Assim como o Brasil (que ostenta o vergonhoso título de décima-primeira pior distribuição de renda do mundo, segundo o índice Gini), Portugal é um campeão da desigualdade social. O país tem o pior desnível entre pobres e ricos da União Européia a 25, segundo relatório da Comissão Européia divulgado ontem.
Portugal é também o único país da UE (não foram considerados os novos estados membros: Romênia e Bulgária), que supera os Estados Unidos em desigualdade. São 950 mil portugueses vivendo com menos de 10 euros por dia. Segundo o estudo 'Um Olhar sobre a Pobreza em Portugal', conduzido pelo Centro de Estudos para a Intervenção Social (Cesis) entre 1995 e 2000 e divulgado pelo jornal Público, os portugueses pobres passam por um elevado nível de privação: 61% não tem condições para manter a casa quente, 12% não tem banheira ou chuveiro e 10% não possuem vaso sanitário. Nesse período, 46% da população portuguesa viveu pelo menos um ano em situação de pobreza e 6,5% durante os seis anos analisados. A pobreza atinge mais os que vivem em zonais rurais, tem baixa escolaridade e são idosos ou muito jovens. Dados de 2004 mostram que 45,5% das famílias portuguesas pobres tinham a seu cargo crianças com idade inferior a 17 anos. Estas representam 23,8% dos pobres da população.
O estudo afirma que a sociedade portuguesa não está preparada para apoiar as medidas necessárias para um verdadeiro combate à pobreza porque acredita que ela decorre da falta de responsabilidade individual, do fatalismo e da preguiça dos pobres.
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