RIO DE JANEIRO - É polêmico o cardápio de soluções concebido pelo petista Lindberg Farias, pré-candidato ao governo fluminense, contra a violência que atormenta o Rio de Janeiro. Um dos principais opositores ao governador Sérgio Cabral (PMDB), ele prega negociação e anistia a traficantes e envolvimento das igrejas evangélicas na mediação dos conflitos espalhados pelas favelas da capital. Lindberg inspira-se no exemplo da Colômbia, que em 2007 aprovou uma anistia desenhada para recuperar o controle de armas de fogo mantidas ilegalmente nas mãos de parte da população e dos grupos paramilitares. Ele condiciona a anistia ao desarmamento e a renúncia ao tráfico. “Não adianta fazer cara de bravo e propor só repressão”, diz Lindberg, em entrevista ao iG. “É preciso negociação, sem demagogia”. O atual prefeito de Nova Iguaçu também sugere uma estratégia que, numa eventual campanha, pode custar-lhe a antipatia do carioca da zona sul e da Barra da Tijuca. Acha que o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes concentram esforços em demasia nas duas regiões. Segundo ele, as políticas públicas dos dois “funcionam como um Robin Hood às avessas”. Lindberg propõe o que chama de “bandeira mais equilibrada” – isso inclui a segurança e a prestação de serviços essenciais, como distribuição de água e transporte. “A diferença de policiais da zona sul para a Baixada Fluminense e os subúrbios do Rio é de 15 para um”, ataca. As ações nas favelas também têm de mudar, propõe. “Ninguém chega no Leblon atirando para todos os lados, como fazem nas comunidades pobres”, critica, ao definir o que considera preconceito contra os mais pobres. Segundo ele, não há como discutir contenção de favelas na zona sul sem pensar na população de toda a região metropolitana. Ele é contra a construção de muros às margens das linhas Amarela e Vermelha – onde há favelas e tiroteios costumam interromper o tráfego. A linha retórica de Lindberg atinge ainda a escolha carioca como sede da Olimpíada de 2016 e os planos de infraestrutura para a cidade receber os Jogos. “Não tenho nada contra o metrô que vai ser inaugurado em Ipanema e que depois vai para Leblon, Gávea, São Conrado e Jardim Oceânico. Mas com um terço desses recursos transformaríamos todos os trens da SuperVia que cortam o subúrbio do Rio em metrô de superfície e revitalizaríamos a Zona Norte”. Disputa petista Antes de mexer nesses vespeiros, no entanto, o ex-líder cara-pintada precisa vencer uma penosa batalha interna. Neste domingo, cerca de 30 mil petistas vão às urnas para eleger presidentes dos diretórios nacional, estaduais e municipais, no Programa de Eleição Direta (PED) do partido (com segundo turno marcado para 6 de dezembro). Se no plano nacional o ex-presidente da Petrobras José Eduardo Dutra deve ser aclamado presidente com tranquilidade, os diretórios do Rio e de Minas Gerais transformaram-se em arenas de debates tonitruantes. São casos espinhosos porque, ali, o partido está dividido entre grupos que sugerem dois caminhos opostos: lançar candidatura própria ou ceder espaços a aliados como o PMDB. A eleição também testa a força da pré-candidata do PT à Presidência da República, a ministra Dilma Rousseff. Em Minas, um dos candidatos, Gleber Naime, tem o apoio do ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, favorável a uma composição com o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), líder nas pesquisas de intenção de voto para o governo. A posição é oposta à do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, amigo pessoal de Dilma e defensor de uma candidatura própria do PT em solo mineiro. Pimentel apoia o atual presidente do PT-MG, Reginaldo Lopes. No Rio, o embate rachou o partido entre a turma de Lindberg e aqueles que preferem a manutenção da aliança com o governador. O grupo de Cabral espera o embarque dos petistas (e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva) na campanha pela reeleição do peemedebista. Há mais de um ano fala-se que Lula pediria a Lindberg para desistir da ambição de enfrentar Cabral – algo que, pelo menos até agora, não ocorreu. Segundo nota na imprensa, o presidente teria dito ao governador: “Do Lindberg cuido eu”. Mas o ex-líder estudantil – que ganhou fama na campanha do impeachment do presidente Fernando Collor, no início da década de 90 – afirma que Lula teve muitas oportunidades para dizer isso a ele, mas não o fez. E avisa que não vai desistir de ser candidato. “Não há possibilidade de eu abrir mão da candidatura”. Lindberg Paz e Amor A disputa interna do PT é um dos capítulos de um longo enredo de fissuras entre Lindberg e Cabral, favorito nas pesquisas para ser reeleito. A disputa de 2010 ainda envolverá o ex-governador Anthony Garotinho, do PR. Com isso, Dilma terá três palanques no Rio. No lado da oposição a situação é menos clara. Seu principal nome, o deputado federal Fernando Gabeira (PV), ainda não decidiu se vai ser candidato ao governo ou ao Senado. Há mais de um ano, o petista vem adquirindo contornos de inimigo público do governador. O clima entre os dois tornou-se mais complicado quando Cabral foi vaiado em uma solenidade em Cabo Frio, no início deste ano. O prefeito estava na plateia e foi acusado de comandar as vaias. “Da próxima vez que você trouxer claque, vai dar m...!”, avisou o governador. Mais tarde, em cerimônia no Maracanãzinho, com a presença de ambos, novas vaias. “Desisti de tentar convencê-lo de que nada tive a ver com isso”, afirma hoje Lindberg. “Não consegui convencer nem a minha irmã”, conta aos risos. Nos últimos três meses, a rixa atingiu a internet. Recém-chegado ao Twitter, o prefeito transformou-o em arma contra a administração estadual. Agora, decidiu evitar a condição de algoz cibernético do governador. Lindberg não admite em público, mas ouviu de um emissário do Palácio do Planalto o pedido para conter-se nas críticas a Cabral. Também contabiliza uma avaliação, capturada em pesquisas qualitativas, de que há uma tendência do eleitorado fluminense para a continuidade. Uma estratégia de ataque ao governador se mostraria, pelo menos por ora, pouco eficaz. Lindberg até tenta dar um freio à estratégia de guerrilha, mas não resiste a poucos minutos de conversa. “Podem anunciar aí: Lindberg agora é paz e amor”, gargalha exultante, para logo em seguida voltar a atacar a administração de Cabral.
Lindberg em foto de arquivo com o presidente Lula
Trânsito em SP pela Rádio SulAmérica
Lula acumula: -Aposentadoria por invalidez,aposentadoria de Aposentadoria por invalidez, Pensão Vitalícia de "perseguido político" isenta de IR, salário de presidente de honra do PT, salário de Presidente da República. Você sabia???
sábado, 21 de novembro de 2009
Lindberg defende anistia a traficantes nas favelas no Rio
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