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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

'Os aposentados em sua última jornada'


Publicada em 26/11/2009 às 17h28m

Artigo do leitor Carlos Fernando Priess

Sempre se falou, no interior, que "cavalo velho se coloca em pasto sem capim", pois, já vencido pelo cansaço, pela exaustão, melhor para o mau e insano criador que o velho cavalo, já cheio de escoriações, morresse mais depressa. Assim são os aposentados deste país. Elegeram o presidente Lula na esperança de melhorarem as suas aposentadorias, mas lá se vão quase dois mandatos e o líder dos trabalhadores esqueceu da classe mais sofrida.

Os contratempos da vida lhes impingiram, no decurso de seus anos de trabalho, muito sofrimento. Hoje, até o caminhar para enfrentar as filas dos bancos e da Previdência lhes causa muita sofreguidão. Tal qual o cavalo magro que não encontra abundância de um pasto verde, os aposentados, hoje, têm uma nova jornada: esperar que o governo pague uma aposentadoria decente, nos termos daquilo que contribuíram, duramente, durante trinta ou mais anos.

Como hoje, para os poderosos, não têm mais utilidade, melhor que morram os velhos mais cedo. Nosso desgastado Congresso, na maioria de seus membros, faz aquilo que o poder central quer e não impõe justiça para os aposentados.

Quanto aos cavalos velhos, atualmente, até quase não se vê mais o mau trato, pois as associações protetoras dos animais estão atentas, mas o aposentado está completamente abandonado. E a defasagem das aposentadorias acima de um salário mínimo obriga a todos irem à luta, tirando, inclusive, o lugar para os mais jovens.

Esquecem esses "líderes" que levamos ao poder que os aposentados já cumpriram a sua missão com esforços excessivos, e milhares deles de forma cruel, enquanto eles estão garantidos com ricos proventos mantidos pelo povo. Com a alegação de defenderem os cofres da Previdência, tão espoliados pela corrupção, covardemente o Poder Executivo impõe as suas regras desumanas.

Querem os aposentados, em verdade, é sossego com "um pastinho verde" onde possam, com a melhoria nos seus rendimentos, terminar a sua jornada mais tranquilamente, se alimentando melhor e racionalmente, pois, devido à situação precária, até seus dentes perderam ao longo de sua caminhada.

Com a eleição do atual presidente, milhões de aposentados deram graças a Deus, pois acharam algo de oportuno e sublime havia acontecido, já que alguém que parecia ser dotado de sensibilidade e coragem iria restabelecer os direitos daqueles que trabalharam e contribuíram para ter uma velhice com conforto. Lêdo engano, pois Lula não ouve os aposentados.

Ao longo dos últimos 11 anos, desde, portanto, que Fernando Henrique chegou à Presidência da República, os valores do salário mínimo têm sido corrigidos em percentuais acima da reposição aplicada aos pensionistas e aposentados da Previdência Social que percebam acima do piso básico. A situação é a seguinte: o INSS tem 25 milhões de aposentados e pensionistas. Deste total - vejam só - 75% ganham salário mínimo. Consequentemente, 25% ganham mais do que este valor. E tudo continua no mesmo. Aqueles que contribuíram com cinco, dez salários mínimos, daqui a pouco estarão ganhando apenas o mínimo.

Os cofres públicos têm dinheiro até para financiar obras no exterior, como na Argentina, Chile, Equador, Paraguai, Uruguai, Bolívia, Peru, Venezuela, Namíbia, Angola, Moçambique e outros países que tiveram obras públicas financiadas pelo Brasil. Além do BNDES, o Banco do Brasil também opera mecanismo parecido, através do PROEX (para financiamento de exportações), com semelhança idêntica à do BNDES. A triangulação implica diversas impropriedades: tratam-se de empréstimos disfarçados a países estrangeiros.

O dinheiro público brasileiro está sendo usado para financiar obras no estrangeiro sem nenhum processo concorrencial que permita a participação de outras empresas brasileiras eventualmente interessadas e até emprestar para o FMI já aconteceu. Isto prova que o país cresceu, o que é importante, mas para o aposentado, tolhido em seus direitos, só se fala em déficit da Previdência.

Este artigo foi escrito por um leitor do Globo. Quer participar também e enviar o seu?Clique aqui







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