Tropas georgianas tomaram a capital da província, Tskhinvali.
Unidades russas invadiram a Geórgia, e a tensão cresce na região.
Os ataques de tropas da Geórgia à cidade de Tskhinvali, capital da província separatista da Ossétia do Sul, provocaram a morte de mais de mil civis nesta sexta-feira (8), segundo o ministro Teimuraz.
O governo da Geórgia anunciou ter tomado militarmente Tskhinvali. O anúncio foi feito por Temur Yakobashvili, ministro da reintegração. Ele também disse que as forças da Geórgia abateram cinco aviões russos que entraram em seu território.
Tropas georgianas atacam a região separatista desde quinta-feira, com a ajuda de tanques e aviões de guerra. Nesta sexta, o país anunciou um cessar-fogo de três horas para permitir a evacuação de civis.
Ao mesmo tempo, tropas russas entraram no território georgiano para coibir os ataques. O comandante russo Igor Konashénkov disse que unidades do exército russo estão se aproximando de Tskhinvali. Segundo os separatistas, as tropas russas já teriam chegado à periferia da cidade, provocando um recuo dos georgianos.
O ministério russo da Defesa disse que os reforços foram enviados para "proteger as tropas russas de paz e os cidadãos da Geórgia". Segundo a Rússia, dez soldados russos teriam sido mortos nos conflitos.
A Rússia também informou que vai cortar todas as conexões aéreas com a Geórgia a partir deste sábado (9).
Mapa mostra a região do conflito. (Foto: Arte G1)
O presidente georgiano, Mikheil Saakashvili, criticou a Rússia pela incursão e disse que os russos estão "em guerra" contra a Geórgia.
"Isso é uma clara invasão do território de um outro país. Temos tanques russos em nosso território, aviões em nosso território em plena luz do dia", disse.
Segundo fontes da Geórgia, a aviação russa teria bombardeado a base militar de Kakha Lamaia, a 25 quilômetros de Tbilisi, capital do país. Três pessoas morreram em outro ataque, ao aeroporto de Marneuli, segundo o Ministério do Interior.
'Limpeza étnica'
Um correspondente da Reuters disse que o barulho dos aviões e das explosões era ensurdecedor a mais de três quilômetros de distância da cidade de Tskhinvali. Muitas casas estavam em chamas.
Combatentes da Ossétia do Sul tomam posição em floresta próximo à capital da região, Tskhinvali. (Foto: AP)
Andrei Chistyakov, correspondente da emissora de TV russa Vesti-24, disse ter visto que pelo menos 15 civis foram mortos em Tskhinvali, onde milhares de pessoas se refugiaram em porões.
"Estas são as pessoas cujos corpos foram vistos nas ruas e em seus quintais", disse por telefone.
O ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse ter recebido relatos de que cidades na Geórgia estariam sendo alvo de "limpeza étnica". Segundo ele, o número de refugiados cresce, e o pânico é crescente na província.
O Acnur (Alto Comissariado da ONU para Refugiados) disse ter recebido relatos de que há milhares de pessoas que tiveram de deixar suas casas na região.
A crise com a Geórgia é a primeira que o novo presidente russo Dmitry Medvedev enfrenta desde que assumiu o cargo, em maio. Ela desperta temores de uma guerra na região, que está se tornando uma importante rota para o trânsito de energia. Tanto a Rússia quanto o Ocidente tentam influenciar a área.
A Otan, a União Européia e os Estados Unidos, forte aliado da Geórgia, fizeram um apelo pelo fim do derramamento de sangue.
Repercussão diplomática
Os Estados Unidos disseram que defendem a integridade territorial da Geórgia e apelaram a um "imediato cessar-fogo" na Ossétia do Sul. Gonzalo Gallegos, porta-voz do Departamento de Estado, disse que os EUA mandaram um enviado à região para negociar com as partes em conflito.
Ao mesmo tempo, um diplomata belga confirmou à France Presse que o Conselho de Segurança da ONU vai reiniciar as conversações de emergência sobre o conflito na região.
O presidente dos EUA, George W. Bush, e o premiê russo, Vladimir Putin, discutiram o conflito nesta sexta-feira em Pequim, onde estão para acompanhar a abertura dos Jogos Olímpicos. "Eles discutiram a situação", disse Gordon Johndroe, porta-voz americano, sem acrescentar mais detalhes.
O Pentágono informou que está "monitorando de perto" a situação na região e que manteve contato com autoridades da Geórgia, mas não recebeu pedido de ajuda. Sphere: Related Content
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