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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

'Virei o bonzinho', diz líder do Coldplay


Entrevista: Chris Martin


20 de fevereiro de 2010

Por Sérgio Martins


Martin: 'Nos sentimos tão afortunados que temos vontade de ajudar outras pessoas' (Foto: Divulgação)

No ranking dos melhores grupos de rock do mundo, o Coldplay certamente ocupa uma posição de destaque. O grupo inglês de rock, que desembarca nesta semana no Brasil para shows no Rio e em São Paulo, vendeu 40 milhões de cópias de seus quatro discos (só no Brasil foram vendidas 550.000). Boa parte desse sucesso se deve ao talento e carisma do vocalista e líder do grupo, Chris Martin. Em entrevista à VEJA, Martin fala da fama de bom moço e antecipa a sonoridade do quinto disco do grupo.

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O senhor é o anti-rockstar? Não se mete em confusões, faz caridade, é um pai exemplar...
Não se pode generalizar, muito menos rotular um artista. O que acontece é que, quando você se torna famoso, as pessoas se acostumam a te associar com apenas uma característica da sua personalidade. Eu, por exemplo, virei o bonzinho. Mas ninguém é totalmente bom ou ruim, já fiz coisas das quais eu me arrependo.

O cantor Eddie Vedder, do Pearl Jam, já declarou ser “muito difícil” ser Eddie Vedder. É complicado ser Chris Martin?
Eddie Vedder tem toda essa fama de ser boa gente. E, sim, ele é boa gente. Mas acredito que até ele deve gostar de pornografia de vez em quando. Aliás, todo mundo vê pornografia. Até eu.

No final do ano passado, o Coldplay colocou vários artigos – álbuns e fotografias, instrumentos – a leilão. Por quê?
Desde que a banda surgiu, dez anos atrás, que tínhamos a proposta de ajudar os mais necessitados. Pouco antes do Natal do ano passado, juntamos nossos instrumentos e artefatos utilizados em turnês anteriores para ajudar uma entidade chamada Kids Company. Ela está baseada em Londres e ajuda crianças e adolescentes órfãos ou que não conseguem bancar seus estudos. A gente fez o leilão e conseguiu levantar uma boa quantia – não me lembro da quantia exata – para ajudar essas pessoas. Foi enriquecedor.

O senhor se sente na obrigação de ajudar as pessoas?
Não se trata de obrigação. É que nos sentimos tão afortunados, a vida sorriu tanto para nós, que temos vontade de ajudar outras pessoas. O que custa vender uma guitarra antiga para ajudar alguém ou algo em que você acredita?

O senhor também cedeu para leilão uma de suas jaquetas utilizadas na turnê de Viva la Vida. O dinheiro irá para as vítimas do terremoto do Haiti?
Sim, também ajudamos o Haiti. Nós a notícia quando estava no estúdio, gravando nosso novo disco. Foi um choque porque eu tinha esperanças de que seria uma década melhor para o mundo. Mas é bonito ver o resto do mundo se unir para ajudar as pessoas no Haiti. Estive no país em 2002 e fiquei aterrorizado com a pobreza da região.

O Coldplay enfrentou acusações de plágio em Viva la Vida. As mais conhecidas foram as do guitarrista Joe Satriani e do cantor Cat Stevens. Como a banda reagiu a isso?
Foram cinco acusações ao todo. Mas não roubamos a música de ninguém. Na verdade, até estava se tornando uma coisa engraçada. Eu acordava de manhã e recebia um telefonema dos meus advogados, dizendo que tínhamos sido acusados de plágio e se por acaso eu tinha roubado a música de não. “Claro que não”, foram as minhas respostas. Os processos, de certo modo, foram uma benção. Significaram que estávamos fazendo sucesso. Por outro lado, é uma chatice ter de enfrentar essas situações e lidar com advogados.

Uma boa opção é colocar um anúncio no novo single da banda. “Se você achar que essa música é igual a uma composição sua, mande-nos um e-mail”!
Você acredita que pensamos nisso? Ontem, na hora do almoço, ficamos discutindo sobre a possibilidade de sofrermos novas acusações de plágio. Mas decidimos melhorar como compositores. Só assim poderemos escapar desse tipo de acusação.

O Coldplay irá lançar um novo disco este ano?
Estamos trabalhando em um novo álbum. A pré-produção começou há seis meses e estamos há um mês e meio no estúdio. A produção será novamente de Brian Eno e estamos comprometidos a fazer algo grandioso. Mas posso adiantar que ele será mais intimista que Viva la Vida. Nos últimos tempos, tenho escutado muito Chopin, um grupo vocal chamado Golden Gate Singers e os primeiros discos de Bruce Springsteen. Bruce, aliás, foi uma descoberta recente, comecei a comprar os CDs dele há dois anos. Virei fã de Born to Run e Nebraska.

Brian Eno deu uma entrevista ao jornal inglês The Guardian na qual disse que a era do disco está no fim. O senhor concorda com isso?
Ouvi falar dessa entrevista, mas ainda não tive tempo de lê-la. Mas tendo a concordar com Eno. O mercado de discos passa por mudanças e a tendência é que o CD venha a desaparecer. Com você, deve estar acontecendo a mesma coisa, a internet tem tomado o espaço dos jornais e revistas. Mas isso não significa a morte da música, muito menos do jornalismo. Não dá para controlar o futuro, tudo o que posso fazer é me esforçar para compor mais e melhores canções.

Como foi participar do seriado Os Simpsons?
Foi fantástico, sempre fui fã da série. E toda vez que assistia aos Simpsons na televisão, pensava: “Adoraria participar um episódio do programa.” Adorei ficar trancado no estúdio com os atores que interpretam os personagens e vê-los improvisar. Espero que a minha atuação tenha sido à altura deles. Eu adoro comédias e programas humorísticos, mas sou um comediante medíocre. Sei compor músicas, no entanto sou incapaz de contar uma piada engraçada. Para mim, não existe nada mais frustrante do que estar numa festa, numa mesa cheia de amigos e chegar a minha hora de contar uma piada. Nesses momentos, eu finjo que estou passando mal e vou desmaiar – e fujo.

Na última vez que o senhor nos deu uma entrevista, o Coldplay tinha iniciado a turnê de Viva La Vida. Que mudanças ocorreram no show?
Sempre mudamos de um show para outro. No caso de Viva la Vida, que conta com mais de 170 apresentações, não teria como ser diferente – alteramos algumas canções do repertório, a ordem delas... Mas fizemos isso de uma maneira tão lenta e cuidadosa que as pessoas mal irão notar essas mudanças.

No Brasil, vocês deverão tocar para um público estimado em 60.000 pessoas. Haverá alguma mudança na estrutura do cenário, por exemplo?
60.000 pessoas? Sério? Será o maior público do Coldplay do Brasil. Espero que as pessoas apareçam e nos prestigiem.

O senhor declarou que o Coldplay era a maior banda da atualidade porque U2 e Green Day não tinham lançado seus novos discos. Essas duas bandas estão com disco novo e nenhum deles superou Viva la Vida. Quer reformular sua resposta?
Não, você vai me causar problemas. Gosto das bandas e gosto dos fãs dessas bandas. Eu diria que o Coldplay hoje ocupa um honesto terceiro lugar.






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