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sábado, 19 de março de 2011

Rebeldes desmentem cessar-fogo na Líbia


O Globo

BENGHAZI, Líbia - O anúncio do cessar-fogo feito pelo governo líbio foi cercado de controvérsia. Enquanto o regime de Muamar Kadafi afirmava ter suspendido todas operações militares, rebeldes e testemunhas afirmavam que os combates continuavam em Misurata, no oeste, e Ajdabiya, no leste do país — o que o governo líbio negou.

Além do cessar-fogo, o chanceler Moussa Koussa afirmou que todos os estrangeiros seriam protegidos e que seu país estava interessado em “abrir vias de diálogo com quem estiver interessado na unidade territorial da Líbia”.

— Decidimos um cessar-fogo imediato e deter imediatamente todas as operações militares — disse o chanceler Moussa Koussa, horas após o Conselho de Segurança da ONU aprovar uma resolução prevendo uma zona de exclusão aérea no país.

No entanto, de Ajdabiya e Misurata vinham relatos de combates. Mohamed Ibrahim, um engenheiro membro do movimento rebelde, disse que o cessar-fogo era uma mentira:

— Estamos contentes com a zona de exclusão aérea. Kadafi é um mentiroso. Ele continua a bombardear nossa gente em Misurata e Ajdabiya. Mas não tememos um ataque: estamos prontos para nos defender”— disse Ibrahim ao GLOBO.

Sob ataque, o último bastião rebelde no oeste

Os tanques entraram ontem pela manhã em Misurata, a 200 quilômetros de Trípoli, disparando contra casas, hospitais e uma mesquita, matando 38 pessoas. Um médico disse que ambulâncias foram atacadas, enquanto um morador contou 40 tanques na cidade.

— Estão matando todo mundo — disse o homem que se identificou como Mohamed.

Mesmo após o anúncio do chanceler, um morador contou à TV al-Jazeera que Misurata continuava sob o ataque de tanques e artilharia, enquanto tiros eram ouvidos ao fundo, no último bastião rebelde no oeste líbio. Se Misurata for retomada, o país ficará dividido, com os rebeldes acuados no leste.

— O cessar-fogo não aconteceu. Continuam a atacar e matar as pessoas aqui — disse o morador Abdulbasid Abu Muzairik.

Os contatos eram difíceis com Ajdabiya, a 160 quilômetros de Benghazi. Mas testemunhas disseram por telefone que os combates continuavam. A cidade estava cercada.

Na sexta-feira, as forças de Kadafi já estavam a 50 quilômetros de Benghazi, onde, esperançosos, os moradores comemoraram a decisão da ONU. Na véspera, o próprio Kadafi dissera que não demonstraria misericórdia com quem não se entregasse. À tarde, o governo afirmou que a presença das tropas perto não violava o cessar-fogo e afirmou ter suspendido os bombardeios.

Cerca de 300 mil pessoas já deixaram a Líbia, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), um número que pode aumentar.

“Os eventos nos próximos dias serão cruciais em relação a um possível fluxo maciço de deslocados no leste da Líbia”, disse em Genebra a porta-voz do Acnur, Melissa Fleming.

Devem deixar o país também os quatro jornalistas do “New York Times” que estavam desaparecidos na Líbia. Eles haviam sido presos e serão libertados em breve, disse Saif al-Islam, filho de Kadafi, em entrevista à rede de TV americana ABC. Os quatro entraram no país sem visto, e pelo menos um deles teria sido capturado em Ajdabiya. Além de Anthony Shadid, vencedor do prêmio Pulitzer em duas ocasiões, o grupo é formado por dois fotógrafos, Tyler Hicks e Lynsey Addario, e o repórter Stephen Farrell, que foi capturado pelo Talibã em 2009 no Afeganistão e resgatado por britânicos.







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