Família brasileira foi obrigada a entregar garoto no Natal de 2009 e não fala com ele desde junho.
Nesta véspera de Natal, o Twitter ganha um novo perfil – o . Foi a forma encontrada pela família brasileira do menino Sean, de 10 anos, para lembrar o primeiro ano desde que o garoto foi entregue ao pai, o americano David Goldman, após longa batalha judicial.
Em 12 meses, a avó de Sean, a chef Silvana Bianchi, teve cinco conversas telefônicas com o neto – todas monitoradas -, a última em 22 de junho. Tentou visitá-lo em março, mas não obteve autorização da Justiça de Nova Jersey, onde o menino mora.
Silvana mudou-se do apartamento onde vivia com os netos e o genro, o advogado João Paulo Lins e Silva, para outro no mesmo condomínio, vizinho da Lagoa Rodrigo de Freitas, na zona sul do Rio, onde mora apenas com o marido e a neta, Chiara, de 2 anos. Lins e Silva, pai de Chiara, chegou a obter a guarda provisória de Sean, alegando paternidade socioafetiva.
“Depois do dia em que minha filha morreu, 24 de dezembro do ano passado foi o pior dia da minha vida. Levaram um pedaço nosso, um pedaço da minha filha”, resume Silvana, referindo-se ao momento em que teve de levar o neto até o consulado americano. “Estou vivendo um longo pesadelo.”
O drama da chef começou em agosto de 2008, horas depois do nascimento de Chiara. A filha dela, a estilista Bruna Bianchi, morreu aos 34 anos. Silvana assumiu os cuidados com a neta e passou a lutar pela guarda de Sean.
O caso. Bruna e Goldman casaram-se nos Estados Unidos em 2000. Quando Sean tinha 4 anos, ela veio passar férias no Rio. Goldman autorizou a viagem, mas, ao chegar à cidade, Bruna decidiu separar-se e obteve a guarda de Sean na Justiça. Goldman entrou com ação pedindo o repatriamento do filho com base na Convenção de Haia, que regulamenta o sequestro internacional de crianças.
Amigos de Goldman criaram o site Bring Sean Home – com venda de canecas e camisetas para custear a batalha judicial. Goldman negocia com uma emissora americana o direito de exclusividade na cobertura do caso. A mobilização chamou a atenção de parlamentares americanos e levou a secretária de Estado, Hillary Clinton, a pedir a intervenção do governo brasileiro. “Transformaram o futuro de uma criança numa questão política. Ele não foi ouvido pela Justiça, não teve seu direito respeitado. E foi obrigado a cortar os laços comigo, a principal referência depois da morte da mãe, com a irmã, que ele adora”, queixa-se.
“Sean é cidadão brasileiro e não foi sequestrado”, afirma. Entre os documentos guardados pela chef há uma correspondência em que oferece passagem aérea e hospedagem a Goldman. “Um dia, ele (Sean) vai saber o que realmente aconteceu”, diz.
A última derrota da família brasileira foi anteontem. A Justiça americana recusou pedido para uma visita consular – Silvana queria que diplomatas brasileiros se certificassem de que o neto está bem. “Enquanto ele esteve conosco, o consulado americano enviou uma funcionária a nossa casa. E nós sempre a recebemos. Não há o princípio da reciprocidade”, reclama.
Natal. Diferentemente do ano passado, quando a festa de Natal foi cancelada, neste ano haverá comemoração. “É pela Chiara.” Pela primeira vez, Silvana não comprou presente para o neto. “Mandei dois cartões de Natal registrados. Será que ele recebeu?”
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