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MATHEUS MAGENTA
DE SALVADOR
O ex-ministro José Dirceu afirmou nesta terça-feira (5) em Salvador que os trabalhadores que protestaram por melhores condições de trabalho em obras como a usina hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, estavam em "campos de concentração de luxo".
A declaração foi feita durante palestra promovida a juventude do PT baiano num auditório na Universidade Federal da Bahia. O evento reuniu cerca de 200 pessoas. Em entrevista à Folha após a palestra, Dirceu afirmou que a expressão foi um "excesso de linguagem".
"Os trabalhadores se sentiam muito isolados, sem acesso à família e, apesar do conforto, muitos se sentiam como se fossem prisioneiros. É uma nova realidade que as empresas e o governo têm que enfrentar", disse. Para ele, a alimentação e o alojamento são "razoáveis", mas há problemas com os capatazes, que chefiam os grupos de trabalhadores
Os conflitos em Jirau começaram no último dia 15, depois que uma briga entre funcionários da usina provocou incêndios e destruição no canteiro de obras da hidrelétrica. O local abriga 20 mil funcionários e é a maior obra em construção atualmente no país. Os trabalhadores relataram que sofriam "violência física" por parte de outros funcionários.
Em entrevista à Folha em março, Victor Paranhos, presidente do consórcio Energia Sustentável, responsável por Jirau, disse que muitas das queixas dos trabalhadores da usina foram descritas de "forma distorcida".
MENSALÃO
Questionado pela reportagem sobre o inquérito da Polícia Federal, que confirmou o esquema de corrupção do mensalão, Dirceu afirmou que não poderia comentá-lo porque é réu no processo. O documento foi entregue ao procurador-geral, Roberto Gurgel, no último dia 23.
Segundo a PF, agências e outros negócios do publicitário Marcos Valério desviavam verba pública por meio de contratos superfaturados ou fictícios. Ainda de acordo com a investigação, o dinheiro tinha como destino contas de políticos de cinco partidos, numa divisão organizada pela cúpula do PT. O dinheiro servia para financiamento de campanhas eleitorais e uso pessoal dos políticos.
Durante a palestra, o ex-ministro afirmou ainda que é contra o fim da reeleição e o mandato de cinco anos. "Agora que a gente pode se reeleger, o PT não quer mais, vai entregar o ouro ao bandido".
Dirceu disse ainda que a política externa do governo Dilma Rousseff será diferente da política do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva porque "o mundo mudou".
"Nós precisamos ter relações comerciais e diplomáticas com o Irã, mas não temos nada a ver com a legislação do país". Para ele, o país não pode defender a criação de uma comissão da verdade, para apurar responsabilidades por torturas praticadas por agentes do Estado durante o regime militar, sem criticar também problemas de direitos humanos em outros países.
Ex-governadores do Paraná contestam fim da aposentadoria
JEAN-PHILIP STRUCK
DE SÃO PAULO
Quatro ex-governadores do Paraná que tiveram suas aposentadorias canceladas em março entraram com pedidos para voltar a receber o benefício do Estado.
Os ex-governadores Jaime Lerner, Mário Pereira, Orlando Pessuti (PMDB) e Roberto Requião (PMDB) -- que atualmente é senador-- recebiam R$ 24 mil mensais.
Os pagamentos acabaram sendo cancelados pelo atual governador, Beto Richa (PSDB), após um parecer da Procuradoria-Geral do Estado ter avaliado que os pagamentos eram irregulares.
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Segundo a Secretaria da Administração e Previdência do Paraná, os pedidos de contestação serão analisados. Porém, a decisão final cabe a Richa. Os ex-governadores também podem recorrer na Justiça.
Anteontem, no dia de pagamento do funcionalismo do Estado, os quatro ex-governadores ainda receberam a parcela da aposentadoria de março.
Segundo a secretaria, o pagamento foi feito porque o prazo para os ex-governadores apresentarem recurso não havia terminado.
O parecer que havia recomendado ao governo do Estado que cancelasse as aposentadorias afirmava que as pensões contrariavam a Constituição Federal de 1988, que não estabelece benefício semelhante a ex-presidentes da República.
Ficaram mantidos, porém, os pagamentos a cinco ex-governadores e quatro viúvas que haviam obtido o benefício antes de 1988, o que inclui Arlete Richa, mãe de Beto Richa.
Em fevereiro, o governo do Paraná já havia cancelado o pagamento ao ex-governador e atual senador Álvaro Dias (PSDB), que exerceu o cargo entre 1987 e 1991.
"DIFERENCIADO"
Orlando Pessuti afirmou que, caso esgotados os recursos administrativos, pretende ir à Justiça para recuperar o benefício.
"É um direito assegurado na Constituição do Estado. O novo governador assumiu jurando que iria defender a Constituição. Como é que ele tira algo que está assegurado nela? Acho que alguém que serviu o Paraná por quase toda a carreira merece, sim, um tratamento diferenciado."
A assessoria de Jaime Lerner afirmou que não poderia comentar o pedido. Mário Pereira e o senador Requião não foram localizados.
Há duas semanas, o senador disse que, se a pensão é imoral, o governador deveria cancelar também o pagamento a Arlete Richa.
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