Plantão | Publicada em 20/10/2011 às 00h40m
Demétrio Weber (demetrio@bsb.oglobo.com.br)Ele não revelou, porém, quem aparece na gravação:
- Essa vai ser nocaute.
Ferreira afirmou que não fez nem fará acordo de delação premiada. E disse que pediu proteção à PF. Ferreira disse que compareceu espontaneamente à PF e que retomará o depoimento na segunda. Amanhã (quinta-feira), ele irá à Procuradoria-Geral da República.
- Não tem acordo de delação. Nem agora, nem nunca - declarou.
Ferreira disse não ter apresentado à PF nenhuma gravação nesta quarta-feira, mas apenas transcrições de conversas envolvendo a cúpula do Ministério do Esporte, acerca de desvios no programa Segundo Tempo, além de documentos que comprovariam fraudes. Ele não esclareceu se o ministro Orlando aparece ou é mencionado nas transcrições. Ferreira disse ainda que o áudio que entregará na segunda-feira está em São Paulo, motivo pelo qual não pode ser levado ontem à PF. O soldado não explicou por que a gravação está em São Paulo.
Ele afirmou que listou cerca de 15 nomes de servidores e ex-servidores do ministério e donos de ONGs conveniadas ao Segundo Tempo, para que sejam ouvidos pela PF, na condição de testemunhas. Ele teria citado também três empresas que prestavam serviços às ONGs. Segundo Ferreira, o depoimento dessas pessoas comprovará os desvios. O soldado chegou a dizer que haveria políticos nessa lista, mas depois voltou atrás.
Ele negou irregularidades nas entidades que dirige e que foram alvo de operação da Polícia Civil do DF, no ano passado, quando Ferreira chegou a ser preso. O soldado mostrou áudio de um dirigente de empresa que teria negociado delação premiada e alega estar sofrendo pressão de um promotor para denunciar irregularidades.
Ferreira aproveitou para rebater crítica do líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), que o acusou de ser desqualificado. Segundo Ferreira, quem não é qualificado é o grupo do deputado.
Indagado se haveria envolvimento do governador do DF, Agnelo Queiroz, que foi ministro do Esporte de 2003 a 2006, Ferreira disse não ter conhecimento disso.
- Se tivesse, eu já teria (me) pronunciado.
Depois, porém, o soldado afirmou que não descarta a participação de ninguém que tenha ocupado cargos de direção no Ministério do Esporte nos últimos oito anos:
- Nem dele (Agnelo) nem de qualquer pessoa que passou pelo ministério nos últimos oito anos.
Ferreira anunciou que denuncirá irregularidades supostamente cometidas pelo deputado federal Paulo Tadeu (PT-DF), mas não adiantou o teor das acusações.
PC do B vai cair atirando
O
que antes circulava nos bastidores de Brasília foi dito publicamente
pelo senador Inácio Arruda (PC do B-CE), durante a fala do ministro do
Esporte, Orlando Silva, ao Senado, nesta quarta-feira. O partido,
abalado pelas revelações de um esquema de corrupção no Ministério dos
Transportes, já demonstrou que não vai cair sozinho. Os principais
alvos: PT e PMDB.
A cúpula da legenda já tinha levado ao Palácio do Planalto o
recado de que uma queda de Orlando Silva pode levar a reboque o
governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), ex-titular da pasta
e que responde a um inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STJ)
para apurar fraudes no mesmo programa Segundo Tempo – o que aliás, pode
levar a um inquérito unificado no Supremo Tribunal Federal (STF), como
disse o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, nesta quarta.
A ameaça era, até agora, em tom velado. Na audiência do Senado
tornou-se mais consistente. O senador Inácio Arruda questionou a quem
interessaria expulsar Orlando Silva do ministério às vésperas de eventos
como a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Lembrou que que o PC do B
ganhou musculatura política e acabou virando vitrine.”Nós estamos
prestes a completar 90 anos de idade porque nós topamos comprar e
enfrentar todas as batalhas no campo político e ideológico. Senão, não
teríamos 90 anos. Não teríamos chegado aqui. É porque nós topamos”,
disse Arruda.
É esperar para ver os próximos lances. E os próximos alvos.
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