18/10/2011 |
Dyelle Menezes e Lucas Marchesini Do Contas Abertas |
A
série de denúncias sobre irregularidades que ronda a Esplanada desde o
começo do ano tem novo alvo. A bola da vez é o ministro do Esporte,
Orlando Silva, acusado de desviar verba do programa Segundo Tempo. O
Contas Abertas fez levantamento sobre o repasse de recursos do programa e
descobriu que diversas organizações ligadas ao Partido Comunista do
Brasil, agremiação política do ministro, recebem dinheiro da rubrica.
É o caso, por exemplo, do
Instituto de Cultura Ambiental (ICA), que recebeu R$ 5,5 milhões do
Ministério do Esporte entre 2006 e 2011 através do programa Segundo
Tempo. O primeiro-tesoureiro da entidade é Pedro Paulo Ribeiro, filiado
ao PC do B desde 15 de dezembro de 1995.
Atualmente, a organização
tem um convênio para a manutenção e renovação dos núcleos de esporte
educacional com o ministério de Orlando Silva. A previsão é que o
contrato termine no dia 3 de dezembro de 2011. A soma total repassada
pelo governo federal será de R$ 3,3 milhões. Metade do valor já foi
desembolsado para a conta do ICA, por isso, não há ainda informações
sobre as empresas contratadas pela instituição.
No quadro do convênio do
ICA, o Instituto Master de Assistência e Treinamento para o
Desenvolvimento Social (Imas) foi declarado apto a acompanhar a execução
do convênio em todas as fases. O Imas é presidido por Julio Cesar da
Silva Brandão, também filiado ao PC do B do Rio de Janeiro. O Contas
Abertas tentou entrar em contato com o ICA e com Pedro Paulo, mas não
conseguiu até o fechamento desta edição.
O Instituto Contato é
outro exemplo de instituição relacionada com o PC do B que recebe
recursos pelo Segundo Tempo. Entre 2007 e 2011, a instituição já recebeu
mais de R$ 20 milhões do programa. A Ong catarinense tem como
presidente Rui de Oliveira, comunista desde primeiro de outubro de 1990.
Além dele, a administradora da instituição, Simone Fraga entrou no
partido exatos quatro anos depois. A relação entre a entidade e o PC do B
já tinha sido levantada pela mídia, apesar disso, em 2011, o instituto é
o quarto maior beneficiário dentro do programa Segundo Tempo, com R$
3,1 milhões.
O Segundo Tempo,
considerado carro-chefe do Ministério do Esporte, já havia sofrido
denúncias de desvio de verbas. Contudo, as acusações ganharam força
depois que o policial militar João Dias Ferreira, ex-militante do PC do
B, reiterou no domingo (16) a denúncia feita à revista Veja, além de ter
proferido outros ataques ao ministro.
Ontem (17), em entrevista
coletiva, Orlando Silva se defendeu novamente das acusações divulgadas
no final de semana. "Repudio veementemente as falsidade publicadas no
fim de semana... mentiras de bandidos, que ganharam tanta repercussão",
disse o ministro. "Vou restabelecer minha honra. Uma empresa de
comunicação publica isso, sem provas. Não houve e não haverá provas.
Protocolei pedido de investigação. A segunda medida, eu propus que o
Ministério Público Federal apure cada uma das denuncias publicadas. A
terceira medida: quero apresentar minhas razões para contestar o que foi
publicado pela revista".
No blog pessoal, Ferreira
chamou Orlando de “bandido” e afirmou que apresentará provas do esquema
concretas da corrupção no programa. O militar comanda a Associação João
Dias de Kung Fu e é presidente da Federação Brasiliense da modalidade.
Juntas, as entidades receberam R$ 2,7 milhões em convênios com o
Ministério do Esporte entre 2005 e 2011. Segundo Dias, o esquema existe
desde a gestão de Agnelo Queiroz, atual governador do Distrito Federal,
quando Orlando era secretário-executivo.
Neste sentido, vale
ressaltar que as entidades ligadas a João Dias, investigadas na operação
Shaolin que levou à prisão do policial, autor das denúncias, são
cobradas a devolver aos cofres públicos R$ 4 milhões. De acordo com a
investigação, não há comprovação do uso do dinheiro. Notas fiscais foram
falsificadas para justificar os gastos.
O policial militar
afirmou ainda que, em março de 2008, o ministro do Esporte propôs um
acordo para que não levasse a órgãos de controle e à imprensa denúncia
sobre irregularidades no Programa Segundo Tempo. Ferreira protestou, na
reunião que afirma ter tido, sobre a ação do ministério que apontou
irregularidades em dois convênios. Orlando Silva nega que algum encontro
com Ferreira tenha ocorrido em 2008. O ministro disse que só se
encontrou com ele em 2004 e 2005.
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terça-feira, 18 de outubro de 2011
Ministério do Esporte possui contrato com outras Ong’s vinculadas ao PC do B
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