Ministro do Esporte deve conversar com Dilma ainda nesta quinta; cúpula do PC do B manifestou apoio integral a Orlando Silva
Luciana Marques
Orlando Silva: "Reunião com a presidente Dilma é um privilégio"
(Sérgio Lima/Folhapress)
O ministro do Esporte, Orlando Silva, afirmou nesta quinta-feira, após reunião com a cúpula do PC do B,
que está preparado para a conversa que deve ter até o fim do dia com a
presidente Dilma Rousseff sobre sua situação política. “Estou sempre à
disposição, reunião com a presidente Dilma é um privilégio”, afirmou ao
site de VEJA. “Estou sempre preparado para discutir qualquer assunto com
a presidente”. Dilma chega de viagem à Brasília no fim do dia, quando
deve se encontrar com o comunista.O ministro disse não temer ser demitido diante da suspeita de ter recebido propina na garagem do prédio do ministério, como revelou VEJA: “Estou muito tranquilo, sereno, confiante”. Orlando Silva disse ainda que recebeu apoio do partido para continuar à frente do cargo e que seu trabalho segue normalmente. Ele afirmou, por exemplo, que tem conversado com a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, sobre assuntos relativos à Copa do Mundo de 2014. “Conversamos sempre ao telefone sobre temas do ministério, tarefas que temos em relação à Copa”, disse. “A rotina de trabalho segue”, completou.
Apoio - A reunião da comissão política do PCdoB, que reúne dirigentes e parlamentares, começou às 9 horas e durou seis horas. O encontro estava previamente marcado para ocorrer em São Paulo, no entanto, diante da crise no Esporte, foi transferido para Brasília. Os comunistas manifestaram apoio integral ao ministro e disseram que a saída dele neste momento representaria o linchamento da legenda. “A demissão do ministro implicaria em desmoralização política e ética da figura do Orlando” disse o secretário do Meio Ambiente da sigla, o ex-deputado Aldo Arantes. “Não haverá afastamento, nem substituição do ministro”, afirmou.
Os dois senadores comunistas Vanessa Grazziotin (AM) e Inácio Arruda (CE) também negaram que o partido discuta nomes para substituir Orlando Silva. “Não tem a menor hipótese de a legenda escolher outros nomes. O cargo é da presidente Dilma”, disse Arruda. “Se a presidente Dilma decidir pela saída, a gente volta, senta e conversa”, completou Vanessa.
De acordo com a senadora, o ministro levará à presidente Dilma documentos que comprovariam a inocência dele no caso. Ela admitiu indiretamente, no entanto, temer o conteúdo da gravação que o delator do esquema, o policial militar João Dias, diz ter em mãos. “A reunião tem começo, meio e fim. Não adianta trazer só um pedaço da gravação”, afirmou Vanessa Grazziotin.
O ministro Orlando Silva entrou nesta quinta-feira com uma queixa-crime na Justiça por calúnia contra o policial militar João Dias.
Escândalo - Na edição de VEJA desta semana, João Dias, responsável por duas entidades que receberam dinheiro da pasta, relatou que o PCdoB usava os convênios para fazer caixa de campanha. Das verbas destinadas às ONGs, até 20% eram desviados.
O próprio ministro recebeu uma caixa repleta de dinheiro, de acordo com uma das testemunhas do caso. Orlando Silva nega todas as acusações e diz que João Dias é um "bandido" que não tem qualquer credibilidade.
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