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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

#insensatocoracao Campus Party fica sem luz e sem internet


Publicada em 18/01/2011 às 20h52m

Wagner Gomes

SÃO PAULO. Um dos maiores eventos de tecnologia do mundo, a Campus Party ficou duas vezes sem conexão de internet ontem, o primeiro dia de atividades do encontro. Um acidente na rede de energia deixou o Centro de Exposições Imigrantes, onde se realiza a feira, sem luz por duas horas durante a madrugada. No final da tarde, a energia voltou a faltar por causa da forte chuva na cidade por mais uma hora. Houve protestos dos campuseiros e muita reclamação sobre falta de estrutura.

Mário Teza, diretor-geral da Futura Networks, empresa responsável pela organização do evento, considerou os episódios "uma catástrofe" e garantiu que novos geradores seriam providenciados para evitar a falta de energia. A conexão só foi restabelecida por volta das 19h, depois que os campuseiros protestaram com uma procissão pela feira conduzindo em um a espécie de andor uma imagem que batizaram de "Santo da Banda Larga".

Enquanto houve energia, a área de robótica foi uma das mais disputadas na Campus Party. Houve grande disputa por lugares nas oficinas de montagem de robôs e na organização de grupos que participarão de uma competição no sábado. Não há pré-requisito para se inscrever, mas é necessário que a pessoa tenha algum conhecimento em mecânica, eletrônica e programação, se quiser ter chance de vitória diante de alguns especialistas no assunto.

- A ideia é montar um pequeno robô, baseado no hardware Arduino. O robô terá que ser inteligente e andar em linha sobre um tabuleiro. A criatividade e o design serão levados em consideração na hora da premiação - diz o professor de robótica, Sérgio Costa, um dos coordenadores da área.

Costa é o criador de dois robôs, o Endeavour e o Nexus, que estão circulando pela feira. Eles são feitos de plásticos, fibra de vidro, acrílico e metais. Os dois já foram apresentados nas últimas edições da Campus Party, mas são novamente uma das grandes atrações da feira. Clean Rodrigo Costa, de 15 anos, um dos participantes da oficina de robótica, levou para feira um carro com peças recicláveis. O veículo, de pouco mais de dois metros, foi montado por Rodrigo Costa, juntamente com os amigos de escola, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul.

- O carro, movido a bateria, tem no lugar do volante um notebook que manda os comandos para o motor. Minha intenção não é participar de uma competição. Quero apenas mostrar um pouco do que fiz com os meus colegas - disse Rodrigo Costa.

Omar Majzoub, de 23 anos, está na área reservada aos computadores customizados, conhecidos como casemods. Depois de ganhar um prêmio na última edição da Campus Party com um PC com um símbolo do seriado Lost, Majzoub levou para a feira esse ano um computador modificado com o tema de "Chucky", o assustador boneco assassino. O computador tem um resfriador de água adaptado, além de duas placas de vídeo GTX 460 SLI, um processador i7 920, 6 GB de memória RAM e um HD de 5 TB.

- O computador levou seis meses para ser criado. Espero ganhar novamente o prêmio - diz ele.


Publicado em 2 de agosto

José Carlos Arouca, primeiro no ranking dos anistiados

Bruno Abbud

O ranking dos 10 mais da lista dos anistiados políticos soma R$ 25.439.875,94 em indenizações. A quantia é suficiente para instalar 26 mil computadores em escolas públicas, equipar 31 hospitais com aparelhos de tomografia e distribuir exemplares do livro ‘Técnicas de interrogatório sem violência’ entre 392 mil militares. As cifras aparecem na folha de pagamento do Ministério do Planejamento. A identificação dos beneficiários exige uma demorada busca na coleção do Diário Oficial da União.

Todas as indenizações foram aprovadas pela Comissão de Anistia, mas nenhum integrante do ranking recebeu integralmente o dinheiro pago em parcelas. Enquanto esperam, recebem pontualmente as pensões mensais fixadas na mesma decisão que calculou o valor da indenização. O n° 1 da lista, José Carlos Arouca, não sabe quando poderá dispor dos R$ 2,9 milhões que lhe valeram a condição de recordista. Mas os R$ 15,6 mil da pensão mensal têm sido regularmente depositados em sua conta bancária.

Aos 75 anos, instalado na banca de advogado perto do centro paulistano, Arouca foi aprovado em 1° lugar num concurso para juiz do Trabalho em 1965. Ele se inscrevera para garantir a sobrevivência financeira ameaçada pela suspensão, decorrente de pressões do governo militar, da assistência jurídica que prestava a vários sindicatos. Não só foi impedido de assumir o cargo de juiz como se viu processado com base na Lei de Segurança Nacional e passou algumas semanas na prisão.

“Eu era filiado ao Partidão”, conta em tom orgulhoso, chamando pelo apelido carinhoso o velho Partido Comunista Brasileiro. “Tinha uma militância política muito intensa junto aos sindicatos”. Em 1999, 20 anos depois da anistia, o resultado do concurso foi formalmente reconhecido e Arouca se tornou juiz do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo. Aposentou-se em 2005 e, no mesmo ano, foi contemplado com a indenização milionária.

A voz parece menos afirmativa quando a conversa trata do dinheiro. “Eu tenho uma porção de opiniões, mas algumas não estão valendo nada no momento”, esquiva-se o ex-juiz, que se nega a confirmar o tamanho da pensão mensal. “Acho que o meu caso está de acordo, está na lei”, diz. “Eles não podiam dar nem mais nem menos”.

Terceiro do ranking, Paulo Cannabrava Filho conseguiu R$ 2,7 milhões, além da pensão de 15.754,80 por mês. Presidente da Associação Brasileira da Propriedade Intelectual dos Jornalistas Profissionais, Cannabrava recebe o equivalente ao salário médio de um editor. Procurado por VEJA.com, exigiu que a pergunta fosse feita por e-mail. Atendida a exigência, respondeu com admirável concisão: “A VEJA digo: nada a declarar. Assunto encerrado”. Os beneficiários das boladas gostariam que o assunto fosse sepultado para sempre. Os brasileiros que pagam a conta discordam.

O quarto da lista, Renato Leone Mohor, também premiado com R$ 2,7 milhões, teve a reparação equiparada ao salário médio de um chefe de redação: R$ 15,3 mil. Encerrou o telefonema ao saber que conversava com um repórter de VEJA.com. “Este número é confidencial e não vou te atender, amigo”.

Décimo do ranking, o jornalista e ex-deputado federal Hermano de Deus Nobre Alves não viveu para receber integralmente a indenização de R$ 2,1 milhões. Em julho, aos 86 anos, morreu em Lisboa, onde morava desde 1991. Segundo as regras da anistia, o direito à reparação não é transferível para algum herdeiro.

Entre os relatores, o campeão da generosidade com dinheiro alheio é o advogado Márcio Gontijo. Seis dos 10 nomes entraram no ranking graças ao parecer favorável do conselheiro perdulário. “Eu sou o conselheiro mais antigo da Comissão, muitos processos já passaram pelas minhas mãos”, desconversa Gontijo. E quais foram os critérios que ampararam a gastança? “Eu me baseio na lei”, acredita. Ninguém sabe exatamente a que lei se refere.

1) José Carlos da Silva Arouca
Indenização: R$ 2.978.185,15

Pensão mensal: R$ 15.652,69.
Relator: Márcio Gontijo

2) Antonieta Vieira dos Santos
Indenização: R$ 2.958.589,08

Pensão mensal: R$ 15.135,65.
Relator: Sueli Aparecida Bellato

3) Paulo Cannabrava Filho
Indenização: R$ 2.770.219,00

Pensão mensal: R$ 15.754,80.
Relator: Márcio Gontijo

4) Renato Leone Mohor
Indenização: R$ 2.713.540,08

Pensão mensal: R$ 15.361,11.
Relator: Hegler José Horta Barbosa

5) Osvaldo Alves
Indenização: R$ 2.672.050,48.

Pensão mensal: R$ 18.095,15.
Relator: Márcio Gontijo

6) José Caetano Lavorato Alves
Indenização: R$ 2.541.693,65

Pensão mensal: R$ 18.976,31.
Relator: Márcio Gontijo

7) Márcio Kleber Del Rio Chagas do Nascimento
Indenização: R$ 2.238.726,71

Pensão mensal: R$ 19.115,17.
Relator: Márcio Gontijo

8 ) José Augusto de Godoy
Indenização: R$ 2.227.120,46

Pensão mensal: R$ 12.454,77.
Relator: Sueli Aparecida Bellato

9) Fernando Pereira Christino
Indenização: R$ 2.178.956,71

Pensão mensal: R$ 19.115,19.
Relator: Márcio Gontijo

10) Hermano de Deus Nobre Alves
Indenização: R$ 2.160.794,62

Pensão mensal: R$ 14.777,50.
Relator: Vanda Davi Fernandes de Oliveira

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