O assessor para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, explicou a declaração de Lula sobre a normalidade da eleição no Irã – onde o banho de sangue, para o presidente brasileiro, “é apenas uma coisa entre flamenguistas e vascaínos”.
“O presidente fez um comentário banal, a que foi dado um peso maior do que é normal”, declarou Garcia. Informou ainda que a nova metáfora futebolística de Lula foi uma coisa simples, “sem transcendência”.
O presidente Lula deveria perguntar à mãe da jovem Neda, morta com um tiro no peito quando se manifestava sobre a eleição, se a filha dela era Flamengo ou Vasco. E dizer-lhe que, na próxima encarnação, é melhor Neda ver o jogo pela TV.
Lula não fez por mal. Foi apenas banal. A banalidade é uma bênção. Ela deixa qualquer atrocidade com cara de anjo.
O gesto obsceno (top-top) de Marco Aurélio Garcia, comemorando a notícia de que o avião da TAM tinha um defeito no reverso – o que acaba de ser desmentido, mas não vem ao caso –, era também só um desabafo banal. A gravidade e a dor envolvidas no assunto ficam momentaneamente suspensas, como um habeas corpus para a grossura. Viva a banalidade.
Por que Lula foi banal ao se referir aos graves conflitos no Irã?
Porque estava só cuidando do calculismo terceiro-mundista de seu governo, que acha uma grande política de Estado dar tapinhas nas costas desses ditadores aloprados. Lula quer continuar de braços abertos esperando a visita do presidente do Irã, cancelada por ele para montar seu açougue eleitoral.
Desse ponto de vista, a morte dramática de Neda não passa mesmo de um carrinho sem bola. Cartão amarelo para Ahmadinejad. E não se fala mais nisso.
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