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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

As torrentes da Póvoa


Correntes D'Escritas até sábado. 10.ª edição quer ser a maior de sempre


O que começou por ser um encontro de tributo a Eça de Queiroz, no ano do centenário da sua morte, converteu-se no maior acontecimento literário do país. O Correntes D'Escritas, que celebra dez edições, arranca esta quarta-feira na Póvoa de Varzim.

A "forma envergonhada" como começou, há uma década, o encontro de escritores de expressão ibérica não tardou a dar lugar a um crescente entusiasmo, em grande parte devido "à teimosia dos organizadores", confessa Luís Diamantino, vereador da Cultura da Câmara da Póvoa, promotora do evento. Durante esse período, passaram pela Póvoa 300 escritores. De Portugal, na sua maioria, mas também oriundos de Angola, Argentina, Brasil, Cabo Verde, Colômbia, Chile ou Uruguai. No início como hoje, o objectivo consiste em estreitar as relações literárias entre os povos de expressão latino-americana, pese embora a distância geográfica.

Para assinalar o número redondo, a organização envidou esforços no sentido de tornar a presente edição na maior de sempre. O resultado traduz-se não só num número elevado de participantes - 129, oriundos de 30 países - e em mais exposições e mesas-redondas, mas também numa renovada edição gráfica, a cargo de Henrique Cayatte.

De hoje a sábado, 30 escritores estreantes e largas dezenas de "acorrentados" (nome atribuído aos autores que, ano após ano, "desaguam" na Póvoa, como Onésimo Teotónio de Almeida, Carlos Quiroga ou Manuel Rui, entre muitos outros) vão debater alguns dos temas que estiveram em cima da mesa em anos anteriores: "O desafio da folha em branco", "O medo ou o fascínio do desconhecido", "É literatura tudo o que não é evidente", "A rua faz o livro" ou "A literatura é o sentido último das coisas". Mas se há regra que norteia estas mesas-redondas é precisamente a ausência de regras, o que significa que o tom de informalidade dominante faz com que o tema inicial acabe por dar lugar a outro(s), contagiando a sempre numerosa assistência que presencia os debates.

A proximidade com o público e os laços de cumplicidade estabelecidos entre autores que convivem todos os anos na Póvoa ajudam a explicar os frequentes elogios dirigidos à organização. A tal ponto que não falta, como é o caso de Rui Zink, quem considere as "Correntes" "um património cultural vivo da Península Ibérica" .

A somar à informalidade, há outros motivos que contribuem para a popularidade do formato adoptado desde a primeira edição e que pouco se tem alterado até hoje. O eclectismo do programa é uma das razões principais. Por isso, apesar de a literatura ser o fio condutor de todas as iniciativas realizadas, há também sessões de cinema, representações teatrais, mostras de arte, sessões de poesia, além da obrigatória feira do livro, dos lançamentos de obras ou das visitas de autores às escolas da região.

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