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Guindado à função de Secretário de Finanças do PT federal, João Vaccari Netto deixou a presidência da Bancoop. Mas reteve um contracheque de Itaipu.
O novo gestor das arcas do PT ocupa, desde 2003, uma cadeira no conselho administrativo da hidrelétrica.
Em texto veiculado no seu portal na web, Itaipu Binacional informa que o conselho “reúne-se a cada dois meses ou em convocação extraordinária”. Para quê?
“Definir as diretrizes fundamentais da administração da empresa e seu regimento interno; aprovar o orçamento para cada exercício; e examinar o relatório anual”.
O trabalho dos conselheiros não chega a ser extenuante. Mas rende remuneração mensal não negligenciável: pouco mais de R$ 13 mil.
Vaccari recebeu a sinecura do amigo Lula. Foi uma espécie de prêmio de consolação. Vale recordar o que se passou.
No alvorecer do primeiro mandato de Lula, Vaccari era presideente do Sindicato dos Bancários de São Paulo e secretário de Finanças da CUT, braço sindical do PT.
Na fase de composição do governo, o petismo cogitou acomodá-lo num posto vistoso, a presidência da Caixa Econômica Federal.
Vaccari foi barrado por dois obstáculos: uma barricada de Antonio Palocci, então ministro da Fazenda, e a falta de diploma universitário.
Os estatutos da Caixa exigem que o presidente tenha frequentado os bancos de uma universidade. E Vaccari não preenchia esse quesito.
Lula ordenou, então, que fosse providenciado outro cargo para Vaccari. Foi à mesa a sugestão de acomodá-lo em Itaipu. O presidente aprovou prontamente.
O contato do bancário Vaccari com o mundo da energia era, então, exíguo. Achegava-se ao tema só no instante em que precisava tatear o interruptor de luz.
O tempo passou. Vaccari migrou do sindicato para a Bancoop, cooperativa habitacional dos bancários paulistas. Só não deixou Itaipu.
Na Bancoop, Vaccari respondeu, primeiro, pela área financeira. Depois, pela presidência. Dali, escalou o controle das arcas do PT.
Pediu desligamento da Bancoop. Mas reteve a cadeira de “conselheiro” de Itaipu. Tornou-se um conselheiro incômodo.
Acusado de malfeitos na cooperativa, Vaccari é alvo do Ministério Público de São Paulo e dos partidos de oposição. Nega as irregularidades que lhe atribuem.
A despeito disso, não será o tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff. Optou-se por separar as arcas do comitê eleitoral dos cofres da legenda.
Dilma vai escolher seu próprio tesoureiro. Há sete anos, a mesma Dilma respondia pelo ministério das Minas e Energia, de cujo organograma pende Itaipu.
Nessa época, a ministra não viu problemas confiar a Vaccari a cadeira no conselho da estatal binacional.