SC: 60 mil passam a 2ª noite sem eletricidade após vendaval

21 de novembro de 2009 • 03h28

Fabrício Escandiuzzi

Direto de Florianópolis

Cerca de 60 mil pessoas passaram a noite "no escuro" em várias localidades de Santa Catarina devido aos problemas de abastecimento de energia elétrica causados pelo vendaval dessa quinta-feira. Pelo menos 20 mil unidades consumidoras permanecem sem energia elétrica um dia depois de vendaval que deixou uma pessoa morta e muitos estragos pelo litoral. Em Florianópolis, a solução de vários moradores foi passar a noite com velas ou lanternas. Moradores do Campeche, na região sul da cidade, que estão sem energia elétrica desde as 17 horas de quinta, precisaram tomar banho em casa de vizinhos. O temor é que a falta de luz acabe causando o estrago de alimentos e carnes nas geladeiras.

A moradora Édia Marias das Chagas disse estar "desesperada" com a falta de luz e destacou que não consegue contato com as Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc). Ela chegou a tentar ligar para a companhia, mas o tempo de espera para o atendimento era de treze minutos. Os filhos menores estão asustados com o blecaute e não conseguem dormir sem uma lanterna ao lado. "Minha filha de oito anos está apavorada, morre de medo de escuro. Como vou dormir com uma vela acesa? Tenho que ligar a laanterna do lado dela", disse, "Tive que tomar banho na casa de um irmão e estou perdendo carne e comida. Fiz a compra do mês no início da semana".

A rua ao lado de sua residência de Édia não foi afetada. Oito pessoas dividem a casa de cinco cômodos e solução para passar a noite desta sexta-feira foi comer na rua e passar as horas conversando à luz de velas. "O estranho é que ao lado não tem problema nenhum", disse. "Não sei mais o que fazer, desde aquele vendaval horroroso estamos no escuro. As crianças estão morrendo de medo".

A dona de casa Roseli Chagas Silva consegui assistir a novela nas oito após puxar puxar três extensões da casa de um vizinho da rua "de cima" para ligar a televisão. "Fiz um gato sim. A gente liga e os atendentes não passam informações, dizem que não há o que fazer", afirmou. "Não conseguimos ligar a luz, mas pelo menos assisti a novela. É terrível ficar sem banho e ver a comida se perder na geladeira. Vou ter que jogare muita coisa fora".

De acordo com as informações das Centrais Elétricas de Santa Catarina (CELESC) no auge da ventania, no final da tarde desta quinta-feira, cerca de 700 mil pessoas foram afetadas. No total, 235 mil unidades consumidoras ficaram com o fornecimento de energia suspenso.

Em sete localidades a falta de luz atingiu vários bairros, como Florianópolis, Blumenau, Criciúma, Jaraguá do Sul, Lages, Rio do Sul e Tubarão. No total, segundo os relatórios apresentados à Defesa Civil, 22 cidades foram afetadas.

O diretor técnico da Celesc, engenheiro Eduardo Sitônio, revelou que o problema é que as quedas de energia em Santa Catarina foram causadas por danos em redes de baixa tensão. Em casos como o blecaute causado em vários Estados do País na última semana, o defeito ocorreu em apenas uma linha.

"Isso que ocorreu pulverizou completamente a queda de energia. Fez com que uma rua ficasse sem luz e a outra com o abastecimento normal", destaca. "Nossas equipes têm que prestar atendimento num ponto, depois ir para outro. Se fosse numa linha de alta tensão, uma rede de transmissão, o reparo seria feito apenas num local", disse.

Sitônio explica que estão sendo seguidas prioridades para o restabelecimento de luz. Os primeiros pontos atendidos são locais onde existam cabos partidos que possam oferecer risco à população. Em seguida, hospitais, emissoras de televisão, escolas e organismos que prestam serviços essenciais. "Primeiro temos que ter a plena certeza de que não existe risco de vida para ninguém, por isso definimos essas prioridades", afirma. "Não vamos parar enquanto toda a energia não for restabelecida", disse.

Na manhã desta sexta-feira, pontos isolados de alguns bairros da capital, como o Itacorubi, Itaguaçu, centro, Rio Tavares, Lagoa da Conceição e Campeche, enfrentavam a falta de energia elétrica. Em Criciúma, no sul do Estado, um dos pontos mais afetados ainda é o bairro Cristo Redentor, um dos mais afetados pelo vendaval.

As linhas de atendimento ao consumidor da Celesc ficaram congestionadas e, segundo o órgão, foram registradas 35412 telefonemas na quinta-feira, número dez vezes superior à média diária. Cerca de 700 profissionais estão envolvidos nos trabalhos, sendo 110 deles apenas em Florianópolis.

Trânsito em SP pela Rádio SulAmérica





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