A catraia petralha está torrando a minha paciência com a capa da Economist: “O Brasil decola”, com o Cristo Redentor ao fundo, iluminado. A foto não foi tirada na terça à noite, é claro.
Além das reportagens sobre o Brasil, a revista dedica também ao país o seu editorial. É uma pena que os petralhas não consigam ler o que está escrito lá e se conformem com alguns resumos edulcorados e devidamente filtrados pelo petismo que contamina também setores da grande imprensa.
Logo na linha fina, no subtítulo do editorial, a revista adverte que o novo risco para o maior caso de sucesso na América Latina é a “hubris”. A palavra não costuma freqüentar os dicionários de inglês, mas está no Aurélio e no Houaiss, com acento — “húbris” —, que é como o termo grego chegou ao português. O que é a “húbris”?
O termo poderia ser definido como “insolência”, “orgulho excessivo”, “arrogância”, até mesmo “bravata” (lembram-se dela?). Para quem conhece um pouco de tragédia grega, a “húbris” é o que faz o herói quebrar a cara, se ferrar; no auge da sua “húbris”, começa a reviravolta, e se tem, então, o reverso do destino, até o desfecho… trágico. Os discursos de Lula, companheiros, são a mais notória expressão da “húbris”. Vamos torcer para que o país continue no caminho certo — afastando, então, a insolência e a arrogância.
Voltando
Agora volto ao texto. O editorial começa lembrando que, quando os economistas do Goldman Sachs afirmaram, em 2003, que o Brasil era o “B” dos Brics, o grupo de países que passariam a liderar a economia mundial, houve desconfiança. Éramos conhecidos por nosso futebol e nosso Carnaval, e não parecia que poderíamos ser um dos gigantes da economia mundial. Mas, sustenta o texto, a desconfiança se revelou errada.
A China lidera a recuperação da economia mundial, mas o Brasil está junto, “o último a entrar em crise e o primeiro a sair”. E lembra vantagens que o país tem em relação aos outros membros do BRIC: “Diferente da China, é uma democracia. Diferente da Índia, não tem conflitos religiosos ou étnicos e vizinhos hostis. Diferente da Rússia, exporta mais do que petróleo e armas (…)”.
A Economist lembra que a estabilidade do Brasil é fruto da sua disciplina, não veio de repente. Observa que essa trajetória começou nos anos 90, quando a inflação foi domada, os bancos foram saneados (é uma referência ao Proer, que o PT combateu tanto) — bancos que quebraram os EUA e a Grã-Bretanha, nota a revista —, e o país se abriu aos investimentos estrangeiros. Sim, a Economist se refere a medidas do governo FHC, todas elas rejeitadas por Lula e seus petistas até hoje!!!
E vem a tal “hubris”. Se seria um erro subestimar o novo Brasil, afirma a Economist, também seria um erro ignorar suas fraquezas. E ela as lista:
“Os gastos do governo estão crescendo mais do que a economia como um todo, e os investimentos públicos e privados ainda são pequenos, o que lança dúvidas sobre as previsões mais róseas para a economia. Muito dinheiro público está indo para coisas erradas. A folha de pagamento do governo federal cresceu 13% desde setembro de 2008 (…) Apesar de avanços, a educação e a infra-estrutura ainda estão muito atrás das China e Coréia do Sul (como o apagão desta semana lembrou aos brasileiros). Em algumas áreas do país, a criminalidade é alarmante”.
E o editorial prossegue:
“O governo nada está fazendo para eliminar os obstáculos que existem para os negócios, especialmente a antiquada legislação que taxa a contratação de trabalhadores. Dilma Rousseff, candidata de Lula nas eleições de outubro próximo, insiste em que a reforma da arcaica legislação trabalhista é desnecessária.”
E na conclusão no editorial:
“E, talvez, este seja o maior perigo que o Brasil enfrenta: a húbris. Lula está certo ao dizer que seu país merece respeito, como ele merece muito da adulação que tanto o agrada. Mas ele é também um presidente de sorte, colhendo o resultado do boom das commodities e governando numa plataforma de crescimento construída por seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso. Manter essa boa perfomance num mundo que enfrenta tempos difíceis significa que o sucessor de Lula terá de tentar resolver alguns problemas que ele fez questão de ignorar. O resultado da eleição pode determinar a velocidade com que o Brasil avança na era pós-Lula. O caminho do Brasil, no entanto, parece definido. Seu salto é ainda mais admirável porque foi dado por meio da reforma e da construção de um consenso democrático. Quem dera a China pudesse dizer o mesmo”.
Fiz uma quase-tradução comentada do editorial. E esse é o espírito do especial da Economist sobre o Brasil: exalta as conquistas do país, aponta os acertos de Lula, mostra seus erros e seus limites, aponta o risco da arrogância e torce para que seu sucessor possa enfrentar desafios que se negou a enfrentar.
O resto é conversa mole petista.
Para quem lê inglês, a íntegra está aqui, em link aberto. E noto: os elogios a FHC na reportagem são ainda maiores. Se tiver tempo, escrevo a respeito.
Trecho de reportagem da Economist sobre o momento que vive a economia brasileira
“(…)
Então começou o real milagre. Em 1994, um time de economistas, sob a liderança de FHC, à época ministro da Fazenda, criou uma nova moeda, o real, que obteve êxito onde outras tentativas [de estabilização] haviam fracassado. Em um ano, o Plano Real havia posto os preços sob controle. Em 1999, o câmbio fixo foi abandonado em favor do flutuante, e o Banco Central adotou as metas de inflação. No aniversário de 10 anos da adoção dessa medida, ainda que continue o debate sobre como tornar o real mais estável, nenhum dos grandes partidos defende que se volte ao câmbio fixo.
Mais do que isso: as reformas trouxeram disciplina às contas do governo. Agora, tanto o governo federal como os governos estaduais têm de se virar com os recursos que existem. O superávit primário (resultado das contas antes do pagamento dos juros) foi criado em 1999, e o governo federal tem de alcançar uma meta todo ano — apesar de haver uma boa chance de que isso se perca neste ano. Isso fez com que o Brasil equacionasse suas contas externas. Agora, os credores internacionais acreditam que o Brasil pode honrar seus compromissos. (…)”
A Economist deixa bem claras as bases da estabilidade da economia, não? E quando foram estabelecidas. Na seqüência, a revista lembra que Lula deve muito de suas conquistas a seu antecessor, que fez reformas que o próprio Lula combateu. E lembra que o presidente costuma começar as suas falas com “never before in the history of this country”… Bem, vocês sabem, “nunca antes da história destepaiz…” Ah, sim: a revista informa, erradamente, que a Independência do Brasil se deu em 1825. Foi em 1822.
Trânsito em SP pela Rádio SulAmérica
Lula acumula: -Aposentadoria por invalidez,aposentadoria de Aposentadoria por invalidez,Pensão Vitalícia de "perseguido político" isenta de IR,salário de presidente de honra do PT,salário de Presidente da República.Você sabia??? Sphere: Related Content