Horas após o início dos ataques da coalizão de países ocidentais às forças de segurança na Líbia, o coronel Muamar Khadafi pediu que os líbios se armassem para a "revolução". Em comunicado, Khadafi disse que os líbios enfrentariam a agressão "colonial".
Horas antes, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse à imprensa americana em Brasília que autorizou ação militar americana contra as forças de segurança da Líbia. Neste sábado, navios de guerra americanos dispararam mísseis contra o sistema de defesa aérea do governo.
Aviões militares franceses e britânicos também sobrevoam o país, com objetivo de pôr em prática a zona de exclusão aérea autorizada na última quinta-feira pelo Conselho de Segurança da ONU.
No pronunciamento exibido no canal de TV estatal, Khadafi disse que o Mediterrâneo e o Norte da África se tornaram um "campo de batalha" e que ele abrirá "os depósitos de armas para defender a unidade, soberania e poder da Líbia".
"Esta agressão só torna o povo líbio mais forte e consolida sua vontade."
Ele disse que o ataque poderia dar início a uma "nova cruzada" do ocidente no Oriente Médio e pediu a africanos, árabes, latino-americanos e asiáticos que apoiem o povo líbio contra o inimigo.
Mais de 100 mísseis foram disparados por aviões de guerra americanos e britânicos dispararam contra o sistema de defesa aérea da Líbia, em Trípoli.
O porta-voz do parlamento líbio disse que áreas civis foram atingidas e que houve mortes. No entanto, um correspondente da BBC na capital disse que a cidade parecia normal.
Operação
Em visita oficial ao Brasil neste sábado, o presidente Obama disse que os Estados Unidos estavam começando "uma ação militar limitada" como parte de uma "grande coalizão".
"Não podemos ser negligentes quando um tirano diz a seu povo que não haverá misericórdia", disse.
Minutos antes, o primeiro-ministro David Cameron confirmou que aviões britânicos estão no país e disse que a ação militar contra a Líbia é "necessária, legal e correta".
Horas antes, caças franceses Rafale deram início aos ataques aéreos na Líbia, destruindo diversos tanques e veículos militares blindados das forças pró-Khadafi, segundo o Ministério da Defesa da França.
Em entrevista ao canal de TV France 2, o ministro das Relações Exteriores da França, Alain Juppé, declarou que “os ataques vão continuar nos próximos dias, até que o regime líbio cesse a violência contra sua população”.
Juppé descartou qualquer intervenção militar terrestre, como prevê a resolução da ONU, e afirmou que o objetivo da coalizão internacional “é permitir ao povo líbio escolher o seu regime”.
Críticas
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse que lamenta a decisão das potências ocidentais de realizarem uma ação militar na Líbia. O governo russo também pediu por um cessar-fogo na Líbia assim que possível.
Antes, o coronel Muamar Khadafi disse que a resolução da ONU sobre a zona de exclusão aérea é "inválida".
O presidente venezuelano Hugo Chávez também condenou a ação militar internacional na Líbia e a chamou de "irresponsável".
Já o premiê italiano, Silvio Berlusconi, disse que as bases italianas estão disponíveis para serem usadas na operação para a imposição da zona de exclusão aérea na Líbia.
Resolução
Na última quinta-feira, a ONU adotou a resolução 1.973, que instaura uma zona de exclusão aérea na Líbia para proteger os civis de bombardeios e autoriza os Estados membros a tomarem "todas as medidas necessárias" para proteger os civis dos ataques, excluindo a possibilidade de envio de forças de ocupação estrangeiras.
O governo líbio anunciou um cessar-fogo na sexta-feira, mas desde o princípio os rebeldes e líderes da comunidade internacional se mostraram reticentes em relação ao anúncio.
Neste sábado, a reportagem de BBC em Benghazi testemunhou a entrada de tanques das forças do coronel Muamar Khadafi entraram na cidade.
A violência em Benghazi fez com que centenas de carros deixassem a cidade em direção à fronteira com o Egito, ainda mais ao leste do país. Outros tentam fugir a pé.
Muamar Khadafi, que está no poder há 40 anos, enfrenta o pior levante da oposição na Líbia.
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