Para quem foi advogado por anos e mais anos de determinada multinacional, se vier para o litoral, compre um barco e vire pescador.
É.
É sim. Muito diferente de tudo.
Ou abrace a carreira de síndico, zelador ou porteiro de um condomínio.
Isto dá uma boa remuneração e prestígio.
O recomendável é sempre ser um aposentado jovial, não um aposentado querendo ser jovem.
Não dá.
Muita cautela com os novos amores que aparecerão no caminho daqueles que estão no celibato, muita cautela.
A encantadora juventude feminina vai chover na horta, ávida por um barranco já estruturado com simpática, polpuda e nunca razoável conta bancária.
Nas cidades serra abaixo a sexualidade aflora mais cedo na meninada, daí a necessária prudência com as jovens mães solteiras, carentes nas filas de banco, hospitais, casa lotérica, festa de igreja ou coisa parecida.
Nunca é demais lembrar que criança é muito querida e linda nos braços de quem as trouxe ao mundo
Recomenda-se, sempre que convidado, descartar a presença em festa de aniversário de crianças, principalmente daquelas tradicionais onde todo mundo canta a novíssima canção parabéns pra você, tiram fotos, acendem as velinhas, o piá sopra enchendo de cuspe o bolo que será servido em fatias aos convidados, e ao aposentado presente.
Também é bom lembrar ao aposentado que está vindo morar por aqui, que a melhor receita para uma velhice jovial é andar sempre bem vestido, caminhar bastante, e para viver mais 50 anos sempre continuar comendo na mesma marmita.
Esta é a fonte da juventude.
Aposentado tomando cerveja no Canto da Praia em Matinhos, é muito diferente do aposentado tomando chimarrão em uma oca na reserva índigena do Xingú.
Verão.
credo!!!!!
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