Suspeito de extorsão diz que recebeu R$800 mil do padre Lancelotti, segundo advogado
27/10 - 15:13 - Redação
SÃO PAULO - O acusado de extorquir o padre Júlio Lancellotti, Anderson Marcos Batista, de 25 anos, declarou, em depoimento à polícia, neste sábado que recebeu cerca de R$ 800 mil do religioso, segundo a "Agência Estado". Em depoimento, o padre havia dito que deu uma quantia de R$ 80 mil ao ex-interno da Febem - Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (atual Fundação Casa). Ainda de acordo com a publicação, a polícia pedirá na segunda-feira a quebra do sigilo bancário de Lancelotti para apurar as informações.
A divulgação do valor alegado pelo acusado foi feita pelo advogado dele, Nelson Bernardo da Costa. O advogado de Lancelotti, Luiz Eduardo Greenhalgh, negou as afirmações.
Greenhalgh também rebateu as acusações de Anderson de que mantinha relações sexuais com o padre desde os 16 anos. "Isso é uma grande mentira. O padre Júlio é vitima de um processo de extorsão. Foi o padre quem denunciou à polícia este processo de extorsão”, disse.
Anderson foi preso na noite de sexta-feira junto com sua mulher, Conceição Eletério, e o amigo Evandro Guimarães, também acusados do crime. Os três foram levados à Delegacia do bairro do Belém (81º DP), na zona leste, para prestar depoimento e, em seguida, ao Instituto Médico Legal Central para exame de corpo de delito. A polícia estava à sua procura desde agosto.
O religioso está em São Paulo, mas não quis falar sobre o assunto.
Em entrevista coletiva, o delegado André Pimentel, do Setor de Investigações Gerais (SIG) da 5ª Seccional, disse que não há comprovação das acusações feitas pelo advogado do ex-interno e destacou que Lancelotti, até o momento, é vítima.
O caso
O ex-interno da Febem Anderson Marcos Batista, de 25 anos, e a sua companheira, Conceição Eletério, de 44, são acusados de formação de quadrilha para extorquir o Padre Lancelotti. Eles coagiriam o religioso por meio de bilhetes com chantagem envolvendo acusação de exploração sexual, enviados pelos irmãos Everton e Evandro dos Santos Guimarães. Entre as exigências atendidas pelo religioso, estava o financiamento de um carro para o casal.
Famoso por seu trabalho em defesa dos moradores de rua, crianças portadoras do vírus da Aids e outros desfavorecidos, o Padre Júlio Lancellotti é um dos responsáveis pelas mudanças que levaram a Febem a mudar sua estrutura e de nome, uma vez que sempre denunciou o desrespeito aos direitos humanos de seus internos.
É, estou acompanhando o drama do padre Lancellotti. Os bandidos lhe fazem muitas acusações, que têm de ser apuradas com a devida cautela, já que são bandidos pegos com a boca na botija contra um padre.
Mas nessa história existe uma pergunta certeira, que nem a mídia esquerdista é capaz de se esquivar, apesar dos esforços. Onde foi que o padre arrumou tanta grana? Quando se pergunta isso não se está querendo "dirigir" o debate, mas querendo desatar o principal nó da trama.
Abaixo uma notícia de hoje e no link umas coisas interessantes que Diogo Mainardi diz sobre Julio Lancellotti e Frei Betto. Não adianta, o disfarce não esconde o porco, seja terno, batina ou discurso moralista de fachada.
'Uma testemunha do caso de extorsão ao padre Julio Lancellotti foi ameaçada por traficantes. O homem disse que o estão chamando...
09/11/2007 - 10h25
'Uma testemunha do caso de extorsão ao padre Julio Lancellotti foi ameaçada por traficantes. O homem disse que o estão chamando de cagüete', informa O Estado de S. Paulo. 'No mesmo dia do depoimento da testemunha, o ex-interno da Febem Anderson Marcos Batista, sua mulher, Conceição Eletério, e Evandro Guimarães foram presos', acrescenta o diário paulista. Abaixo, a nota na íntegra.
Testemunha do caso de extorsão é ameaçada
Uma testemunha do caso de extorsão ao padre Julio Lancellotti foi ameaçada por traficantes. O homem disse que o estão chamando de cagüete. No mesmo dia do depoimento da testemunha, o ex-interno da Febem Anderson Marcos Batista, sua mulher, Conceição Eletério, e Evandro Guimarães foram presos. O homem é dono da oficina em frente à pensão de Batista, no Belém, zona leste. Ele fechou seu negócio por temer represálias.
Fonte: O Estado de S. Paulo
Justiça mantém absolvição de acusados de extorquir padre Júlio Lancelotti em SP
Padre afirmou ter pago R$ 150 mil aos acusados, que o ameaçavam com denúncias falsas de pedofilia
SÃO PAULO - A 12ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo rejeitou, no último dia 2, recurso do Ministério Público e manteve a absolvição dos quatro acusados de extorquir dinheiro do padre Júlio Lancelotti. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do TJ nesta terça-feira, 15. O caso está em segredo de Justiça.
O ex-interno da Febem Anderson Marcos Batista, 26, sua mulher, Conceição Eletério, de 45, e os irmãos Evandro, de 29, e Everson Guimarães, 27, já tinham sido absolvidos da acusação de extorsão e formação de quadrilha em junho de 2008. Os quatro foram denunciados pelo próprio padre Júlio em 2007.
Segundo o padre, o grupo o ameaçava com denúncias falsas de pedofilia. Lancelotti afirmou ter pago R$ 150 mil aos acusados e disse que deu dinheiro a Batista por medo de ser agredido e porque acreditava que "poderia mudar as pessoas que o extorquiam". Já Batista negou a chantagem e afirmou ter recebido R$ 700 mil do padre durante os seis anos de relacionamento com ele.
Polícia vai pedir quebra de sigilo bancário de padre Júlio Lancelotti
Delegado quer saber de onde veio o dinheiro que foi dado à Anderson Marcos Batista, ex-interno da Febem preso nesta sexta-feira
27/10/2007 | 18:32 | O Globo OnlineA polícia vai pedir a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico do padre Júlio Lancelotti e dos suspeitos acusados de extorsão contra o religioso. O delegado André Luiz Pimentel, que preside o inquérito, quer saber de onde veio o dinheiro que foi dado à Anderson Marcos Batista, ex-interno da Febem preso nesta sexta-feira junto com a mulher dele, Conceição Eletério, e um outro suspeito, Evandro Guimarães.
Anderson diz que recebeu R$ 700 mil do padre nos últimos anos e que não sabia de onde vinha o dinheiro. Existe uma suspeita de que os recursos tenham sido desviados de Organizações Não- Governamentais (ONGs). Apesar de a polícia estudar a quebra do sigilo do padre, ele ainda é tratado como vítima, segundo Pimentel. Ele disse que Júlio Lancelotti teria dito, de maneira informal, que a Cúria Metropolitana da Igreja Católica estuda pedir a decretação de segredo de Justiça do processo para resguardar a imagem do padre.
Em entrevista coletiva na tarde deste sábado, o advogado de Anderson, Nelson Bernardo da Costa, disse que Anderson conheceu o padre com 16 anos de idade e mantinha relação sexual com ele desde então.
- Nunca houve chantagem, nunca houve extorsão. Ele tinha uma amizade com o padre que se tornou um relacionamento sexual. Ele (Anderson) disse que teve dinheiro repassado durante seis ou sete anos e que totalizaram cerca de R$ 600 mil a R$ 700 mil. Com esse dinheiro, ele comprou carros, vários carros de luxo, uma casa, vários bens. Gastava, saía na noite - disse Costa.
Segundo o advogado, Júlio Lancelotti teria chegado a acobertar uma fuga de Anderson em 1998 da Febem Tatuapé. O padre teria pago uma hospedagem para o menor e ainda passado a procurá-lo constantemente no local. A Polícia Civil abriu inquérito para verificar se o padre Júlio Lancelotti cometeu corrupção de menores.
Anderson Marcos Batista estava foragido desde o mês passado quando foi denunciado pelo padre. Ele foi preso nesta sexta-feira em um apartamento na Rua Riachuelo, no centro de São Paulo. Os três suspeitos foram levados para o 31º DP, na zona leste da capital e prestaram depoimento durante a madrugada. A polícia chegou ao trio com base em informações fornecidas durante o depoimento de uma testemunha na tarde de sexta-feira.
Vítima
O padre Júlio está em São Paulo, mas, por enquanto, não vai se pronunciar. O advogado do religioso, Luiz Eduardo Greenhalgh, assumiu a defesa de Júlio Lancelotti. Ele reafirmou que o padre foi vítima de um processo de extorsão. Lancelotti é conhecido por ser um dos principais defensores dos direitos de jovens infratores e moradores de rua de São Paulo.
- Foi o padre Júlio que denunciou à polícia o processo de extorsão. Foi o padre Júlio que disse à polícia porque estava sendo extorquido. Portanto, ele é vítima. As declarações do advogado representam um cliente que é violento. É um cliente que tem mais de dez inquéritos, cinco sobre extorsões. Então, nós temos que sopesar se nós vamos dar guarida à palavra de um bandido ou se vamos dar guarida à palavra do padre Júlio. Eu quero que se estabeleça a presunção de inocência do padre porque foi ele que denunciou a armação contra ele - disse Greenhalgh.
Anderson teria conhecido o padre na Febem, onde foi internado por roubo. Ao sair da instituição, em 2000, ele teria começado a pedir ajuda ao religioso e mais tarde passado a exigir mais dinheiro. Foi o próprio padre que procurou a polícia para denunciar o crime. Júlio Lancelotti disse que pagou até prestações de um jipe Pajero comprado em 2004. Após o padre levar o caso à polícia, o faxineiro Everson Guimarães, de 26 anos (irmão de Evandro), foi preso em flagrante no dia 6 de setembro, logo depois de pegar, com Lancelotti, um envelope com R$ 2 mil a mando de Anderson.
A mesma testemunha que ajudou a polícia a localizar os foragidos, um morador do bairro onde Anderson vivia com sua mulher, disse no depoimento de ontem que, além dos irmãos Everson e Evandro, pelo menos outras quatro pessoas funcionavam como mensageiros do ex-interno da Febem para supostamente extorquir o padre. A mesma testemunha revelou que Anderson teve uma ascensão financeira "meteórica" e disse que o padre tinha ciúme do ex-interno . O vizinho dos acusados citou nomes de outras pessoas que entregavam envelopes brancos com altas quantias de dinheiro.
- Tinha um tal de Messias, a Glória, acho que outro era Marcos e, a empregada do Anderson, uma tal de Sandra, também - revelou a testemunha, de 42 anos.
A polícia vai tentar identificar as pessoas.
O vizinho conheceu Anderson há sete anos.
- Foi quando saiu da Febem. Depois de uns seis meses, chegou a Conceição. Eram humildes - disse.
A testemunha revelou que, um ano depois, Anderson começou a circular com carros de luxo, roupas de marca e a pagar gastos de amigos em bares.
- Na mesma época em que começou a freqüentar a igreja do padre Júlio - afirmou.
Escândalo |
Agência Unipress Internacional Mais uma vez o Clero Romano tem o seu nome envolvido num escândalo de abuso sexual, comprometendo cada vez mais a imagem da instituição. A acusação desta vez é de um ex-interno da Febem (atual Fundação Casa), Anderson Marcos Batista, 25 anos. Ele afirmou à polícia que manteve relacionamento homossexual com o padre Júlio Lancelloti, 58, fundador da Casa Vida - residência de crianças portadoras do vírus HIV. Acusado de extorsão pelo padre, Batista foi preso com a mulher, Conceição Eletério, e Evandro dos Santos Guimarães. Ele disse que recebeu entre R$ 600 mil e R$ 700 mil de Lancelloti, que teria dado a quantia espontaneamente porque os dois mantiveram um relacionamento sexual durante oito anos. Com o dinheiro, comprou uma casa e carros de luxo. Em agosto, o padre procurou a polícia e denunciou o rapaz, alegando ter pago R$ 56 mil, já que vinha sendo chantageado. Segundo Lancelotti, caso não pagasse, Batista prometia denunciá-lo por pedofilia. O padre, que ganha cerca de R$ 3 mil mensais, não soube explicar a origem da dinheirama dada ao rapaz e que tipo de amizade mantinha com o garoto. Além das acusações de envolvimento sexual com Batista, o padre está sendo investigado por corrupção de menores após denúncia de uma mulher que trabalhou para ele por quase um ano. Ela afirmou ter visto Lancelloti aos beijos com um menino de 15 anos. Isso teria acontecido em 1999 dentro da Casa Vida. – O menino tinha de 15 para 16 anos e apareceu do nada. O padre não disse de onde ele veio. Lá era uma casa só para crianças com HIV, mas esse menino não era soropositivo. Sei porque eu preparava os coquetéis e ele não tomava. O padre disse que o menino ia morar na casa porque precisava de uma atenção – denuncia a testemunha, que é enfermeira, trabalhou na Febem e tem experiência em mais de 15 anos no trato de menores infratores. Ela acrescenta que viu o padre beijando a boca do menino. – Numa noite, ouvi o padre e o menino conversando na sala de televisão, no andar de baixo. Quando desci para pegar água, vi os dois se beijando na boca. Eles estavam de pé. O padre envolvia o menino com um braço e lhe fazia carinho no rosto. Não parecia haver coação. Quando vi a cena, subi correndo as escadas. Não sei se eles me viram, mas certamente escutaram o barulho. Após uma semana, o padre nos comunicou que tinha encontrado droga nas coisas do menino e o havia mandado embora. Duas semanas depois, ele me mandou de volta para a Febem – disse. De acordo com as acusações, o padre Lancelloti ainda espancava as meninas da ONG. – Socorri três que haviam sido surradas por ele. As agressões aconteciam sempre de dia, dentro do escritório dele, com a porta fechada. Como eu trabalhava à noite, chegava apenas a tempo de ver as meninas com muitos hematomas – acrescenta a mulher, que só resolveu tornar pública as denúncias depois que a história de Batista veio à tona. – Eu era só uma funcionária e o padre Júlio, uma pessoa influente. É claro que iam acreditar nele e não em mim. Também fiquei com medo de morrer. Eu trabalhei nesse meio (antiga Febem) e sei que poderia sofrer alguma represália. Em entrevista à ‘Folha de São Paulo’, o advogado do padre, Luiz Eduardo Greenhalgh, argumenta que há “uma confluência de interesses” por trás de tudo isso. Ele citou questões religiosas.Sexo após missa O jovem Batista teria descrito a seu advogado, Nelson Bernardo da Costa, detalhes do corpo do religioso que poderiam ser comprovados. De acordo com Costa, seu cliente disse que as relações passaram de um abuso na adolescência, quando ele tinha 16 anos, para um consentimento na fase adulta. As relações sexuais aconteciam após as missas celebradas pelo padre Júlio Lancelloti. Ele diz também que o padre fazia sexo com outros adolescentes e teria demonstrado ciúmes após o casamento de Batista. De acordo com o advogado, o jovem revelou que muitas vezes mantinha relações num quartinho, nos fundos da igreja, citando inclusive os móveis que lá existem. O advogado acrescenta que, no começo, Batista recebia do padre roupas e outros objetos. |
Justiça mantém absolvição de acusados de extorquir padre Júlio Lancelotti
A Justiça de São Paulo rejeitou o recurso do Ministério Público e manteve a decisão que absolveu os quatro acusados de extorquir dinheiro do padre Júlio Lancelotti. A decisão foi tomada na última quinta-feira (10) pela 12ª Câmara Criminal. O caso está em segredo de Justiça.
O ex-interno da Febem (atual Fundação Casa) Anderson Marcos Batista, 26, sua mulher, Conceição Eletério, 45, e os irmãos Evandro, 29, e Everson Guimarães, 27, já tinham sido absolvidos da acusação que inclui ainda formação de quadrilha em julho de 2008.
Os acusados foram denunciados pelo próprio padre Júlio em 2007. De acordo com Lancelotti, eles o ameaçavam com denúncias falsas de pedofilia. Ele disse ter pago R$150 mil aos quatro por causa das extorsões. E afirmou ainda que deu dinheiro a Batista por sentir medo de ser agredido e porque acreditava que "poderia mudar as pessoas que o extorquiam".
Batista, que é ex-interno na Febem, a atual Fundação Casa, negou a chantagem e afirmou ter recebido R$ 700 mil do padre durante seis anos de relação que os dois teriam mantido.
DE SÃO PAULO
Acusados pela Polícia Civil e pelo Ministério Público Estadual de uma nova tentativa de extorsão de dinheiro contra o padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo, o casal Anderson Marcos Batista e Conceição Eletério teve a prisão preventiva decretada dia 10 de fevereiro pela 25ª Vara Criminal da capital. Batista é ex-interno da Febem (atual Fundação Casa).
De acordo com a acusação do promotor Eder Segura, Batista e Conceição ameaçaram "dar um tiro na cabeça" do padre Lancelotti caso ele não pagasse dinheiro para os dois. A ameaça foi no dia 11 de janeiro. Uma câmera de segurança de uma rua no bairro do Belenzinho filmou a abordagem do casal do padre.
"Vou voltar armado e vou lhe matar, vou lhe dar um tiro na cabeça". Não pense você que eu tenho medo da polícia, não tenho, não", foi a frase que o padre disse ter ouvido de Conceição.
O casal também ligou várias vezes para o padre de um telefone celular já rastreado pela Polícia Civil.
Diante da investigação da Polícia Civil e da acusação do promotor Segura, o juiz Eduardo Crescenti Abdalla, da 25ª Vara Criminal, mandou prender o casal, que considerado foragido da Justiça desde 10 de fevereiro.
Entre 2007 e 2008, Batista e Conceição foram processados por formação de quadrilha e extorsão contra o padre Lancelotti. Ao lado de dois irmãos, o casal teria ameaçado o padre com denúncias falsas de pedofilia.
O padre disse ter pago R$150 mil aos quatro por causa das extorsões. À época, Lancelotti afirmou à polícia ter dado o dinheiro a Batista por sentir medo de ser agredido e porque acreditava que "poderia mudar as pessoas que o extorquiam".
A reportagem não conseguiu localizar os advogados de defesa do casal.
Justiça absolve acusados de formação de quadrilha e extorsão contra o padre Júlio Lancelotti
Especial para o UOL NotíciasA Justiça absolveu as quatro pessoas acusadas de formação de quadrilha e crime de extorsão contra o padre Júlio Lancelotti. A decisão, por votação unânime, é da 12ª Câmara Criminal do Tribunal de São Paulo, que negou recurso ao Ministério Público.
O tribunal entendeu que o fato apontado na denúncia, em tese, é infração penal, mas a acusação não conseguiu comprovar. Para os desembargadores, não houve prova que incriminasse Anderson Marcos Batista, Conceição Eletério, Éverson dos Santos Guimarães e Evandro dos Santos Guimarães.
O padre Júlio Lancelotti denunciou, em agosto de 2007, que sofria ameaças por parte do grupo. Segundo o religioso, os acusados exigiam dinheiro e, no caso de não atender aos pedidos, poderia ser vítima de uma falsa denúncia de pedofilia. A Polícia abriu inquérito e concluiu que houve os crimes de extorsão e formação de quadrilha.
O juiz Júlio Caio Farto Salles, da 31ª Vara Criminal, absolveu os acusados alegando falta de provas. O Ministério Público apelou da decisão. O advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, assistente de acusação, defendeu que havia prova suficiente da prática do crime de extorsão contra o padre Júlio Lancelotti.
“Os acusados atuavam na forma de quadrilha, ameaçando e extorquindo o padre Júlio [Lancelotti]”, sustentou o advogado.
O procurador de Justiça Roberto Alceu de Assis Júnior discordou do parecer de seu colega de Ministério Publico e no mérito pediu a absolvição dos acusados por insuficiência de provas.
O desembargador Vico Mañas disse que a denúncia apenas fazia menção a ameaças e constrangimentos, sem descreve qual foi a grave ameaça empregada para intimidar a vítima.
“Soa estranho que o ofendido [Júlio Lancelotti], como admitiu, tenha adquirido para Anderson veículo Pajero, de expressivo valor, assumindo o pagamento do financiamento, sem nunca denunciar a coação a que seria submetido, não havendo comprovação de que teria comunicado os fatos ao então governador do Estado”, afirmou Vico Mañas.
O desembargador também não aceitou o argumento de que houve crime de extorsão no fato de os acusados ameaçaram denunciar o padre por suposto abuso sexual do filho de Conceição Eletério.
Segundo o desembargador, os grampos telefônicos indicaram que depois da prisão de Everson, Conceição buscou a interferência do padre Júlio Lancelotti para liberar o amigo e ameaçou divulgar na imprensa o suposto abuso sexual de seu filho.
“Como se vê, a intimidação não buscava a obtenção de indevida vantagem econômica, não se podendo falar, portanto, em extorsão”, completou o desembargador.
Lancelotti é conhecido pelo trabalho na luta pelos direitos de crianças e adolescentes. O calvário do religioso teria começado em 2001, quando Anderson Batista deixou a antiga Febem, onde cumpria medidas sócio-educativas por roubo. Lancelotti diz que Batista passou a extorqui-lo ameaçando ir à imprensa acusá-lo de ter abusado sexualmente de seu enteado, de oito anos. Lancelotti nega qualquer abuso.
Funcionária de instituição diz que padre cometeu atos libidinosos com menor de idade
Até a madrugada desta quarta (24), o padre Júlio Lancelotti era tratado pela polícia de São Paulo apenas como uma vítima de extorsão. O religioso acusa o ex-interno da Febem Anderson Marcos Batista, de 25 anos, e a mulher dele, Conceição Eletério, de 44, de tê-lo forçado a dar, em um período de 3 anos, R$ 80 mil ao casal. A dupla teria ameaçado denunciá-lo à imprensa por abuso sexual. O padre disse à polícia ter cedido à chantagem porque temia pela própria vida. Afirmou que as acusações de Batista e Conceição são falsas. Mas um depoimento prestado por uma suposta ex-funcionária da Casa Vida, entidade assistencial em que Lancelotti atua e que cuida de crianças e adolescentes que têm Aids, motivou a abertura de um inquérito policial por corrupção de menores. A mulher chegou à delegacia cerca de 22h30 de ontem e prestou depoimento até uma hora desta quarta-feira 24. Ela disse à polícia que, há cerca de 6 anos, teria visto, uma única vez, o padre Lancelotti praticando “ato libidinoso” com um adolescente assistido pela Casa Vida. Segundo a polícia, não teria havido conjunção carnal. A depoente disse não se lembrar do nome do garoto. A polícia busca, agora, novas provas que possam sustentar ou negar as afirmações da ex-funcionária da entidade.
Fonte: Revista Época
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Os executores de Celso Daniel começaram a ser castigados. Chegou a hora de identificar e punir os mandantes do assassinato
Com o silencioso aval da oposição e o endosso explícito do governo, o PT decidiu que o assassinato do prefeito Celso Daniel foi um crime comum. Esqueceram de combinar com a imprensa, que continuou investigando o caso, com a família da vítima, que desafiou as pressões dos interessados em enterrar a história, e sobretudo com o Ministério Público, comprovou nesta quinta-feira o julgamento de Marcos Roberto Bispo dos Santos no foro de Itapecerica da Serra. O promotor Francisco Cembranelli provou que o crime foi político e acusou o réu de participação no sequestro seguido de assassinato encomendado pela quadrilha de políticos corruptos que agia na prefeitura de Santo André.
Os jurados avalizaram a argumentação de Cembranelli e condenaram Bispo dos Santos, foragido, a 18 anos de reclusão em regime fechado. O Ministério Público não está sob o controle do Executivo, reiteraram o destemor e a objetividade de Cembranelli. Não são poucos os brasileiros capazes de enxergar as coisas como as coisas são, reafirmou a decisão do júri. E ainda há juízes no Brasil, mostrou Antonio Augusto Galvão de França Hristov, que presidiu o julgamento e determinou a duração do castigo imposto ao homicida.
O país que presta espera que seja só o começo. Bispo dos Santos foi o motorista de um dos dois carros mobilizados para a captura de Celso Daniel. Faltam os outros integrantes do grupo de assassinos de aluguel. E faltam os mandantes. Por enquanto, o único formalmente acusado de figurar entre os autores da encomenda é Sérgio Gomes da Silva, vulgo Sombra, ex-assessor do prefeito executado e empresário do setor de transportes ligado ao PT, que aguarda o julgamento em liberdade.
Em janeiro de 2002, os supostos amigos voltavam do jantar num restaurante em São Paulo quando ─ segundo o relato de Sombra ─ um grupo de bandidos interceptou o carro blindado que dirigia e arrancou Celso Daniel do banco ao lado. Horas depois, o corpo foi encontrado numa estrada de terra no município de Itapecerica da Serra, desfigurado por marcas de tortura e inúmeras perfurações a bala.
O depoimento de Sombra na delegacia deixou intrigada a mais crédula das carmelitas descalças. Ele diz que não tentou escapar porque o câmbio hidramático emperrou. O fabricante do veículo rejeitou a versão com veemência. Nem o depoente nem os policiais que o interrogaram souberam explicar por que os sequestradores permitiram que uma testemunha ocular sobrevivesse ─ para contar uma história muito mal contada.
Por que Sombra e Celso Daniel, por exemplo, não permaneceram no interior do carro blindado? Como foi destravada a porta do passageiro? Por que Sombra não pediu socorro assim que os bandidos se afastaram? Se aquilo não passara de um assalto, por que nenhum dinheiro, nada de valioso foi levado? Por que Celso Daniel foi torturado antes da morte? O que os torturadores desejavam saber? O que procuravam?
Logo se juntaram as peças do mosaico. Na segunda metade dos anos 90, empresários da área de transportes e pelo menos um secretário municipal, todos vinculados ao PT, haviam forjado em Santo André o embrião do esquema do mensalão, desvendado três anos mais tarde. Recorrendo a extorsões ou desviando dinheiro público, a quadrilha infiltrada na administração municipal garantia parte da gastança com as campanhas do partido. Em 2002, escolhido para coordenar a campanha presidencial, Celso Daniel resolveu desativar o esquema criminoso. Foi punido com a morte.
Em julho de 2005, a TV Bandeirantes divulgou o escabroso conteúdo de conversas telefônicas entre Sombra, Gilberto Carvalho, secretário particular de Lula, e o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, encarregado pelo PT de impedir que as investigações avançassem. As gravações (reproduzidas abaixo), feitas por solicitação do Ministério Público, pilharam o trio em tratativas destinadas a enterrar de vez a história. Na hipótese menos inquietante, comprovam que Altos Companheiros tentaram obstruir a ação da polícia e da Justiça desde fevereiro de 2002, quando o cadáver do prefeito de Santo André ainda esfriava na sepultura.
Numa das fitas, Gilberto Carvalho procura amainar a inquietação de Sombra. “Marcamos às três horas na casa do José Dirceu”, informa o secretário do presidente da República. “Vamos conversar um pouco sobre nossa tática da semana, né? Porque nós temos que ir para a contra-ofensiva”. A voz de Sombra revela que o suspeito ficou menos intranquilo ao saber da movimentação fraternal. “Vou falar com meus advogados amanhã, nossa ideia é colocar essa investigação sob suspeição”. Carvalho concorda com a manobra: “Acho que é um bom caminho”.
Em outra conversa, a inquietação de Sombra fora berrada ao parceiro Klinger Oliveira Souza, secretário de Assuntos Municipais de Santo André. “Fala com o Gilberto aí, tem que armar alguma coisa!”, exalta-se. “Só quero que as coisas sejam resolvidas!” Além do nervosismo de Sombra, causava preocupação à equipe especializada em socorrer suspeitos o comportamento do médico João Francisco Daniel, irmão do assassinado. Ele estava convencido de que Celso se condenara à morte ao resolver desmontar a máquina de fazer dinheiro instalada nos porões da prefeitura.
É provável que Celso tenha aprovado a institucionalização da gatunagem. Ao notar que fora longe demais, decidiu encerrar as patifarias, documentadas no dossiê que pretendia entregar a dirigentes do PT. Ele contara a história toda ao irmão. E João Francisco se transformou em testemunha de alto risco para os padrinhos de Sombra. Como neutralizar o homem-bomba?
A interrogação anima uma das conversas entre Gilberto Carvalho e Greenhalgh. “Está chegando a hora do João Francisco ir depor”, alerta o advogado do PT. “Antes do depoimento preciso falar com você para ele não destilar ressentimentos lá”. Gilberto se alarma com o perigo iminente. “Pelo amor de Deus, isso vai ser fundamental. Tem que preparar bem isso aí, cara, porque esse cara vai… Tudo bem”. Os donos das vozes nas fitas recitam há oito anos que houve um crime comum. Se foi assim, por que tirou o sono de tantos figurões da política brasileira?
O promotor Francisco Cembranelli provou que Celso Daniel foi vítima de uma conspiração tramada por bandidos vinculados ao PT de Santo André e consumada por um grupo de matadores profissionais. O Brasil quer ver esclarecidos tanto a eliminação de Celso Daniel quanto a sequência de mortes misteriores de que trata o excelente post de Reinaldo Azevedo. E quer ver na cadeia todos os culpados ─ incluídos os mandantes. As gravações podem ajudar a identificá-los. As conversas entre Sombra, Greenhalgh e Carvalho não se limitam a escancarar uma mobilização política. Documentam a movimentação de comparsas.
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