04/02/2011
Folha de S.Paulo
BRASÍLIA - Deputados federais estão aproveitando uma brecha da Constituição para se tornar "supersecretários" de Estado, ganhando salário de R$ 26,7 mil, mais do que os próprios governadores, seus chefes daqui para frente.
Até a tarde de ontem, 18 deputados haviam pedido para continuar a receber o salário de congressista, embora tenham se afastado da Câmara para trabalhar como secretários de Estado, cujo salário é, em geral, bem menor.
Levantamento da reportagem mostra que pelo menos 30 deputados irão se licenciar para atuar nos Estados.
A Constituição permite ao parlamentar escolher entre o salário de secretário ou o da Câmara, cujo valor foi reajustado em 62%, passando de R$ 16,5 mil para R$ 26,7 mil.
O valor maior
Todos os que até ontem haviam informado a decisão à Câmara optaram pelo contracheque maior.
"O fato de eu estar secretário é uma circunstância. Posso estar hoje e não estar amanhã. A delegação que recebi da população é para ser deputado", afirmou José Aníbal (PSDB), que se licencia da Câmara para assumir a Secretária de Energia de São Paulo.
Ele diz ter defendido apenas a reposição da inflação no reajuste para os congressistas, que embora tenha entrado em vigor agora, foi aprovado em dezembro.
O salário do cargo de Aníbal, R$ 15 mil, é quase R$ 12 mil menor do que o pago no Congresso. O governador Geraldo Alckmin ganha R$ 18,7 mil, R$ 8.000 a menos do que o subordinado.
Só no governo de São Paulo haverá cinco "supersecretários" oriundos da Câmara dos Deputados.
"Escolhi o salário da Câmara porque o de secretário é menor", declarou Márcio França (PSB), secretário de Turismo de Geraldo Alckmin.
Dificuldade
A diferença é maior ainda no Estado do Rio Grande do Sul, onde os secretários do governo ganham cerca de R$ 11 mil ao mês.
"Fica difícil, né?", disse Luiz Busato (PTB), que assumiu a Secretaria de Obras e receberá R$ 15,7 mil a mais por mês --R$ 9.700 superior ao que ganha o chefe, o governador Tarso Genro (PT).
No Rio de Janeiro, o secretário de Habitação, Leonardo Picciani (PMDB), afirmou que sua decisão é técnica.
"É mais cômodo receber pela Câmara, porque, quando eu volto para o mandato, não preciso reabrir a conta bancária. O salário maior não é o mais importante", afirmou Picciani.
Além das secretarias de Estado, seis deputados federais haviam pedido licença da Câmara para assumir cargos de ministros no governo de Dilma Rousseff. Mas, nesse caso, o salário que será pago é o mesmo.
04/02/2011Dilma já estuda dar mínimo de R$ 550 neste ano
Carolina Rangel e Folha de S.Paulo
do Agora
O governo vai propor aos sindicalistas incluir em sua proposta para o salário mínimo um mecanismo que permita a antecipação, quando o reajuste não representar um aumento acima da inflação, de valores a serem pagos em anos seguintes.
A estratégia seria usada agora para resolver o impasse com as centrais sindicais, que exigem reajuste acima da inflação para o piso neste ano.
Enquanto o governo insiste em R$ 545, as centrais querem R$ 580. Hoje, ministros se reúnem mais uma vez com as centrais para negociar.
- Leia esta reportagem completa na edição impressa do Agora nesta sexta, 4 de fevereiro, nas bancas
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