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quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Lula volta a criticar fiscalização excessiva que atrasa obras


Maurício Savarese
Do UOL Notícias
Em São Paulo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou nesta terça-feira as críticas aos demorados processos de concessão de licenças que acabam atrasando obras importantes. Em visita ao complexo de favelas Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, no Rio de Janeiro, ele afirmou que o Brasil criou "uma máquina de fiscalização poderosa e uma de execução que é débil".

"Durante 25 ou 30 anos em que não conseguíamos investir, fomos atrofiando a máquina administrativa e fortalecendo a fiscalizadora", afirmou Lula, em cerimônia de entrega de apartamentos vinculados ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Nas últimas semanas, Lula atacou o Tribunal de Contas da União (TCU) e as empresas derrotadas em licitações públicas que recorrem à Justiça, o que gera a interrupção das obras por vários meses. Ele afirmou que em 2010, ano eleitoral, terá uma série de inaugurações para fazer em capitais brasileiras apesar dos entraves.

"As barreiras para você transpor são muitas. Tem problema do licenciamento prévio. O pessoal do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) deveria agradecer só por estarmos fazendo uma coisa nova onde estava algo apodrecido. Mas não é o pessoal do Ibama que é ruim. É a lei que nós criamos é que exige assim."

De acordo com o presidente, um engenheiro ganha R$ 5.000 para fazer uma obra e outro recebe R$ 20 mil para fiscalizá-la. "Quando fui eleito deputado constituinte levei para o Congresso um projeto de Constituição acabado. Hoje dou graças a Deus que meu projeto não foi aprovado porque não ia dar para governar", comentou, referindo-se ao número de mecanismos de fiscalização que propunha no projeto.

Acompanhado pelo governador Sérgio Cabral e pelo prefeito Eduardo Paes, ambos do PMDB, Lula ironizou os políticos que só gostam dos mais pobres em períodos eleitorais e elogiou Paes, ex-adversário ferrenho, por cumprir compromisso de campanha e subir os morros da cidade para anunciar iniciativas.

"Em campanha política todo mundo gosta de pobre. Não tem nada mais extraordinário em fazer política. Todo mundo fala mal de banqueiro e de empresário, mas pobre todo mundo adora", disse.

"Depois da eleição tem almoço, jantar, coquetel, Daqui a pouco você está envolvido e esquece os pobres. [Por isso] o meu papel é tentar mudar a lógica da política brasileira. Temos que governar para todo mundo", disse.

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