Quem é este homem, e o que faz aí este pedaço de um e-mail? Você vai saber logo, leitor.
Será que a demissão de Erenice Guerra da Casa Civil pôs um ponto final no esquema de corrupção que se instalou no coração do governo? Quem acompanha casos assim sabe que, nessa área, não existe lugar para francos-atiradores e para, digamos assim, a livre iniciativa. Os protagonistas de escândalos costumam ser peças de uma engrenagem. Reportagem da VEJA desta semana intitulada “Os segredos do lobista”, de Diego Escosteguy e Rodrigo Rangel evidencia que o governo Lula — e um eventual governo Dilma — festeja seus feitos sobre um barril de pólvora. O estopim é o ressentimento daqueles que foram ficando pelo meio do caminho. Uma das histórias cabeludas dá conta de um pedido de R$ 5 milhões de propina para resolver pendências da campanha da petista à Presidência.
VEJA gravou duas conversas com Marco Antonio de Oliveira (foto), ex-diretor dos Correios. Ele é tio de Vinicius Castro, sócio de Israel Guerra (filho de Erenice). É aquele rapaz que, ao encontrar uma montanha de R$ 200 mil em sua gaveta, exclamou: “Caraca! Que dinheiro é esse?” É Marco Antonio quem assegura: “A Casa Civil virou uma roubalheira”. Só para não esquecer: ele está se referindo ao ministério de que a titular era Dilma — só depois Erenice assumiu o bastão. Íntimo do poder ele é. Foi diretor da Infraero no primeiro mandato de Lula e é chapa de Paulo Bernardo, ministro do Planejamento. Marco Antonio foi personagem ativa em todas as lambanças até agora conhecidas envolvendo o clã de Erenice. Como informa a reportagem, seu papel era fazer a “prospecção de clientes”. Ele diz que a roubalheira na Casa Civil destruiu a sua família e, como na música de Chico, “é um pote até aqui de mágoa”.
Muito bem. Agora é preciso ligar o segundo parágrafo ao primeiro. Lembram-se de Rubnei Quícoli, o empresário que denunciou que Israel e sua turma haviam pedido 5% de taxa de sucesso para intermediar um empréstimo do BNDES? Pois é. Segue trecho da reportagem de VEJA. Volto em seguida.
“Na semana passada, em entrevista à VEJA, Quícoli voltou a acusar Erenice, seu filho Israel e Marco Antonio de exigirem 5 milhões de reais para a campanha presidencial de Dilma Rousseff e de Hélio Costa, candidato do PMDB ao governo de Minas Gerais. Na semana passa¬da, VEJA investigou as circunstâncias dessas tratativas - e descobriu que elas não se restringiram a um simples, isolado e despretensioso pedido de doação para campanha.
Em entrevistas gravadas com os principais personagens desse episódio, a reportagem confirmou que houve reuniões sigilosas entre as partes envolvidas, viagens internacionais para tratar dos acertos e até mesmo trocas de e-mails com detalhes financeiros da negociata. Ou seja: foram cumpridas todas as etapas comuns a esse tipo de negociata. O caso começou em outubro do ano passado, quando o lobista Rubnei Quícoli se aproximou da turma de Erenice Guerra, em busca do “apoio político” para assegurar a liberação de um empréstimo no BNDES. Marco Antônio confirmou a aproximação. Após as primeiras conversas, conta Quícoli, surgiu a fatura. As duas famílias exigiam o pagamento de 40000 mensais, uma taxa de sucesso e, de quebra, o tal bônus antecipado de 5 milhões de reais: “O Marco Antônio disse que tinha de entregar o dinheiro na mão da Erenice, pois ela precisava pagar umas contas da Dilma e também pretendia ajudar o Hélio Costa”. Quícoli afirma que Marco Antônio não especificou que tipo de “contas” Dilma precisaria quitar.”
Voltei
Leia a reportagem com os detalhes escabrosos da operação. O governo ataca a imprensa e tenta desqualificar a denúncia por causa da ficha criminal de Quícoli. Caberia perguntar — como já fez o próprio, diga-se — por que alguém com a sua ficha foi recebido com pompa na Casa Civil. Mas isso é o de menos. Ele incomoda porque, até agora, conseguiu apresentar evidências de todas as acusações que faz. Desta feita, ele exibe um e-mail (aquele lá do alto) em que lhe foi passada uma conta no exterior, em Hong Kong, onde deveriam ser depositados os R$ 5 milhões. O titular dessa conta é Roberto Ribeiro, genro de Marco Antônio, que chegou a vir ao Brasil só para tratar do assunto. Leia os detalhes na revista.
Caso Dilma seja eleita, terá de lidar com uma herança maldita: a herança de Dilma!
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