Planalto avalia que a imagem do ministro já está muito desgastada para que ele se mantenha no cargo - e já avisou ao PC do B que quer a demissão de Silva
O ministro do Esporte, Orlando Silva, durante depoimento aos parlamentares
(Renato Araújo/ABr)
Mesmo estando em visita à África, a presidente Dilma Rousseff tem
acompanhado atentamente os desdobramentos do escândalo de corrupção no
Ministério do Esporte – e não está nada contente com o que viu. Na
avaliação do Planalto, embora o ministro Orlando Silva tenha se saído
bem nas explicações dadas à Câmara e ao Senado, seus depoimentos não
foram suficientes para aplacar o bombardeio sobre a pasta. Temendo um
desgaste ainda maior na imagem do governo, a presidente deve se reunir
entre quinta e sexta-feira com o ministro – e a expectativa é que
acertem a saída de Silva.De acordo com o jornal O Globo, o Planalto avalia que o desgaste político possa fragilizar o governo, caso a crise no Esporte se arraste por um longo período. Afinal, a presidente Dilma optou por seguir com Orlando Silva no Esporte a pedido de seu antecessor, embora a Controladoria Geral da União (CGU) já tivesse apontado irregularidades em 67 convênios da pasta desde 2006 – motivo pelo qual o governo cobra do Esporte a devolução de mais de 49 milhões de reais em recursos desviados por ONGs.
Dentro do PC do B, partido que controla o Esporte há nove anos, já se cogita a possibilidade de perda da pasta. “Pela boa relação que temos, vou conversar com a presidente Dilma e ouvir a opinião dela. Quando Dilma chegar, vou deixar claro que o ministro é dela. Ela é que decide”, afirmou ao Globo Renato Rabelo, presidente do partido. O recado passado à sigla pelo Planalto foi claro: se ficar, Orlando Silva será apenas um fantasma no cargo – já que Dilma assumiu para si as decisões relativas à Copa do Mundo de 2014 – e sairá de todo modo na reforma ministerial que a presidente pretende promover até janeiro.
Dilma chega de Angola, o último país de seu roteiro pela África, na noite desta quinta-feira. E já teria agendado uma reunião com o ministro Silva e Rabelo.
Escândalo - Na edição de VEJA desta semana, João Dias, responsável por duas entidades que receberam dinheiro da pasta, relatou que o PCdoB usava os convênios para fazer caixa de campanha. Das verbas destinadas às ONGs, até 20% eram desviados.
O próprio ministro recebeu uma caixa repleta de dinheiro, de acordo com uma das testemunhas do caso. Orlando Silva nega todas as acusações e diz que João Dias é um "bandido" que não tem qualquer credibilidade.
Na conta do Vaccarezza
Cândido Vaccarezza vai acabar pagando a conta pelo cochilo governista que resultou na aprovação dos depoimentos de João Dias e Célio Soares Pereira na Câmara: Ideli Salvatti certamente dirá à Dilma Rousseff que estava até o pescoço com a polêmica dos royalties no Senado.Um petista que não é lá um dos melhores amigos de Vaccarezza dá o tom da crítica:
– O governo tem aqui na Câmara alguém que deveria ter cuidado disso.
Vaccarezza, no entanto, argumenta que o governo não cochilou, apenas não deu importância para João Dias:
– Você acha que o governo cochila? Se fosse importante, o próprio PCdoB estaria na comissão.
Vaccarezza diz que o governo ignorou o algoz de Orlando Silva porque ele não terá o que dizer na Câmara:
– O que ele tiver para falar ele vai dizer na PF e na VEJA. Acho que ele nem vai à comissão.
Dossiê Manuela
Bola de neve comunista).
Para piorar a situação de Manuela, ontem à tarde, um petista circulava na Câmara com um dossiê supostamente prejudicial ao PCdoB gaúcho.
Por Lauro Jardim
Alvo de escândalo regional, Manuela d’Ávila
voltou às pressas para o Rio Grande do Sul. Pegou o avião no final da
tarde de ontem prometendo se reunir com advogados para processar o
militante do PCdoB que envolveu seu nome em desvios de verba públicas
para custear sua campanha (leia mais em Para piorar a situação de Manuela, ontem à tarde, um petista circulava na Câmara com um dossiê supostamente prejudicial ao PCdoB gaúcho.
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