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terça-feira, 5 de abril de 2011

Recadastramento de servidores gera filas e críticas no MT


Na busca a servidores fantasmas, prefeitura de Várzea Grande faz triagem com funcionários, gera tumultos e indignações

Helson França, iG Mato Grosso | 04/04/2011 20:55

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Servidores da rede pública municipal de Várzea Grande, cidade vizinha a Cuiabá (MT), enfrentaram na manhã desta segunda-feira, novamente, um grande tumulto para receberem o holerite do mês de março. O prefeito em exercício, João Madureira (PSC), na ânsia de identificar os funcionários que ganham o salário sem aparecer no serviço (os chamados funcionários fantasmas), determinou que todos os 6,5 mil trabalhadores, sem exceção, passem por uma espécie de recadastramento - comparecendo ‘in loco’ em postos indicados pela prefeitura para assinar os holerites.

Foto: Helson França

Servidores protestam contra medida da prefeitura

Somente após a triagem é que os salários do mês de março serão creditados na conta de cada trabalhador, dentro do prazo de, no mínimo, 72 horas.

Desde a última sexta-feira (01), a caça aos fantasmas está valendo. Na ocasião, foi feita a primeira tentativa de entregar o holerite aos funcionários, na prefeitura. Foram escolhidos os lotados na saúde, e o que se viu foi um indicativo do que aconteceu hoje. Filas enormes, informações desencontradas, ânimos acirrados e protestos.

Nesta segunda-feira pela manhã foi à vez dos funcionários da educação municipal passar pelo “recadastramento”. O local designado foi o ginásio do Fiotão, localizado no centro de Várzea Grande. Em meio às filas formadas por idosos, gestantes e mulheres carregando criança no braço, representantes da prefeitura tentavam organizar a situação, mas deixavam os trabalhadores ainda mais irritados.

Foto: Helson França, iG Mato Grosso Ampliar

Filas para o recadastramento em Várzea Grande

“É muita humilhação. Ainda mais depois de 31 anos de funcionalismo público. Ter que enfrentar uma maratona de filas, extremo desconforto, passar calor, sede, cansaço para receber o que é meu de direito, o meu salário, é um absurdo”, esbravejou a professora Leonir, que não quis informar o sobrenome por se sentir envergonhada. “Lá em casa meu marido e filhos estão muito chateados com tudo isso”, contou.

Muitos trabalhadores chegaram cedo ao ginásio. Na expectativa de agilizar a retirada do holerite, o zelador Antônio Cassiano de Almeida, 62 anos, madrugou no local, chegando às 5h. Porém, quando já passava das 10h30, ainda estava na parte intermediária da longa fila que parecia não andar. “Fazer o que, né? Só espero resolver tudo hoje”, disse, em tom já conformado.

A funcionária de serviços gerais, Fátima de Oliveira, foi outra pessoa que chegou cedo ao ginásio. Levando junto o filho de 1 ano, o qual tinha que carregar, ela não encontrou o nome na lista e não conseguiu retirar o holerite. Acho que irei procurar direto a Defensoria Pública, pois não creio que a prefeitura vá resolver o meu problema.

Ir atrás de medidas judiciais é o que a presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep), subsede de Várzea Grande, Cida Cortez, sugere aos funcionários. “Todo mundo está sendo colocado em suspeição, tendo a dignidade violada. Existem outras maneiras de se descobrir quem é funcionário fantasma. Tratar todos os trabalhadores como se fossem pessoas desonestas, com certeza, é a pior delas”, avaliou Cida.

Em Várzea Grande, o antigo prefeito Murilo Domingos (PR) e o vice Tião da Azeli (PR) foram afastados das funções após a instalação de uma comissão da Câmara dos Vereadores para investigar denúncias de improbidade administrativa. Desde que assumiu a prefeitura, Madureira já mandou embora 2,4 mil servidores.

Por meio da assessoria de imprensa, a prefeitura de Várzea Grande informou que a triagem vai continuar e pontuou que a medida é necessária, devido à gravidade das denúncias.







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