Léo Arcoverde
do Agora
Seis crianças que participaram, ontem, da reconstituição da morte do garoto Miguel Cestari Ricci dos Santos, nove anos, contradisseram a versão do menino da mesma idade suspeito de ter atirado e causado a morte da vítima. O crime ocorreu em 29 de setembro do ano passado em uma sala de aula na Escola Adventista do Embu (Grande SP).
Segundo a Polícia Civil, cinco meninos relataram na reconstituição ter visto Miguel e o suspeito entrarem juntos na sala. O local estava vazio porque a aula tinha acabado havia poucos minutos. Uma menina contou ainda ter presenciado a saída do acusado da sala com uma bolsa nas costas pouco após as testemunhas ouvirem o tiro ser disparado.
O relato das seis crianças vai de encontro à versão contada pelo suspeito desde o início da investigação. Ontem à tarde, no entanto, o garoto negou ter entrado na sala com Miguel. Disse que estava brincando com outros meninos no pátio da escola. Negou ainda ter levado uma arma para o colégio. Um policial que trabalha no caso classificou a história como "fantasiosa". A Polícia Civil deve relatar à Justiça o inquérito, em um mês, no qual apontará o suspeito como autor do disparo.
SP: Em reconstituição, criança nega ter feito disparo contra colega
Publicada em 05/04/2011 às 21h03m
João Sorima Neto, O Globo, SPTVSÃO PAULO - Durou cinco horas a reconstituição da morte do menino Miguel Cestari Ricci dos Santos, de 9 anos, na sala de aula da Escola Adventista de Embu, na Grande São Paulo, realizada nesta terça-feira. Segundo o advogado da família de Miguel, Ademar Gomes, a criança que teria levado o revólver à escola manteve a versão sustentada até agora de que não disparou contra o colega e não tinha arma. O pai do menino também reafirmou que não tinha arma em casa e disse que nunca viu um revólver. Os pais do menino podem ser responsabilizados pelo crime e perder a guarda do filho. O caso corre em segredo de Justiça.
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O crime ocorreu em setembro passado. Nesta terça, a escola suspendeu as aulas e oito crianças participaram da reconstituição, além de quatro adultos e dois monitores. Do lado de fora, parentes de Miguel, com cartazes, cobraram justiça pela morte do menino. A avó de Miguel passou mal durante a reconstituição.
As crianças disseram que apenas Miguel e o outro menino estavam na sala e ninguém presenciou como a vítima foi baleada.
- Só as duas crianças estavam na sala, portanto não houve testemunha ocular. O menino acusado negou ter feito o disparo. O pai dele negou que tinha arma em casa. Nós mantemos a hipótese de que a criança levou a arma para a escola, foi mostrar ao colega e houve um disparo acidental - diz o advogado da família de Miguel.
Para Ademar Gomes, a versão do pai não foi convincente.
- Ele disse que nunca tinha visto uma arma - afirmou o advogado.
A arma - um revólver calibre 38 - desapareceu.
Para o advogado Ademar Gomes, o inquérito agora está concluído. O delegado deve relatar suas conclusões e o crime deve ser caracterizado como culposo, sem intenção de matar. A pena para este tipo de crime, segundo o advogado, pode ser convertida em prestação de serviços à comunidade.
- O que a Justiça deverá analisar também é a perda do pátrio poder. Os psicólogos já conversaram com a criança acusada e os pai dela. Pelo que sei, é que os pais eram ausentes, mas é o juiz quem deve decidir se eles vão perder a guarda do filho - explica o advogado.
O advogado disse que pretende mover uma ação por danos morais e materiais contra o Colégio Adventista.
- Houve negligência por parte do colégio em deixar uma criança entrar com arma - diz o advogado.
Segundo a família de Miguel, a escola não colaborou com as investigações. Quando a PM foi chamada, a informação era de que fogos de artifício teriam explodido dentro da escola. Ao chegar ao local, os policiais foram informados que um menino havia sido ferido no abdômen.
Miguel foi socorrido pelo diretor da escola e levado ao Hospital Family, em Taboão da Serra, distante 25 quilômetros do colégio. O diretor clínico do hospital, Marcos David, contou na época que o menino deu entrada no hospital apenas às 11h45m, com um buraco no flanco esquerdo causado por arma de fogo. O menino sangrava muito e estava em estado de choque. Foi levado diretamente para o centro cirúrgico, mas não resistiu.
A mãe de Miguel, Roberta Cestari, afirmou que o filho lhe disse, um dia antes, que um amiguinho da escola queria lhe mostrar uma bala e uma arma. Ele morreu no dia 29 de setembro passado. Foi socorrido por funcionários da própria escola e não resistiu aos ferimentos. O menino teria sido achado caído na sala, sozinho, com um ferimento na barriga. O tiro foi disparado de cima para baixo.
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