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domingo, 1 de junho de 2008

Trem de luxo faz estréia em trilhos velhos no Paraná


JAMES CIMINO
do enviado especial da Folha de S.Paulo ao Paraná

O primeiro trem de luxo do Brasil fez sua viagem inaugural no último fim de semana levando cerca de 40 turistas europeus ao litoral e ao interior do Paraná. Por onde passava, era recebido por bandas, corais típicos, grupos folclóricos e autoridades. Trechos de ferrovias centenárias, como a que liga Ponta Grossa a Guarapuava, no interior do Estado, não viam um trem de passageiros havia pelo menos 20 anos.

Crianças e adultos que moram às margens da ferrovia saíam de suas casas com máquinas fotográficas e acenavam aos estrangeiros desconhecidos, que retribuíam a gentileza.
Os dois passeios no trem, chamado Great Brazil Express, entre Curitiba e Morretes, no litoral, e entre Ponta Grossa e Cascavel, no extremo oeste, fazem parte de um pacote de turístico oferecido a estrangeiros, que custa de US$ 4.990 (R$ 8.782) a US$ 6.525 (R$ 11.484).

O ponto de partida é o Rio de Janeiro. Depois, passa por Curitiba, atravessa o Paraná de leste a oeste e termina em Foz do Iguaçu, totalizando, no valor mais alto, dez dias de viagens e visitas a parques, hospedagens, serviço de bordo do trem e passeios de barco no Rio.

Para se ter uma idéia, um passeio de três horas no Orient Express da Inglaterra, um dos trens de luxo mais famosos do mundo, custa US$ 1.020 (R$ 1.795). O trem brasileiro, no entanto, não pode ser comparado ao Orient Express em requinte.

São apenas dois carros automotrizes com 22 lugares cada, bar, decoração luxuosa com motivos da flora e fauna brasileiras e dois monitores de LCD ligados a câmeras externas que mostram a paisagem aos passageiros. Não há vagão restaurante, nem cabines para pernoite. As estações, com poucas exceções, são improvisadas.

Além disso, a viagem sofre com as deficiências da malha ferroviária. Alguns trechos, entre Rio de Janeiro e Curitiba e entre Foz do Iguaçu e Rio, portanto, são feitos de avião. Outros trechos, no interior do Paraná, são feitos de ônibus.

A belga Karen Vermaerke, 27, que viajava em um trem de luxo pela primeira vez, disse achar o passeio relaxante. "Na Europa viajamos de trem todos os dias. Mas essa é primeira vez que viajo em um trem de luxo."

Apesar disso, a turista faz ressalvas ao roteiro. "Temos que distinguir a viagem de trem da de ônibus, porque os trechos rodoviários são exaustivos."

Sua colega Sandrine de Crom, 30, foi mais crítica. "Toda cidade em que paramos tinha danças típicas da Europa que não nos interessam, pois temos isso lá em nosso continente. Queria ter andado mais entre as pessoas e visto coisas que elas fazem diariamente. Queríamos ter visto capoeira." Segundo Adonai Aires de Arruda, diretor geral do Great Brazil Express no país, o objetivo era fazer todo o trajeto de trem, mas as condições técnicas não permitiram.

"As bitolas dos trens são diferentes, e a circulação de passageiros depende do transporte de carga. Entre Curitiba e Ponta Grossa, por exemplo, o trecho rodoviário tem 120 km, enquanto o ferroviário tem 270 km. A viagem levaria cerca de 11 horas, já que a ferrovia é centenária e exige uma velocidade média de apenas 30 km/h.

Além do mais, é uma região que concentra o transporte de toda a safra de grãos do Paraná." A situação das ferrovias brasileiras pode estar prestes a mudar com os projetos de expansão incluídos no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do governo federal.

Samuel Gomes, diretor-presidente da Ferroeste (Estrada de Ferro Paraná Oeste), empresa que junto com a América Latina Logística dá concessão de operação do trem de passageiros em suas linhas férreas, apresentou durante a viagem algumas obras de expansão das ferrovias paranaenses.

Uma delas ligará a cidade de Cascavel ao Mato Grosso do Sul e outro a Foz do Iguaçu, com probabilidade de expansão até Assunção, capital do Paraguai.

O jornalista JAMES CIMINO viajou a convite da Great Brazil Express

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