[Valid Atom 1.0]

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Planalto avisa ao PCdoB que partido deve entregar logo o Esporte, e ministro, o cargo

A deputada federal, Manuela D'Ávila  José Eduardo Cardoso chega para a festa de casamento de Paula Roussef, filha da ministra-chefe da casa Civil, Dilma Roussef nos salões da Sociedade Leopoldina Juvenil, que deve reunir 600 convidados. A cerimônia religiosa aconteceu as 20h30 desta sexta-feira na igreja São José e contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de sua esposa, Marisa Letícia, e de pelo menos seis ministros de Estado e oito governadores. FOTO: Paulo Dias / Preview.com

Publicada em 19/10/2011 às 23h41m
Gerson Camarotti (gcamarotti@bsb.oglobo.com.br) e Maria Lima (marlima@bsb.oglobo.com.br)

O ministro do Esporte Orlando Silva em foto de André Coelho
BRASÍLIA e MAPUTO (Moçambique) - Sem conseguir conter a crise política que envolve o ministro do Esporte, Orlando Silva, e seu partido, o Palácio do Planalto já emitiu sinais de que seria melhor o PCdoB entregar logo o cargo e conduzir o processo de saída do ministro. Segundo interlocutores da presidente Dilma Rousseff, quanto mais demorar essa solução, mais o PCdoB e o governo ficarão fragilizados. Dilma chega nesta quinta-feira à noite da viagem à África e pode se encontrar ainda nesta quinta-feira com Orlando e com o presidente do PCdoB, Renato Rabelo. Dirigentes do partido já admitiam reservadamente que podem ficar sem o Ministério do Esporte, tamanho o desgaste político.
DENÚNCIA:PM diz que entregará gravação à PF que será um nocaute
INFOGRÁFICO: Entenda o motivo da queda de cinco ministros
O desgaste atinge não só o ministro, que está no foco de denúncias de irregularidades, mas todo o partido, uma vez que o PCdoB comanda a pasta há quase nove anos, desde o primeiro ano do primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E desgasta a imagem do governo da presidente Dilma, que manteve o partido à frente do Esporte mesmo ciente dos desvios no programa Segundo Tempo nos últimos anos - a Controladoria Geral da União (CGU) apontou irregularidades em 67 convênios e o governo cobra mais de R$ 49 milhões em recursos desviados por ONGs, prefeituras e governos estaduais desde 2006.
Enquanto estava em Moçambique, nesta quarta-feira, a presidente Dilma foi informada por auxiliares do Palácio do Planalto que o tiroteio contra Orlando se intensificou, apesar das explicações do ministro e da avaliação política de que ele teve bom desempenho nos depoimentos na Câmara e no Senado. Já é reconhecido no núcleo do governo de que o ministro do Esporte está extremamente fragilizado, e que, se ficar no cargo, será uma espécie de "fantasma" até sua substituição definitiva na reforma ministerial que deve ocorrer em janeiro.
Integrantes do PCdoB receberam o recado do Planalto. Procurado pelo GLOBO, o presidente do partido, Renato Rabelo, reagiu à possibilidade de conduzir a saída de Orlando. Disse que conversaria com a presidente Dilma para avaliar a situação, mas adiantou que não aceita fazer acordo para a substituição do ministro.
- Pela boa relação que temos, vou conversar com a presidente Dilma e ouvir a opinião dela. Quando Dilma chegar, vou deixar claro que o ministro é dela. Ela é que decide. Neste caso, a dinâmica (para desgastar os ministros) se repete. Mas o PCdoB reage diferente. Há uma tentativa de desidratar o ministro e dizer que ele é politicamente inviável - disse Rabelo. - Foi criada a seguinte situação: "Como vou manter um ministro que está com desgaste?". Mas o PCdoB não vai piscar primeiro, não fazemos acordo assim. Vou falar para a presidente: "O ministro é seu".
Nas conversas de bastidores, setores do PCdoB apostavam na conversa com a presidente para tentar reverter o quadro, embora já admitindo que, se não receberem uma manifestação clara de apoio político de Dilma, a permanência no governo ficará inviável.
- Na luta política, não adianta só o que é justo. Depende muito da capacidade de reunir forças. E sem o governo do nosso lado, não teremos forças - reconheceu um líder do PCdoB.
Uma outra preocupação, essa mais pragmática, rondava nesta quarta-feira o PCdoB: os ataques ao ministro Orlando começam a atingir outros membros da legenda, com potenciais prejuízos eleitorais nas eleições municipais do ano que vem. Poderão respingar, principalmente, em nomes do partido que vão disputar eleições majoritárias em 2012. É o caso das deputadas Manuela D'Ávila (PCdoB-RS), para a prefeitura de Porto Alegre; Perpétua Almeida (PCdoB-AC), de Rio Branco; o presidente da Embratur, Flávio Dino (PCdoB-MA), para a prefeitura de São Luís; e o prefeito de Olinda Renildo Calheiros, que deve disputar a reeleição.
Os comunistas também constatavam que, se fosse na gestão do ex-presidente Lula, o ministro Orlando Silva já estaria blindado - o ministro até já recebeu um telefonema de solidariedade do ex-presidente, no fim de semana. De forma mais discreta, Lula tem defendido a permanência de Orlando, segundo relato de petistas.
Do outro lado, no governo, avalia-se que, apesar de Orlando Silva ter reagido rapidamente às acusações, o ministro e o PCdoB erraram na condução da crise ao partir para o ataque contra o governador Agnelo Queiroz (PT-DF). O PCdoB responsabilizou Agnelo pela proximidade com o soldado João Dias, pivô do escândalo envolvendo denúncias contra o programa Segundo Tempo.
- Não é inteligente colher inimigos entre os aliados, comentou um palaciano.
Diante disso, o PCdoB decidiu mandar emissários para tentar fazer uma reconciliação com o governador petista e, com isso, evitar o fogo cruzado com o aliado histórico. O presidente nacional do PT, Rui Falcão, foi lacônico ao ser questionado se o ministro tinha o apoio dos partidos da base aliada:
- Do PT, até o momento, sim - afirmou Rui Falcão sobre Orlando.
Entre os aliados, mesmo depois do depoimento de Orlando no Senado, o clima é de espera por fatos novos para definir se sustentam ou não sua permanência no cargo.
- A condição política do ministro não é boa, embora seja inquestionável que ele está sendo firme, partindo para cima de seu delator. Mas não ajuda o fato de ele aparecer todo dia nas páginas em denúncias de corrupção, e não para falar da Copa ou das Olimpíadas. Ele terá o apoio até que tudo seja esclarecido. Mas se acontecer um fato novo, ninguém segura - disse um cacique peemedebista.
Dilma monitora passos de Orlando
Da África, onde está desde a manhã de segunda-feira, a presidente Dilma está monitorando todos os passos de Orlando Silva e a repercussão política da crise, tendo avaliado nesta quarta-feira que os esclarecimentos feitos por ele no Congresso foram adequados, porém não suficientes para afastar a pressão política pela sua saída. Nem serviram para eliminar de vez as suspeitas que recaem sobre ele. Quando voltar a Brasília, ela deverá tratar pessoalmente do assunto. Nesta quarta-feira, Dilma chegou a Maputo, onde se encontrou com empresários brasileiros do setor de mineração e da construção civil e depois teve reunião com o presidente Armando Guebuza.
Para tentar minimizar o clima de apreensão na comitiva presidencial na África, o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, repetia nesta quarta-feira o discurso inicial da presidente Dilma, de que o governo continua se valendo da presunção de inocência. E criticou as denúncias sem provas do soldado da PM do Distrito Federal João Dias Ferreira, ex-filiado do PCdoB:
- Ele (João Dias) não tem currículo, ele tem prontuário. Quero ver como ele vai sair dessa.
Além dos depoimentos do ministro e de outras denúncias sobre irregularidades em convênios do Ministério do Esporte, Dilma acompanha atentamente, da viagem, as providências e apurações da Controladoria Geral da União (CGU). O comando do órgão tem mantido a presidente informada sobre a existência ou não de comprometimento do ministro em desvios já constatados.


© 1996 - 2011. Todos os direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A.

PC do B vai cair atirando

O que antes circulava nos bastidores de Brasília foi dito publicamente pelo senador Inácio Arruda (PC do B-CE), durante a fala do ministro do Esporte, Orlando Silva, ao Senado, nesta quarta-feira. O partido, abalado pelas revelações de um esquema de corrupção no Ministério dos Transportes, já demonstrou que não vai cair sozinho. Os principais alvos: PT e PMDB.

A cúpula da legenda já tinha levado ao Palácio do Planalto o recado de que uma queda de Orlando Silva pode levar a reboque o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), ex-titular da pasta e que responde a um inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para apurar fraudes no mesmo programa Segundo Tempo – o que aliás, pode levar a um inquérito unificado no Supremo Tribunal Federal (STF), como disse o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, nesta quarta.

A ameaça era, até agora, em tom velado. Na audiência do Senado tornou-se mais consistente. O senador Inácio Arruda questionou a quem interessaria expulsar Orlando Silva do ministério às vésperas de eventos como a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Lembrou que que o PC do B ganhou musculatura política e acabou virando vitrine.”Nós estamos prestes a completar 90 anos de idade porque nós topamos comprar e enfrentar todas as batalhas no campo político e ideológico. Senão, não teríamos 90 anos. Não teríamos chegado aqui. É porque nós topamos”, disse Arruda.

É esperar para ver os próximos lances. E os próximos alvos.

Ex-filiado aponta desvios para campanha do PC do B

Carta de ex-diretor de esportes de Alvorada (RS) acusa secretário de uso de verba que sobrava de programas para financiar campanha de Manuela D’Ávila

Adriana Caitano
Para Manuela D'Ávila, eleição já começou: "Acho o fim fazerem qualquer ilação que me envolva"   Para Manuela D'Ávila, eleição já começou: "Acho o fim fazerem qualquer ilação que me envolva" (Rodolfo Stuckert/Agência Câmara)
Uma carta divulgada nesta quarta-feira complica ainda mais a situação do PC do B. Em um texto escrito à mão em maio de 2010, Marcio Taylor, ex-diretor de esportes da cidade gaúcha de Alvorada, a 27 quilômetros da capital, Porto Alegre, afirma ter havido desvio de verba pública da prefeitura para a campanha da deputada federal Manuela D’Ávila (PCdoB). Na edição desta semana, VEJA revelou um esquema de corrupção envolvendo o ministro do Esporte, Orlando Silva, do mesmo partido.
O documento foi apreendido pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul durante a Operação Cartola, deflagrada em julho e que investigava desvios no valor de 30 milhões de reais de oito municípios gaúchos. Seu conteúdo foi publicado nesta quarta no jornal Zero Hora. A assessoria de imprensa da polícia gaúcha confirma a existência da carta, mas não comenta seu conteúdo.
Nela, Taylor, que era filiado ao PCdoB na época, dizia ao secretário de Juventude e Esportes de Alvorada, Nelson da Silva Flores, ter uma gravação que poderia provar o que afirmava: o secretário, da mesma legenda, ameaçava exonerá-lo caso ele não lhe entregasse o dinheiro que sobrava de projetos do setor.
No texto, ele cita dois programas da secretaria cujas sobras desviadas por Flores totalizavam 15.000 reais. “O senhor disse que poderia me exonerar se eu não continuasse trazendo esse dinheiro e que até o prefeito sabia desse seu modo de conseguir verba para a secretaria”, comenta o ex-diretor.
Leia também:
Com ministro enfraquecido, Dilma assume a Copa de 2014
Esporte ainda tem muitas 'caixas-pretas', afirma João Dias
Delator de esquema no Esporte falará à Câmara

Respostas - Durante entrevista coletiva concedida à imprensa local, nesta quarta, o secretário Nelson Flores disse que não sabia da existência da carta e negou as acusações. O prefeito de Alvorada, João Carlos Brum, também afirma desconhecer o texto e determinou a abertura de um processo administrativo para investigar o caso.
De acordo com a assessoria de imprensa de Brum, caso a autenticidade da carta e as informações que nela constam sejam confirmadas, os responsáveis serão afastados de seus cargos e punidos.
No site oficial do PC do B, o partido alega que a campanha eleitoral do partido no Rio Grande do Sul sequer teve contribuição vinda de Alvorada. “É uma tentativa de aproveitar o momento político nacional para atacar a deputada Manuela d'Ávila, que hoje lidera todas as pesquisas de intenção de voto para Prefeitura de Porto Alegre”, argumenta a legenda.
A deputada Manuela D'Ávila manifestou-se em seu blog pessoal, afirmando que vai processar Marcio Taylor civil e criminalmente por calúnia. “Acho o fim fazerem qualquer ilação que me envolva. Mas, pelo visto, a eleição já começou. Lamento que a opção de alguns seja pela mentira e tentativa de destruir a honra dos outros. Não é a minha. E nunca será”, destacou. “Quem tem que provar é ele. Cá entra nós, corrupção de 1500 reais? É patético”, acrescentou, no Twitter.











LAST

Sphere: Related Content
26/10/2008 free counters

Nenhum comentário: