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domingo, 12 de julho de 2009

Os fenômenos






Sex, 10/07/09

A dupla Ronaldo & Lula promete. O Brasil está diante da mais explosiva mistura de gols e votos da história. A última façanha dos dois fenômenos foi liberar o tráfico de influência no país.

O jogador de futebol declarou na TV, ao vivo, com a maior naturalidade do mundo: “Ele (Lula) está entrando em contato com empreiteiras e indicando empresas que podem ajudar (o Corinthians)”.

Liberou geral. Até a oposição já relaxou. Os líderes do DEM e do PSDB esboçaram um muxoxo sobre “confusão entre público e privado” e deixaram para lá. O presidente da República está acionando umas empreiteiras para ajudar seu time do coração, e ninguém tem nada com isso.

Ronaldo revelou a tabelinha tranqüilamente, com a mesma fluência com que trocara passes de cabeça com Lula diante das câmeras. Ele pode tudo, porque tem muitos gols, títulos e dinheiro. Lula pode tudo, porque tem muitos votos e poder. Está pronto o coquetel de ignorância e prepotência.

Quem vai explicar aos dois fenômenos que eles não estão acima das regras da sociedade? Ninguém. Estão ilhados pela bajulação e a condescendência.

Ronaldo sente isso até mesmo dentro de campo. No primeiro jogo da final da Copa do Brasil, em São Paulo, o juiz marcou uma falta para o Corinthians. Os jogadores do Internacional pararam. Os do Corinthians resolveram continuar jogando, como se nada tivesse acontecido. Bola para Ronaldo, e gol.

O juiz ignorado pelos corintianos não anulou a jogada. Devia estar comovido com o fenômeno. Nunca se viu nada igual.

Com seus 80% de aprovação, Lula também pode ignorar os apitos do juiz. Fala palavrão, diz o que lhe dá na telha sobre a crise, sobre o Corinthians, sobre Sarney – aquele que não pode ser julgado como uma pessoa comum. Já o caixa dois do PT, em outro episódio, era muito comum: “todo mundo faz”.

Não dá para entender por que o Brasil perde tanto tempo discutindo leis, ética e outras bobagens. Lula e Ronaldo, os fenômenos, estão aí para mostrar que o estado de direito é feito de gols, votos e grana.

Os incomodados que se mudem. E não fiquem, como disse Ronaldo na TV sobre seus companheiros de concentração, “peidando do meu lado”.


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