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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

#apagao O cinismo dos governistas não é mais indecoroso que a covardia da oposição


Em meados de 2009, como lembra o post reproduzido na seção Vale Reprise, a descoberta de mais de mil atos secretos nas catacumbas do Senado só não devolveu José Sarney à capitania hereditária do Maranhão porque Lula socorreu a tempo o Homem Incomum. Os focos de resistência foram sufocados pela tropa formada por milícias do PT, veteranos mercenários e cangaceiros arrendados. A quadrilha subjugou o lugarejo.

Passados menos de dois anos, os mocinhos sumiram do faroeste brasileiro. Na animadíssima festa de abertura do ano legislativo, os rebeldes de 2009 ─ dissidentes do PT, rebeldes do PMDB, adversários do PSDB, inimigos do DEM ─ apareceram misturados à multidão de vilões para a homenagem conjunta ao chefe do bando. Agora, Sarney está no comando da instituição em adiantado estado de decomposição não porque Dilma Rousseff exigiu. Manteve o bastão de mando porque assim decidiram 70 dos 81 senadores.

Diante de um plenário lotado, o orador enfadonho transformou o portentoso prontuário num monumento à ética, à transparência e aos bons costumes. Ninguém discordou publicamente. Faltou plateia para o curto discurso em que o senador Randolfe Rodrigues, do PSOL do Amapá, justificou a decisão de enfrentar sem chances o morubixaba octogenário. “Minha candidatura é uma forma de dizer não à prática de jogar os graves problemas éticos do Senado para debaixo do tapete. Defendo a revisão de todos os contratos e profunda auditoria nas contas da casa. E, principalmente, total transparência nas contas da casa”. Não ouviu aplausos. Teve sete votos.

Não cabe ao governador fazer oposição, recitam de meia em meia hora os governadores eleitos por partidos de oposição. Nem aos senadores, berrou a rendição sem luta à turma das cavernas. O cinismo dos governistas não é mais indecoroso que a covardia dos oposicionistas. A transformação de uma instituição indissociável do Estado Democrático de Direito numa Casa do Espanto subordinada ao Planalto é uma obra coletiva. Deve ser debitada na conta da vigarice suprapartidária.

No mundo inteiro, são os partidos que procuram eleitores. Só aqui milhões de eleitores, inconformados com os estragos produzidos pela Era da Mediocridade, procuram há muito tempo, até agora em vão, um partido que saiba representá-los. Nesta semana, não encontraram sequer um senador com suficiente altivez para dizer em voz alta que cada voto dado a Sarney por um oposicionista foi um tapa na cara do Brasil decente. Nenhum será esquecido.



31/01/2011


A celebração da ignorância em 45 palavras

Transformado pela Universidade Federal de Viçosa no primeiro doutor honoris causa da história que nunca leu um livro nem aprendeu a escrever, o ex-presidente Lula resolveu transfomar o auditório da UFV em palco do segundo assombro da noite de 28 de janeiro. Depois de entregar-lhe o diploma, a reitora em exercício Nilda de Fátima Ferreira Soares convidou-o a assinar o Livro de Ouro que registra a passagem de visitantes ilustres. O novo doutor achou que uma assinatura era pouco. E a UFV foi premiada com o terceiro manuscrito de Lula.

Sem correções nem retoques, a coluna transcreve o documento histórico: “Para os amigos e amigas da UFV com agradecimento pelo trabalho prestado ao povo brasileiro com educação de qualidade, garantindo ao povo brasileiro a certeza de bons profissionais para atender o desenvolvimento do nosso querido Brasil. Abraços do amigo Lula. Sem medo de ser feliz”. Somadas ao diploma de doutor, as 45 palavras rabiscadas comprovam que até professores universitários decidiram aderir ostensivamente à celebração da ignorância.


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