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sexta-feira, 13 de junho de 2008

CPI da Pedofilia determina prisão de dois suspeitos




Publicada em 12/06/2008 às 20h16m

Wagner Gomes, O Globo Online Márcio Aurélio Toledo durante depoimento à CPI - foto de João Clara, Diário de S. Paulo

SÃO PAULO - Dois suspeitos de participar de uma rede de pedofilia que agia em São Paulo foram presos na tarde desta quinta-feira, quando prestavam depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura o abuso sexual de crianças. David Mellero Junior e Valter José Ferreira tiveram a prisão preventiva decretada por 30 dias, a pedido da 5ª Delegacia Seccional da capital, que investiga um grupo comandado pelo operador de telemarketing e pai-de-santo Márcio Aurélio Toledo.

A sessão da CPI da Pedofilia ocorreu na Assembléia Legislativa de São Paulo e durou cerca de 4 horas. Cinco pessoas foram ouvidas. O pai de uma criança de 8 anos que foi abusada sexualmente prestou depoimento encapuzado para preservar a imagem do filho, que poderia ser reconhecido pelos colegas. Também prestou esclarecimento um diretor do UOL, Gil Torquato, um dos dos maiores provedores de internet do Brasil. Márcio Aurélio Toledo falou por cerca de 40 minutos, mas acrescentou poucas informações às investigações. Toledo negou participar da rede de pedofilia e disse que não conseguia identificar a maior parte das pessoas que foram apresentadas a ele por fotos e vídeos no plenário.

Houve acareação entre Márcio e os dois colegas, que desmentiram algumas de suas informações. Mellero reconheceu a cortina do quarto do pai-de-santo em uma cena de sexo com uma criança. Ferreira, que também é pai-de-santo, identificou um menino de 8 anos que sofria abuso e que era freqüentador do centro de umbanda. Ferreira, de 55 anos, morava com Márcio Toledo, mas disse desconhecer as atividades do amigo, em quem confiava até conhecer as provas apresentadas pela CPI. Mesmo assim, ele recebeu voz de prisão, foi algemado e encaminhado para o 77º Distrito Policial.

Valter José Ferreira também foi preso - foto de João Clara, Diário de S. Paulo A Polícia Civil de São Paulo identificou a rede de pedofilia que agendava encontros de crianças pela internet depois de três meses de investigações. Márcio Aurélio Toledo foi preso em 23 de maio. No dia 30, o esquema acabou se tornando público depois que o tenente Fernando Neves se matou, após saber que estava sendo investigado como participante do grupo . Em seu computador, foram encontradas imagens pornográficas de crianças. O tenente foi um dos primeiros a chegar ao prédio onde Isabella Nardoni, de 5 anos, foi arremessada da janela do sexto andar em 29 de março. Neves fazia naquela noite policiamento na Avenida Ataliba Leonel, próximo ao prédio da família Nardoni.

No depoimento à CPI nesta quinta-feira, Mellero admitiu que mantinha um relacionamento sexual com Márcio Aurélio Toledo. Ele contou que conheceu Toledo por um site de relacionamento, em uma sala de bate-papo. Mellero contou que os dois saíram três vezes, mas negou que tivesse envolvimento com o abuso sexual de crianças.

O senador Magno Malta, que preside a CPI, disse que, em uma ligação interceptada com autorização judicial, Toledo ofereceu um menino de 9 anos que ele dizia ser primo dele para ser "iniciado" por Mellero. Segundo o senador, em nenhum momento, Mellero questionou ou se mostrou horrorizado com o fato de uma criança ser oferecida para um encontro sexual.

Nesta sexta-feira, os depoimentos continuam. Além de um outro homem acusado de abusar sexualmente de duas sobrinhas, serão ouvidos os pais de uma vítima, a pessoa que denunciou o esquema comandado por Toledo, além de um médico especializado em crimes contra crianças e promotor de Justiça José Carlos Blat.

Delação premiada

O presidente da CPI, Magno Malta, disse que não dará delação premiada a Márcio Aurélio Toledo, já que ele se negou a informar o nome completo das pessoas envolvidas com pedofilia.

- Ele dá o primeiro nome (de homens que que aparecem abusando de crianças em fotos) e não quer dar o último. Muitas vezes, ele também mente sobre os fatos - disse Malta.

Na abertura dos trabalhos, o relator da CPI, senador Magno Malta, afirmou que os desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo ficaram chocados com as fotos de abusos que foram mostradas a eles. Magno Malta afirmou que a pedofilia é o principal dos crimes hediondos e é preciso que empresas de internet assinem termo de ajuste de conduta para que parem de publicar fotos de abusos de crianças.

- É a verdadeira degradação da raça humana - afirmou o senador.

Magno Malta afirmou que as pessoas imaginam o alvo da pedofilia são meninas com idade entre 13 e 15 anos, mas ressaltou que há casos de abuso de bebês de 30 dias e que muitos meninos estão sendo vítimas. Nesta quinta-feira, em Sorocaba, um homem foi preso em flagrante por abuso sexual contra menino de 4 anos. Para ele, a exposição de fotos na internet acabou revelando pedófilos de classe social mais alta, que muitas vezes até vestem toga e cumprem mandatos público.

O senador disse que é preciso tipificar o crime de pedofilia aumentando a pena para os criminosos para 30 anos de prisão. O Código Penal brasileiro estabelece a pena de 6 a 10 anos de reclusão para crimes de pedofilia e atentado violento ao pudor, que são considerados crimes hediondos. A idéia também é punir que facilita o encontro de crianças com pedófilos, que armazena material pornográfico em computadores e quem filma e fotografa menores sendo abusados sexualmente.

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