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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Motos para salvamento estão paradas na garagem


Chamadas de motolâncias, para fazer o primeiro atendimento às vítimas de acidentes de trânsito, 400 motocicletas foram compradas, a R$ 6 milhões. Mas a maioria ainda está parada, desde 2008.


Um investimento milionário do Governo Federal pra salvar vidas no trânsito violento das nossas cidades ainda não espalhou benefícios pelo país. E isso dois anos depois de ser criado, como mostra a reportagem de Alan Severiano.

Sirene ligada. Agilidade para driblar o trânsito. O socorro chega mais rápido sobre duas rodas. É a motolância!

O piloto é um auxiliar de enfermagem que presta o primeiro atendimento à vitima. E ganha um tempo precioso enquanto a ambulância não chega. “Ela vai ser acionada nos casos de risco de vida iminente, buscando minimizar as sequelas”, explicou o auxiliar de enfermagem, Daniel Ramos.

O Ministério da Saúde gastou R$ 6 milhões para comprar 400 motolâncias para o Samu, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Elas deveriam estar rodando em 145 municípios do país. Mas, até agora, a maioria não ajudou a socorrer ninguém.

A licitação para a compra das motos foi publicada em dezembro de 2007. O contrato com o fabricante, assinado em agosto de 2008. Em dezembro do ano passado, elas foram entregues e guardadas num depósito no interior de São Paulo. No mesmo mês, Brasília recebeu as primeiras motos.

Hoje, quase dois anos depois, segundo o Ministério, só há motolâncias circulando em Brasília, Natal, Salvador e São Paulo.

A maior cidade do país, que tem o trânsito mais complicado, recebeu 80 motos. Mas apenas seis estão nas ruas.

O primeiro problema: não havia gente suficiente para prestar o serviço, diz a prefeitura de São Paulo. Apesar de a equipe ter sido contratada, ainda vai demorar pra entrar em ação.

“Até junho do ano que vem, o sistema vai estar totalmente implantado. Tudo isso faz parte de um processo. Não é simplesmente estalar o dedo e ter todo o serviço já funcionando, caindo do céu”, disse o diretor Samu SP, Luiz Carlos Wilke.

Outra dificuldade é a falta de capacitação. Para pilotar as motolâncias, todos os profissionais de saúde precisam fazer um curso de direção defensiva, onde aprendem como guiar as motos com segurança. Mas até agora só uma minoria participou do treinamento.

“A responsabilidade pelo treinamento, pela condução e gerenciamento das motos é do Samu local, das prefeituras municipais que gerenciam o Samu”, da Secretaria de Atenção à Saúde, do Ministério da Saúde, Alberto Beltrame.

O programa para implantação das motolâncias diz que o curso será ministrado pela Polícia Rodoviária Federal. E as cidades que não se encaixarem no cronograma podem buscar outras soluções.

A maioria das prefeituras esperou pela Polícia Rodoviária. A parceria só foi firmada em maio.


“Foram 2 meses preparando essas disciplinas, preparando o curso que seria oferecido. O cronograma foi finalmente definido no mês de outubro”, disse o Inspetor Castilho, da Polícia Rodoviária Federal.

Enquanto as motos ficam na garagem, milhares de pessoas deixam de receber um socorro mais ágil. Aldemir, que faz treinamento para dirigir a moto, sabe a importância do serviço. “De repente, um minuto eu posso fazer a diferença, estar ajudando meus colegas, facilitando o trabalho dos meus colegas e estar salvando uma outra vida. Isso é importante”, acredita Ademir Moreira de Matos, técnico de enfermagem.


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