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segunda-feira, 23 de junho de 2008

Lula sabe o que fez



O advogado Roberto Teixeira é amigo do presidente Lula há mais de 25 anos. Nessas duas décadas e meia prestou vários serviços ao presidente, pessoais e financeiros.

Além de ser padrinho de Luís Cláudio, filho mais novo do presidente, Roberto Teixeira tem a sua filha Valeska como afilhada de Lula. Por oito anos, Teixeira também cedeu à família Lula da Silva (sem cobrar nada) uma casa para que ela pudesse morar.

Quando Lula finalmente decidiu comprar um imóvel em 1996 (uma cobertura em São Bernardo do Campo), foi Teixeira quem o ajudou a fechar o negócio. O advogado chegou a comprar um carro de Lula para que o presidente pudesse "inteirar" a compra do imóvel. Outros dois apartamentos de Lula também já pertenceram a uma empresa que foi de Roberto Teixeira.

Após tanta generosidade, ficamos sabendo agora que Teixeira embolsou vários milhões de dólares para intermediar a venda da Varig à VarigLog. É um negócio cercado de suspeitas e possivelmente fora da lei, já que a legislação brasileira impede que grupos estrangeiros controlem uma empresa aérea nacional.

Com a ajuda de Teixeira, a VarigLog passou para as mãos do fundo estrangeiro Matlin Patterson. Outros três sócios brasileiros que entraram no negócio seriam apenas uma fachada para não caracterizar a ilegalidade.

Segundo a ex-diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) Denise Abreu, partiu do próprio Palácio do Planalto a decisão de dispensar os sócios na transação de comprovarem a origem do dinheiro para o negócio.

Lula já disse no passado que sua relação com Teixeira é só de amizade e que não é casado em comunhão de bens com o advogado. Disse também não saber quem são os clientes dele.


Reprodução/Reprodução
Larissa, filha de Roberto teixeira, Cristinao, genro de Teixeira, Lap Chan, do Matlin Patterson, Valeska, filha de Teixeira, Marco Audi, da VarigLog, Lula, Guilherme Laager, então presidente da varig, Eduardo Gallo, da VarigLog, Santiago Born, do Matlin Patterson e Roberto Teixeira
Larissa, filha de Roberto Teixeira, Cristino, genro de Teixeira, Lap Chan, do Matlin Patterson, Valeska, filha de Teixeira, Marco Audi, da VarigLog, Lula, Guilherme Laager, então presidente da Varig, Eduardo Gallo, da VarigLog, Santiago Born, do Matlin Patterson e Roberto Teixeira

Não é verdade. No caso específico da VarigLog, o presidente não apenas sabia quem eram os clientes de Teixeira como se deixou fotografar com todos eles dentro do Palácio do Planalto. Nesse caso, o presidente não tem como negar, como já fez no passado, que não conhecia os clientes do advogado. Clientes que, por sinal, devem ter ficado muito impressionados com o acesso que Teixeira tem ao seu amigo presidente.

Teixeira também não conta toda a verdade sobre o caso. Na semana passada, enrolou senadores em Brasília ao dizer que recebeu apenas US$ 350 mil da VarigLog para dar uma força no negócio. Quatro dias depois, reportagem do 'Estado' revelou que Teixeira recebeu pelo menos US$ 3,2 milhões. Agora, o próprio Teixeira admite que o contrato tem um valor total de US$ 5 milhões (R$ 8 milhões).

Em 2005, Lula afirmou que não sabia e que não foi avisado sobre o maior escândalo de seu governo, o mensalão. No caso da VarigLog, o presidente também pode negar que tenha tomado conhecimento das suspeitas de irregularidade que cercam o negócio, como a preponderância do capital estrangeiro no controle da empresa.

Mas não há dúvida sobre o que o presidente sabe: onde morou de graça nos oito anos financiados por Teixeira e o que estava fazendo naquela foto.

Fernando Canzian, 40, é repórter especial da Folha. Foi secretário de Redação, editor de Brasil e do Painel e correspondente em Washington e Nova York. Ganhou um Prêmio Esso em 2006.Escreve às segundas-feiras.

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