Enke deixou carta de despedida antes de cometer suicídio após "graves depressões"

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A homenagem a Enke juntou centenas de adeptos em Hanôver THOMAS PETER/REUTERS

Por David Andrade

Médico e viúva do antigo guarda-redes do Benfica confirmaram a fragilidade emocional do alemão, que tinha recusado submeter-se a tratamento

A Alemanha e o mundo do futebol estão de luto com a morte, aos 32 anos, de Robert Enke. Ontem confirmou-se a suspeita de suicídio deixada pela polícia alemã poucas horas após ser revelada, terça-feira, a notícia de que o jogador tinha morrido. O antigo guarda-redes do Benfica deixou uma carta de despedida à família e o médico que o acompanhava confirmou que sofria de "graves depressões".

"Quando tinha depressões era tudo muito difícil. Faltava-lhe ânimo, não tinha esperança de se curar e tinha medo que o público soubesse. Tentei dar-lhe esperanças, perspectivas, dizer-lhe que o futebol não era tudo, que havia coisas belas na vida. Estive sempre ao lado dele e pensei que com amor poderíamos superar os problemas." As palavras de Teresa Enke, mulher do alemão, numa conferência de imprensa realizada ontem na sede do Hannover 96, último clube de Enke, confirmaram que o guarda-redes sofria de depressões que se agravaram com a morte, em 2006, da filha do casal, de apenas dois anos. "É de loucos porque viria sempre a saber-se. Ele tinha medo de tornar pública a sua depressão porque temia que pudesse perder tudo, no futebol e na vida privada", concluiu.

Tal como Teresa, Valentin Markser, médico que acompanhava Robert Enke, revelou que o guarda-redes sofria de "graves depressões" e tinha recusado submeter-se a tratamento. Markser referiu alguns pormenores da carta de despedida, contando que Enke pediu desculpas por omitir a vontade de se suicidar.

Na Alemanha, a morte do jogador causou grande comoção. Os principais canais de televisão dedicaram programas especiais à tragédia e a fotografia de Enke surgiu estampada na primeira página da maioria dos jornais. Junto da sede do Hannover 96, centenas de adeptos depositaram mensagens, flores e acenderam velas em homenagem ao atleta.

As ondas de choque provocadas pela morte de Enke chegaram aos mais diversos quadrantes da sociedade germânica. A chanceler Angela Merkel enviou uma carta de condolências a Teresa Enke e o presidente da FIFA, Joseph Blatter, também manifestou pesar pela morte do jogador. "Estou imensamente triste", declarou Franz Beckenbauer, actual dirigente do Bayern de Munique e uma das maiores figuras de sempre do futebol alemão. O jogo de preparação que a Alemanha devia disputar no próximo sábado, frente ao Chile, foi mesmo cancelado.

Enke, suplente de Jens Lehmann no Europeu de 2008, iniciou a carreira no Borússia de Mönchengladbach (1996-1999), antes de ser contratado pelo Benfica (1999-2002). Em 2002 foi transferido para o Barcelona, que mais tarde o emprestou ao Fenerbahçe e ao Tenerife. Actualmente, era uma das principais figuras do Hannover 96.

Trânsito em SP pela Rádio SulAmérica








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