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quarta-feira, 23 de março de 2011

#PT #lula #pedofilia Acusados de extorsão contra o padre Júlio têm prisão decretada

Suspeito de extorsão diz que recebeu R$800 mil do padre Lancelotti, segundo advogado

27/10 - 15:13 - Redação

SÃO PAULO - O acusado de extorquir o padre Júlio Lancellotti, Anderson Marcos Batista, de 25 anos, declarou, em depoimento à polícia, neste sábado que recebeu cerca de R$ 800 mil do religioso, segundo a "Agência Estado". Em depoimento, o padre havia dito que deu uma quantia de R$ 80 mil ao ex-interno da Febem - Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (atual Fundação Casa). Ainda de acordo com a publicação, a polícia pedirá na segunda-feira a quebra do sigilo bancário de Lancelotti para apurar as informações.

A divulgação do valor alegado pelo acusado foi feita pelo advogado dele, Nelson Bernardo da Costa. O advogado de Lancelotti, Luiz Eduardo Greenhalgh, negou as afirmações.

Greenhalgh também rebateu as acusações de Anderson de que mantinha relações sexuais com o padre desde os 16 anos. "Isso é uma grande mentira. O padre Júlio é vitima de um processo de extorsão. Foi o padre quem denunciou à polícia este processo de extorsão”, disse.

Anderson foi preso na noite de sexta-feira junto com sua mulher, Conceição Eletério, e o amigo Evandro Guimarães, também acusados do crime. Os três foram levados à Delegacia do bairro do Belém (81º DP), na zona leste, para prestar depoimento e, em seguida, ao Instituto Médico Legal Central para exame de corpo de delito. A polícia estava à sua procura desde agosto.

O religioso está em São Paulo, mas não quis falar sobre o assunto.

Em entrevista coletiva, o delegado André Pimentel, do Setor de Investigações Gerais (SIG) da 5ª Seccional, disse que não há comprovação das acusações feitas pelo advogado do ex-interno e destacou que Lancelotti, até o momento, é vítima.

O caso

O ex-interno da Febem Anderson Marcos Batista, de 25 anos, e a sua companheira, Conceição Eletério, de 44, são acusados de formação de quadrilha para extorquir o Padre Lancelotti. Eles coagiriam o religioso por meio de bilhetes com chantagem envolvendo acusação de exploração sexual, enviados pelos irmãos Everton e Evandro dos Santos Guimarães. Entre as exigências atendidas pelo religioso, estava o financiamento de um carro para o casal.

Famoso por seu trabalho em defesa dos moradores de rua, crianças portadoras do vírus da Aids e outros desfavorecidos, o Padre Júlio Lancellotti é um dos responsáveis pelas mudanças que levaram a Febem a mudar sua estrutura e de nome, uma vez que sempre denunciou o desrespeito aos direitos humanos de seus internos.







É, estou acompanhando o drama do padre Lancellotti. Os bandidos lhe fazem muitas acusações, que têm de ser apuradas com a devida cautela, já que são bandidos pegos com a boca na botija contra um padre.

Mas nessa história existe uma pergunta certeira, que nem a mídia esquerdista é capaz de se esquivar, apesar dos esforços. Onde foi que o padre arrumou tanta grana? Quando se pergunta isso não se está querendo "dirigir" o debate, mas querendo desatar o principal nó da trama.

Abaixo uma notícia de hoje e no link umas coisas interessantes que Diogo Mainardi diz sobre Julio Lancellotti e Frei Betto. Não adianta, o disfarce não esconde o porco, seja terno, batina ou discurso moralista de fachada.


'Uma testemunha do caso de extorsão ao padre Julio Lancellotti foi ameaçada por traficantes. O homem disse que o estão chamando...

09/11/2007 - 10h25

'Uma testemunha do caso de extorsão ao padre Julio Lancellotti foi ameaçada por traficantes. O homem disse que o estão chamando de cagüete', informa O Estado de S. Paulo. 'No mesmo dia do depoimento da testemunha, o ex-interno da Febem Anderson Marcos Batista, sua mulher, Conceição Eletério, e Evandro Guimarães foram presos', acrescenta o diário paulista. Abaixo, a nota na íntegra.

Testemunha do caso de extorsão é ameaçada

Uma testemunha do caso de extorsão ao padre Julio Lancellotti foi ameaçada por traficantes. O homem disse que o estão chamando de cagüete. No mesmo dia do depoimento da testemunha, o ex-interno da Febem Anderson Marcos Batista, sua mulher, Conceição Eletério, e Evandro Guimarães foram presos. O homem é dono da oficina em frente à pensão de Batista, no Belém, zona leste. Ele fechou seu negócio por temer represálias.

Fonte: O Estado de S. Paulo



Justiça mantém absolvição de acusados de extorquir padre Júlio Lancelotti em SP

Padre afirmou ter pago R$ 150 mil aos acusados, que o ameaçavam com denúncias falsas de pedofilia

15 de junho de 2010 | 14h 24
Fabiana Marchezi, do estadão.com.br

SÃO PAULO - A 12ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo rejeitou, no último dia 2, recurso do Ministério Público e manteve a absolvição dos quatro acusados de extorquir dinheiro do padre Júlio Lancelotti. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do TJ nesta terça-feira, 15. O caso está em segredo de Justiça.

O ex-interno da Febem Anderson Marcos Batista, 26, sua mulher, Conceição Eletério, de 45, e os irmãos Evandro, de 29, e Everson Guimarães, 27, já tinham sido absolvidos da acusação de extorsão e formação de quadrilha em junho de 2008. Os quatro foram denunciados pelo próprio padre Júlio em 2007.

Segundo o padre, o grupo o ameaçava com denúncias falsas de pedofilia. Lancelotti afirmou ter pago R$ 150 mil aos acusados e disse que deu dinheiro a Batista por medo de ser agredido e porque acreditava que "poderia mudar as pessoas que o extorquiam". Já Batista negou a chantagem e afirmou ter recebido R$ 700 mil do padre durante os seis anos de relacionamento com ele.

Polícia vai pedir quebra de sigilo bancário de padre Júlio Lancelotti

Delegado quer saber de onde veio o dinheiro que foi dado à Anderson Marcos Batista, ex-interno da Febem preso nesta sexta-feira

27/10/2007 | 18:32 | O Globo Online

A polícia vai pedir a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico do padre Júlio Lancelotti e dos suspeitos acusados de extorsão contra o religioso. O delegado André Luiz Pimentel, que preside o inquérito, quer saber de onde veio o dinheiro que foi dado à Anderson Marcos Batista, ex-interno da Febem preso nesta sexta-feira junto com a mulher dele, Conceição Eletério, e um outro suspeito, Evandro Guimarães.

Anderson diz que recebeu R$ 700 mil do padre nos últimos anos e que não sabia de onde vinha o dinheiro. Existe uma suspeita de que os recursos tenham sido desviados de Organizações Não- Governamentais (ONGs). Apesar de a polícia estudar a quebra do sigilo do padre, ele ainda é tratado como vítima, segundo Pimentel. Ele disse que Júlio Lancelotti teria dito, de maneira informal, que a Cúria Metropolitana da Igreja Católica estuda pedir a decretação de segredo de Justiça do processo para resguardar a imagem do padre.

Em entrevista coletiva na tarde deste sábado, o advogado de Anderson, Nelson Bernardo da Costa, disse que Anderson conheceu o padre com 16 anos de idade e mantinha relação sexual com ele desde então.

- Nunca houve chantagem, nunca houve extorsão. Ele tinha uma amizade com o padre que se tornou um relacionamento sexual. Ele (Anderson) disse que teve dinheiro repassado durante seis ou sete anos e que totalizaram cerca de R$ 600 mil a R$ 700 mil. Com esse dinheiro, ele comprou carros, vários carros de luxo, uma casa, vários bens. Gastava, saía na noite - disse Costa.

Segundo o advogado, Júlio Lancelotti teria chegado a acobertar uma fuga de Anderson em 1998 da Febem Tatuapé. O padre teria pago uma hospedagem para o menor e ainda passado a procurá-lo constantemente no local. A Polícia Civil abriu inquérito para verificar se o padre Júlio Lancelotti cometeu corrupção de menores.

Anderson Marcos Batista estava foragido desde o mês passado quando foi denunciado pelo padre. Ele foi preso nesta sexta-feira em um apartamento na Rua Riachuelo, no centro de São Paulo. Os três suspeitos foram levados para o 31º DP, na zona leste da capital e prestaram depoimento durante a madrugada. A polícia chegou ao trio com base em informações fornecidas durante o depoimento de uma testemunha na tarde de sexta-feira.

Vítima

O padre Júlio está em São Paulo, mas, por enquanto, não vai se pronunciar. O advogado do religioso, Luiz Eduardo Greenhalgh, assumiu a defesa de Júlio Lancelotti. Ele reafirmou que o padre foi vítima de um processo de extorsão. Lancelotti é conhecido por ser um dos principais defensores dos direitos de jovens infratores e moradores de rua de São Paulo.

- Foi o padre Júlio que denunciou à polícia o processo de extorsão. Foi o padre Júlio que disse à polícia porque estava sendo extorquido. Portanto, ele é vítima. As declarações do advogado representam um cliente que é violento. É um cliente que tem mais de dez inquéritos, cinco sobre extorsões. Então, nós temos que sopesar se nós vamos dar guarida à palavra de um bandido ou se vamos dar guarida à palavra do padre Júlio. Eu quero que se estabeleça a presunção de inocência do padre porque foi ele que denunciou a armação contra ele - disse Greenhalgh.

Anderson teria conhecido o padre na Febem, onde foi internado por roubo. Ao sair da instituição, em 2000, ele teria começado a pedir ajuda ao religioso e mais tarde passado a exigir mais dinheiro. Foi o próprio padre que procurou a polícia para denunciar o crime. Júlio Lancelotti disse que pagou até prestações de um jipe Pajero comprado em 2004. Após o padre levar o caso à polícia, o faxineiro Everson Guimarães, de 26 anos (irmão de Evandro), foi preso em flagrante no dia 6 de setembro, logo depois de pegar, com Lancelotti, um envelope com R$ 2 mil a mando de Anderson.

A mesma testemunha que ajudou a polícia a localizar os foragidos, um morador do bairro onde Anderson vivia com sua mulher, disse no depoimento de ontem que, além dos irmãos Everson e Evandro, pelo menos outras quatro pessoas funcionavam como mensageiros do ex-interno da Febem para supostamente extorquir o padre. A mesma testemunha revelou que Anderson teve uma ascensão financeira "meteórica" e disse que o padre tinha ciúme do ex-interno . O vizinho dos acusados citou nomes de outras pessoas que entregavam envelopes brancos com altas quantias de dinheiro.

- Tinha um tal de Messias, a Glória, acho que outro era Marcos e, a empregada do Anderson, uma tal de Sandra, também - revelou a testemunha, de 42 anos.

A polícia vai tentar identificar as pessoas.

O vizinho conheceu Anderson há sete anos.

- Foi quando saiu da Febem. Depois de uns seis meses, chegou a Conceição. Eram humildes - disse.

A testemunha revelou que, um ano depois, Anderson começou a circular com carros de luxo, roupas de marca e a pagar gastos de amigos em bares.

- Na mesma época em que começou a freqüentar a igreja do padre Júlio - afirmou.


Escândalo


Agência Unipress Internacional

Mais uma vez o Clero Romano tem o seu nome envolvido num escândalo de abuso sexual, comprometendo cada vez mais a imagem da instituição.

A acusação desta vez é de um ex-interno da Febem (atual Fundação Casa), Anderson Marcos Batista, 25 anos. Ele afirmou à polícia que manteve relacionamento homossexual com o padre Júlio Lancelloti, 58, fundador da Casa Vida - residência de crianças portadoras do vírus HIV.

Acusado de extorsão pelo padre, Batista foi preso com a mulher, Conceição Eletério, e Evandro dos Santos Guimarães. Ele disse que recebeu entre R$ 600 mil e R$ 700 mil de Lancelloti, que teria dado a quantia espontaneamente porque os dois mantiveram um relacionamento sexual du­rante oito anos. Com o dinheiro, comprou uma casa e carros de luxo.

Em agosto, o padre procurou a polícia e denunciou o rapaz, alegando ter pago R$ 56 mil, já que vinha sendo chantageado. Segundo Lancelotti, caso não pagasse, Batista prometia denunciá-lo por pedofilia. O padre, que ganha cerca de R$ 3 mil mensais, não soube explicar a origem da dinheirama dada ao rapaz e que tipo de amizade mantinha com o garoto.

Além das acusações de envolvimento sexual com Batista, o padre está sendo investigado por corrupção de menores após denúncia de uma mulher que trabalhou para ele por quase um ano. Ela afirmou ter visto Lancelloti aos beijos com um menino de 15 anos. Isso teria acontecido em 1999 dentro da Casa Vida.

– O menino tinha de 15 para 16 anos e apareceu do nada. O padre não disse de onde ele veio. Lá era uma casa só para crianças com HIV, mas esse menino não era soropositivo. Sei porque eu preparava os coquetéis e ele não tomava. O padre disse que o menino ia morar na casa porque precisava de uma atenção – denuncia a testemunha, que é enfermeira, trabalhou na Febem e tem experiência em mais de 15 anos no trato de menores infratores.

Ela acrescenta que viu o padre beijando a boca do menino.
– Numa noite, ouvi o padre e o menino conversando na sala de televisão, no andar de baixo. Quando desci para pegar água, vi os dois se beijando na boca. Eles estavam de pé. O padre envolvia o menino com um braço e lhe fazia carinho no rosto. Não parecia haver coação. Quando vi a cena, subi correndo as escadas. Não sei se eles me viram, mas certamente escutaram o barulho. Após uma semana, o padre nos comunicou que tinha encontrado droga nas coisas do menino e o havia mandado embora. Duas semanas depois, ele me mandou de volta para a Febem – disse.

De acordo com as acusações, o padre Lancelloti ainda espancava as meninas da ONG.

– Socorri três que haviam sido surradas por ele. As agressões aconteciam sempre de dia, dentro do escritório dele, com a porta fechada. Como eu trabalhava à noite, chegava apenas a tempo de ver as meninas com muitos hematomas – acrescenta a mulher, que só resolveu tornar pública as denúncias depois que a história de Batista veio à tona.

– Eu era só uma funcionária e o padre Júlio, uma pessoa influente. É claro que iam acreditar nele e não em mim. Também fiquei com medo de morrer. Eu trabalhei nesse meio (antiga Febem) e sei que poderia sofrer alguma represália.
Em entrevista à ‘Folha de São Paulo’, o advogado do padre, Luiz Eduardo Greenhalgh, argumenta que há “uma confluência de interesses” por trás de tudo isso. Ele citou questões religiosas.Sexo após missa
O jovem Batista teria descrito a seu advogado, Nelson Bernardo da Costa, detalhes do corpo do religioso que poderiam ser comprovados.
De acordo com Costa, seu cliente disse que as relações passaram de um abuso na adolescência, quando ele tinha 16 anos, para um consentimento na fase adulta. As relações sexuais aconteciam após as missas celebradas pelo padre Júlio Lancelloti. Ele diz também que o padre fazia sexo com outros adolescentes e teria demonstrado ciúmes após o casamento de Batista.
De acordo com o advogado, o jovem revelou que muitas vezes mantinha relações num quartinho, nos fundos da igreja, citando inclusive os móveis que lá existem.
O advogado acrescenta que, no começo, Batista recebia do padre roupas e outros objetos.

Justiça mantém absolvição de acusados de extorquir padre Júlio Lancelotti

A Justiça de São Paulo rejeitou o recurso do Ministério Público e manteve a decisão que absolveu os quatro acusados de extorquir dinheiro do padre Júlio Lancelotti. A decisão foi tomada na última quinta-feira (10) pela 12ª Câmara Criminal. O caso está em segredo de Justiça.

O ex-interno da Febem (atual Fundação Casa) Anderson Marcos Batista, 26, sua mulher, Conceição Eletério, 45, e os irmãos Evandro, 29, e Everson Guimarães, 27, já tinham sido absolvidos da acusação que inclui ainda formação de quadrilha em julho de 2008.

Os acusados foram denunciados pelo próprio padre Júlio em 2007. De acordo com Lancelotti, eles o ameaçavam com denúncias falsas de pedofilia. Ele disse ter pago R$150 mil aos quatro por causa das extorsões. E afirmou ainda que deu dinheiro a Batista por sentir medo de ser agredido e porque acreditava que "poderia mudar as pessoas que o extorquiam".

Batista, que é ex-interno na Febem, a atual Fundação Casa, negou a chantagem e afirmou ter recebido R$ 700 mil do padre durante seis anos de relação que os dois teriam mantido.

DE SÃO PAULO

Acusados pela Polícia Civil e pelo Ministério Público Estadual de uma nova tentativa de extorsão de dinheiro contra o padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo, o casal Anderson Marcos Batista e Conceição Eletério teve a prisão preventiva decretada dia 10 de fevereiro pela 25ª Vara Criminal da capital. Batista é ex-interno da Febem (atual Fundação Casa).

De acordo com a acusação do promotor Eder Segura, Batista e Conceição ameaçaram "dar um tiro na cabeça" do padre Lancelotti caso ele não pagasse dinheiro para os dois. A ameaça foi no dia 11 de janeiro. Uma câmera de segurança de uma rua no bairro do Belenzinho filmou a abordagem do casal do padre.

"Vou voltar armado e vou lhe matar, vou lhe dar um tiro na cabeça". Não pense você que eu tenho medo da polícia, não tenho, não", foi a frase que o padre disse ter ouvido de Conceição.

O casal também ligou várias vezes para o padre de um telefone celular já rastreado pela Polícia Civil.

Diante da investigação da Polícia Civil e da acusação do promotor Segura, o juiz Eduardo Crescenti Abdalla, da 25ª Vara Criminal, mandou prender o casal, que considerado foragido da Justiça desde 10 de fevereiro.

Entre 2007 e 2008, Batista e Conceição foram processados por formação de quadrilha e extorsão contra o padre Lancelotti. Ao lado de dois irmãos, o casal teria ameaçado o padre com denúncias falsas de pedofilia.

O padre disse ter pago R$150 mil aos quatro por causa das extorsões. À época, Lancelotti afirmou à polícia ter dado o dinheiro a Batista por sentir medo de ser agredido e porque acreditava que "poderia mudar as pessoas que o extorquiam".

A reportagem não conseguiu localizar os advogados de defesa do casal.



ESTADO DE S. PAULO, CORREIO BRAZILIENSE E FOLHA DE S. PAULO DESTACAM EXTORSÃO SOFRIDA PELO PADRE JÚLIO LANCELLOTTI


01/11/2007 – 10h15

O Estado de S. Paulo, o Correio Braziliense e a Folha de S. Paulo destacam, em suas edições desta quinta-feira (01/11), a extorsão sofrida pelo Padre Júlio Lancellotti. O Estadão informa que o advogado do principal acusado pela chantagem terá de explicar em que “circunstâncias” alugou um apartamento para o ex-interno da Febem Anderson Batista (e seus familiares).

O jornal Correio Braziliense destacou que, desde quarta-feira (31/10), três promotores do Ministério Público Estadual de São Paulo começaram a acompanhar as investigações envolvendo o clérigo. A 5ª Delegacia Seccional da Polícia Civil, na zona leste da capital paulista, tem dois inquéritos em andamento.

“O primeiro deles apura a acusação de extorsão e enriquecimento ilícito feita pelo religioso contra Anderson Marcos Batista, um ex-interno da Fundação Casa, onde o padre trabalha. O segundo transformou Lancelotti em suspeito: Batista e pessoas ligadas a ele denunciaram o religioso por corrupção de menores”, explica o diário da capital federal.

“A Polícia Civil investiga se parte do dinheiro que o ex-interno Anderson Batista, 25, alega ter recebido do padre Júlio Lancelotti, 58, veio do tráfico de crack e cocaína”, informa a Folha de S. Paulo desta quinta-feira (01/11). Abaixo, a íntegra da reportagem dos três jornais.

Polícia investiga advogado por aluguel de apartamento para ex-interno

Eduardo Reina

O advogado Nelson Bernardo da Costa terá de explicar à polícia as circunstâncias em que alugou um apartamento no centro para o ex-interno da Febem Anderson Batista, sua mulher, Conceição Eletério e os irmãos Evandro e Everson Guimarães, acusados de achacarem o padre Júlio Lancellotti. Foi no imóvel, na Praça da Bandeira, que a polícia prendeu na sexta-feira Batista, Conceição e Evandro.

Costa assumiu ontem que sublocava o imóvel para Batista e Conceição desde 15 de março. O contrato de aluguel teve início há um ano e meio. "Eu me separei e morei lá dois meses. Depois, por uma pessoa, fiquei sabendo que o Anderson precisava de um lugar para morar e foi proposta a sublocação. Isso não é crime", disse o advogado.

Minutos depois Costa contou nova versão. A de que o dono da imobiliária e do prédio, Waldemar Amaral de Almeida, informou que havia alguém à procura de imóvel para sublocação. Já funcionários da imobiliária disseram que Costa nunca morou no apartamento.

O contrato de aluguel foi feito por 36 meses, com parcelas de R$ 350 e R$ 250 de condomínio. Pelo depoimento de Conceição à polícia, a locação era paga pelo padre. O advogado também havia declarado, na segunda-feira, que era Lancellotti quem arcava com o aluguel.

Ontem, Costa negou a informação. Ao ser avisado de que havia uma gravação em que afirmava que o padre pagava o aluguel, disse que recebera a informação de Conceição.

O delegado titular do Setor de Investigações Gerais (SIG) da 5ª Delegacia Seccional, André Luiz Pimentel, disse que Costa terá de depor na próxima semana. "Ele vai ter que explicar isso nos autos."

Ontem, por iniciativa própria, o advogado levou alguns papéis à delegacia. Ele afirmou que eram os contratos de sublocação, escritos em papel branco, sem o timbre da imobiliária. "Mas o Waldemar sabe da sublocação." Costa disse ainda que no tempo em que não havia a sublocação, recebia o aluguel diretamente de Batista e realizava o pagamento.

PM investigou ameaça a pedido de Lancellotti

Padre procurou o governador Geraldo Alckmin em 2006 para se queixar de Anderson Batista; apuração sigilosa serviu para localizar suspeito

Marcelo Godoy e Bruno Tavares

A pedido do padre Júlio Lancellotti, o Serviço Reservado da Polícia Militar investigou no início de 2006 ameaças e constrangimentos atribuídos pelo sacerdote ao ex-interno da Febem Anderson Batista, de 25 anos.

Lancelotti reuniu-se duas vezes com o então comandante-geral da corporação, Elizeu Eclair. Na primeira vez, levou ao coronel a queixa. Na segunda, recebeu dele o resultado da apuração feita pelo Comando-Geral.

O padre chegou ao quartel-general da PM depois de procurar o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que o encaminhou à Segurança Pública. Lancellotti tinha uma queixa: estava sendo importunado e ameaçado por Batista. O padre fez um pedido ao então comandante-geral da PM: queria que a polícia localizasse o rapaz.

Lancelotti alegava que queria saber onde Batista estava para tomar providências legais. Ao término da audiência, Eclair procurou os subordinados e repassou à tarefa ao subcomando-geral da PM. Uma equipe de policiais trabalhou à paisana para localizar Batista.

Os militares descobriram que o suspeito morava na Avenida Celso Garcia, no Brás, região central. Os PMs fizeram um relatório. O documento, classificado como reservado, chegou às mãos de Eclair. O comandante convocou o padre e informou-lhe o resultado da apuração.

Lancellotti, porém, não pediu que fosse aberto inquérito de ameaça contra Batista. Só fez isso em agosto. "O padre sempre ficava na dúvida se o Anderson ia se emendar. Tinha esperança de que ele desistisse da extorsão", disse o criminalista Luiz Eduardo Greenhalgh, que defende o sacerdote.

Ele afirmou que o padre mandou um bilhete a Batista pedindo-lhe que parasse de exigir dinheiro, com o objetivo de amedrontar o suspeito. O manuscrito foi apreendido pela polícia. Batista, a mulher, Conceição Eletério, e os irmãos Everson e Evandro Guimarães estão presos sob a acusação de achacarem o padre.

Manifesto para apoiar o padre

Rodrigo Pereira e José Maria Mayrink

O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) e 23 entidades sociais decidiram ontem lançar um manifesto de apoio ao padre Júlio Lancellotti. O lançamento será feito hoje, às 15 horas, na unidade dois da ONG Casa Vida, e pretende recolher assinaturas no País e no exterior.

"Estávamos acuados, mas a partir de agora vamos para as ruas defender a história e o nome do padre Júlio Lancellotti. Porque, acima de tudo, ele é um símbolo dos direitos humanos. Se é atacado, nós estamos sendo atacados", disse o coordenador do Movimento Nacional de Direitos Humanos, Ariel de Castro Neves.

Editorial do semanário O São Paulo, da Arquidiocese de São Paulo, atribui ao trabalho do padre em defesa de moradores de rua, menores carentes e crianças portadoras do HIV as acusações que ele vem sofrendo.

Fonte: O Estado de S. Paulo


Promotores acompanham apurações

Alessandra Pereira
Da equipe do Correio

São Paulo — Três promotores do Ministério Público Estadual (MPE) de São Paulo começaram ontem a acompanhar as investigações das denúncias que envolvem o padre Júlio Lancelotti. A 5ª Delegacia Seccional da Polícia Civil, na Zona Leste da capital paulista, tem dois inquéritos em andamento.

O primeiro deles apura a acusação de extorsão e enriquecimento ilícito feita pelo religioso contra Anderson Marcos Batista, um ex-interno da Fundação Casa, onde o padre trabalha. O segundo transformou Lancelotti em suspeito: Batista e pessoas ligadas a ele denunciaram o religioso por corrupção de menores.

Os promotores Luiz Antônio de Oliveira Nusdeo e Rafael Correia de Moraes Aguiar, respectivamente da 2ª e da 3ª Promotoria Criminal da Barra Funda, além de Fábio José Bueno, do 1º Tribunal do Júri de São Paulo, estiveram juntos ontem à tarde na 5ª Seccional para acompanhar o depoimento de policiais militares ouvidos como testemunhas.

Somente quando os inquéritos forem concluídos e chegarem ao MPE os promotores irão decidir se formalizam ou não a abertura de qualquer ação criminal.

A Fundação Casa, novo nome da antiga Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor (Febem), informou que está em andamento uma sindicância interna acompanhando as investigações.

Cópias de todos os depoimentos colhidos e do resultado das diligências feitas pela Polícia Civil estão sendo enviadas à direção da Casa.

Segundo a assessoria da fundação, caso os inquéritos evidenciem que houve algum tipo de falha funcional grave por parte do padre Lancelotti ele será demitido por justa causa.

O padre é funcionário da instituição desde 1975 e tem estabilidade. Ele atua com jovens em situação de liberdade assistida em uma unidade da Casa na Zona Leste.

O padre Júlio Lancelotti não tem mais dado declarações à imprensa e os pedidos de entrevista têm sido redirecionados para o advogado contratado para defendê-lo, o ex-deputado federal petista, Luiz Eduardo Greenhalgh.

Até o fechamento desta edição, no entanto, o advogado não havia retornado as ligações feitas pela reportagem do Correio desde segunda-feira.

O Tribunal de Justiça de São Paulo recebeu da Polícia Civil pedidos de sigilo para as investigações em andamento nos dois inquéritos. Na terça-feira, a Justiça decretou o sigilo para o inquérito de extorsão e enriquecimento ilícito. Ainda estava em análise, no final da tarde de ontem, o pedido de sigilo feito para o inquérito em que o padre enfrenta a acusação de corrupção de menores.

Fonte: Correio Braziliense


Polícia investiga se dinheiro de ex-interno veio do tráfico

Anderson Batista disse ter recebido de R$ 600 mil a R$ 700 mil do padre Júlio; Dois pontos-de-venda de drogas seriam comandados pela mulher de Batista, Conceição Eletério, também acusada de extorsão

DIEGO ZANCHETTA
DO "AGORA"

A Polícia Civil investiga se parte do dinheiro que o ex-interno Anderson Batista, 25, alega ter recebido do padre Júlio Lancelotti, 58, veio do tráfico de crack e cocaína. Preso na última sexta-feira sob acusação de extorquir dinheiro do religioso, Batista disse à polícia ter recebido do padre Júlio, durante seis anos, de R$ 600 mil a R$ 700 mil.

O ex-interno da Febem (atual Fundação Casa) afirma que o dinheiro era dado em troca de relações sexuais. O advogado do padre, Luiz Eduardo Greenhalgh, disse, no sábado, calcular que Lancelotti repassou cerca de R$ 150 mil ao ex-interno em três anos, sob ameaças de agressão física e de falsa acusação de pedofilia. Foi o padre quem procurou a polícia para denunciar Batista.

A hipótese levantada pelos investigadores é que Batista adotou uma defesa estratégica para "esquentar" valores obtidos com a venda de drogas. A polícia apura se pelo menos dois pontos-de-venda de drogas seriam comandados pela mulher de Batista, Conceição Eletério, 44, também presa sob acusação de extorsão.

Conceição chegou a ser presa pelo Denarc (Departamento de Narcóticos) em 1996, acusada de traficar crack no centro. O advogado Nelson da Costa, 47, negou que Batista e Conceição tenham envolvimento com o tráfico. "Só a Conceição teve uma passagem [por tráfico]. Aliás, a Conceição foi acusada de tráfico, mas acabou enquadrada como usuária."

Outra extorsão

Além de denunciar Batista, o padre Júlio também reclamou à polícia, no início deste ano, estar sendo "incomodado" por outra pessoa, o garoto de programa Marcos José de Lima, 31, que lhe pedia dinheiro.

O religioso procurou a 1ª Delegacia Seccional para relatar estar sendo incomodado por Lima, mas não quis registrar a queixa, segundo a Secretaria de Segurança Pública.

De acordo com a polícia, o padre Júlio disse que já havia dado dinheiro para Lima, mas queria cessar a doação. A polícia disse ter investigado Lima e, tempo depois, o prendeu portando cocaína.

Em depoimento à Justiça em setembro, Lima negou que a droga fosse sua e afirmou que a prisão foi forjada pelos policiais a pedido do padre. Ainda segundo Lima em seu depoimento, ele e o padre mantinham um relacionamento homossexual e, por isso, ele recebia dinheiro do religioso.

Colaboraram ANDRÉ CARAMANTE , KLEBER TOMAZ e ROGÉRIO PAGNAN , da Reportagem Local

Advogado de Batista será alvo de apuração

A Polícia Civil vai investigar Nelson da Costa, advogado do ex-interno da Febem (atual Fundação Casa) Anderson Batista. Segundo a polícia, foi Costa quem alugou o imóvel onde Batista e outros dois acusados de extorsão contra o religioso foram presos, na última sexta. "Ele será chamado a explicar como alugou um imóvel onde já estavam os acusados", disse ontem o delegado André Luiz Pimentel.

Entidades farão um abaixo-assinado em defesa do religioso

DA REPORTAGEM LOCAL

Entidades de direitos humanos começaram ontem uma mobilização nacional "pela defesa da obra e da história" do padre Júlio Lancelotti. Hoje, às 15h, membros dessas instituições entregarão ao religioso e à imprensa um abaixo-assinado em solidariedade a ele. A entrega do documento está marcada para acontecer na porta da Casa Vida, uma das entidades assistenciais coordenadas por Lancelotti.

De vítima na suposta extorsão praticada pelo ex-interno da Febem (atual Fundação Casa) Anderson Marcos Batista, Lancelotti também passou a ser investigado pela Polícia Civil, depois que uma mulher (cuja identidade a polícia não revela) disse que o viu, entre 1999 e 2000, praticando atos libidinosos com um adolescente, dentro de uma das entidades assistenciais mantidas por ele.

De acordo com Antonio Carlos Malheiros, presidente da Comissão Justiça e Paz de São Paulo, as entidades de defesa dos direitos humanos não vão interferir no que se refere à suposta extorsão que levou Lancelotti e Batista à polícia.

Questionado se acredita que Lancelotti pode ser vítima de uma armação para ter a sua imagem destruída, Malheiros respondeu: "O padre Júlio Lancelotti, no correr da vida dele, fez muitos inimigos, até porque ele sempre dizia a verdade, e essa verdade atingia muitas pessoas. Hoje, pode acontecer uma articulação para não só desmobilizar a luta do padre Lancelotti como para desmobilizar a luta de todas as comissões de direitos humanos".

"Nós acreditamos no padre Júlio Lancelotti. Acreditamos nos valores do padre como lutador pelos direitos humanos, como defensor dos moradores de rua, como pai das crianças que estão nas casas Vida e como aquele que, há muitos anos, denuncia com muita coragem, muita liberdade, todas as agressões que ocorrerem, de uma maneira muito mais violenta, na Febem", disse Malheiros, que é desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Conceição Paganele, presidente da Amar (associação de mães de internos da Febem) e uma das pessoas que mais manteve contato com internos infratores detidos em São Paulo nos últimos anos, afirmou ontem que "Lancelotti é mais uma vítima da perseguição contra as pessoas que defendem os direitos humanos".

"Os meninos e suas famílias sempre disseram que o padre Júlio era uma pessoa que estava na Febem para garantir os direitos deles, para defendê-los", disse Conceição, que não se recorda de ter visto Batista na antiga Febem.

"Os danos causados às imagens do padre Júlio [Lancelotti], das entidades de defesa dos direitos humanos e da igreja são irreparáveis, mas a vida é assim. A atuação do padre sempre foi muito polêmica e muita clara na defesa dos direitos humanos."

Essa é a análise que dom Pedro Luiz Stringhini, bispo auxiliar de São Paulo, fez ontem do episódio em que o ex-interno Batista e Lancelotti estão envolvidos.

Vulnerável

A mãe do padre Júlio, Wilma, disse ontem que o religioso está cansado, magoado e vulnerável. Sobre as acusações de que o padre teria mantido relações com o ex-interno, ela disse:

"Convenhamos que é uma acusação do tamanho de um bonde, principalmente para um padre. Ele é inocente. Na minha opinião, todo mundo é inocente até que se prove o contrário."

Wilma também disse que seu filho tem feito alguns exames médicos, pois está bastante fragilizado. O padre Júlio se recusou a falar ontem. De dentro de casa, pediu que a reportagem não perdesse tempo insistindo. Seu advogado, Luiz Eduardo Greenhalgh, não foi localizado.

(ANDRÉ CARAMANTE)
Colaborou DANIELA ARRAIS

Fonte: Folha de S. Paulo


Justiça absolve acusados de formação de quadrilha e extorsão contra o padre Júlio Lancelotti

Especial para o UOL Notícias

A Justiça absolveu as quatro pessoas acusadas de formação de quadrilha e crime de extorsão contra o padre Júlio Lancelotti. A decisão, por votação unânime, é da 12ª Câmara Criminal do Tribunal de São Paulo, que negou recurso ao Ministério Público.

O tribunal entendeu que o fato apontado na denúncia, em tese, é infração penal, mas a acusação não conseguiu comprovar. Para os desembargadores, não houve prova que incriminasse Anderson Marcos Batista, Conceição Eletério, Éverson dos Santos Guimarães e Evandro dos Santos Guimarães.

O padre Júlio Lancelotti denunciou, em agosto de 2007, que sofria ameaças por parte do grupo. Segundo o religioso, os acusados exigiam dinheiro e, no caso de não atender aos pedidos, poderia ser vítima de uma falsa denúncia de pedofilia. A Polícia abriu inquérito e concluiu que houve os crimes de extorsão e formação de quadrilha.

O juiz Júlio Caio Farto Salles, da 31ª Vara Criminal, absolveu os acusados alegando falta de provas. O Ministério Público apelou da decisão. O advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, assistente de acusação, defendeu que havia prova suficiente da prática do crime de extorsão contra o padre Júlio Lancelotti.

“Os acusados atuavam na forma de quadrilha, ameaçando e extorquindo o padre Júlio [Lancelotti]”, sustentou o advogado.

O procurador de Justiça Roberto Alceu de Assis Júnior discordou do parecer de seu colega de Ministério Publico e no mérito pediu a absolvição dos acusados por insuficiência de provas.

O desembargador Vico Mañas disse que a denúncia apenas fazia menção a ameaças e constrangimentos, sem descreve qual foi a grave ameaça empregada para intimidar a vítima.

“Soa estranho que o ofendido [Júlio Lancelotti], como admitiu, tenha adquirido para Anderson veículo Pajero, de expressivo valor, assumindo o pagamento do financiamento, sem nunca denunciar a coação a que seria submetido, não havendo comprovação de que teria comunicado os fatos ao então governador do Estado”, afirmou Vico Mañas.

O desembargador também não aceitou o argumento de que houve crime de extorsão no fato de os acusados ameaçaram denunciar o padre por suposto abuso sexual do filho de Conceição Eletério.

Segundo o desembargador, os grampos telefônicos indicaram que depois da prisão de Everson, Conceição buscou a interferência do padre Júlio Lancelotti para liberar o amigo e ameaçou divulgar na imprensa o suposto abuso sexual de seu filho.

“Como se vê, a intimidação não buscava a obtenção de indevida vantagem econômica, não se podendo falar, portanto, em extorsão”, completou o desembargador.

Lancelotti é conhecido pelo trabalho na luta pelos direitos de crianças e adolescentes. O calvário do religioso teria começado em 2001, quando Anderson Batista deixou a antiga Febem, onde cumpria medidas sócio-educativas por roubo. Lancelotti diz que Batista passou a extorqui-lo ameaçando ir à imprensa acusá-lo de ter abusado sexualmente de seu enteado, de oito anos. Lancelotti nega qualquer abuso.


Funcionária de instituição diz que padre cometeu atos libidinosos com menor de idade

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Até a madrugada desta quarta (24), o padre Júlio Lancelotti era tratado pela polícia de São Paulo apenas como uma vítima de extorsão. O religioso acusa o ex-interno da Febem Anderson Marcos Batista, de 25 anos, e a mulher dele, Conceição Eletério, de 44, de tê-lo forçado a dar, em um período de 3 anos, R$ 80 mil ao casal. A dupla teria ameaçado denunciá-lo à imprensa por abuso sexual. O padre disse à polícia ter cedido à chantagem porque temia pela própria vida. Afirmou que as acusações de Batista e Conceição são falsas. Mas um depoimento prestado por uma suposta ex-funcionária da Casa Vida, entidade assistencial em que Lancelotti atua e que cuida de crianças e adolescentes que têm Aids, motivou a abertura de um inquérito policial por corrupção de menores. A mulher chegou à delegacia cerca de 22h30 de ontem e prestou depoimento até uma hora desta quarta-feira 24. Ela disse à polícia que, há cerca de 6 anos, teria visto, uma única vez, o padre Lancelotti praticando “ato libidinoso” com um adolescente assistido pela Casa Vida. Segundo a polícia, não teria havido conjunção carnal. A depoente disse não se lembrar do nome do garoto. A polícia busca, agora, novas provas que possam sustentar ou negar as afirmações da ex-funcionária da entidade.

Fonte: Revista Época








Os executores de Celso Daniel começaram a ser castigados. Chegou a hora de identificar e punir os mandantes do assassinato

Com o silencioso aval da oposição e o endosso explícito do governo, o PT decidiu que o assassinato do prefeito Celso Daniel foi um crime comum. Esqueceram de combinar com a imprensa, que continuou investigando o caso, com a família da vítima, que desafiou as pressões dos interessados em enterrar a história, e sobretudo com o Ministério Público, comprovou nesta quinta-feira o julgamento de Marcos Roberto Bispo dos Santos no foro de Itapecerica da Serra. O promotor Francisco Cembranelli provou que o crime foi político e acusou o réu de participação no sequestro seguido de assassinato encomendado pela quadrilha de políticos corruptos que agia na prefeitura de Santo André.

Os jurados avalizaram a argumentação de Cembranelli e condenaram Bispo dos Santos, foragido, a 18 anos de reclusão em regime fechado. O Ministério Público não está sob o controle do Executivo, reiteraram o destemor e a objetividade de Cembranelli. Não são poucos os brasileiros capazes de enxergar as coisas como as coisas são, reafirmou a decisão do júri. E ainda há juízes no Brasil, mostrou Antonio Augusto Galvão de França Hristov, que presidiu o julgamento e determinou a duração do castigo imposto ao homicida.

O país que presta espera que seja só o começo. Bispo dos Santos foi o motorista de um dos dois carros mobilizados para a captura de Celso Daniel. Faltam os outros integrantes do grupo de assassinos de aluguel. E faltam os mandantes. Por enquanto, o único formalmente acusado de figurar entre os autores da encomenda é Sérgio Gomes da Silva, vulgo Sombra, ex-assessor do prefeito executado e empresário do setor de transportes ligado ao PT, que aguarda o julgamento em liberdade.

Em janeiro de 2002, os supostos amigos voltavam do jantar num restaurante em São Paulo quando ─ segundo o relato de Sombra ─ um grupo de bandidos interceptou o carro blindado que dirigia e arrancou Celso Daniel do banco ao lado. Horas depois, o corpo foi encontrado numa estrada de terra no município de Itapecerica da Serra, desfigurado por marcas de tortura e inúmeras perfurações a bala.

O depoimento de Sombra na delegacia deixou intrigada a mais crédula das carmelitas descalças. Ele diz que não tentou escapar porque o câmbio hidramático emperrou. O fabricante do veículo rejeitou a versão com veemência. Nem o depoente nem os policiais que o interrogaram souberam explicar por que os sequestradores permitiram que uma testemunha ocular sobrevivesse ─ para contar uma história muito mal contada.

Por que Sombra e Celso Daniel, por exemplo, não permaneceram no interior do carro blindado? Como foi destravada a porta do passageiro? Por que Sombra não pediu socorro assim que os bandidos se afastaram? Se aquilo não passara de um assalto, por que nenhum dinheiro, nada de valioso foi levado? Por que Celso Daniel foi torturado antes da morte? O que os torturadores desejavam saber? O que procuravam?

Logo se juntaram as peças do mosaico. Na segunda metade dos anos 90, empresários da área de transportes e pelo menos um secretário municipal, todos vinculados ao PT, haviam forjado em Santo André o embrião do esquema do mensalão, desvendado três anos mais tarde. Recorrendo a extorsões ou desviando dinheiro público, a quadrilha infiltrada na administração municipal garantia parte da gastança com as campanhas do partido. Em 2002, escolhido para coordenar a campanha presidencial, Celso Daniel resolveu desativar o esquema criminoso. Foi punido com a morte.

Em julho de 2005, a TV Bandeirantes divulgou o escabroso conteúdo de conversas telefônicas entre Sombra, Gilberto Carvalho, secretário particular de Lula, e o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, encarregado pelo PT de impedir que as investigações avançassem. As gravações (reproduzidas abaixo), feitas por solicitação do Ministério Público, pilharam o trio em tratativas destinadas a enterrar de vez a história. Na hipótese menos inquietante, comprovam que Altos Companheiros tentaram obstruir a ação da polícia e da Justiça desde fevereiro de 2002, quando o cadáver do prefeito de Santo André ainda esfriava na sepultura.

Numa das fitas, Gilberto Carvalho procura amainar a inquietação de Sombra. “Marcamos às três horas na casa do José Dirceu”, informa o secretário do presidente da República. “Vamos conversar um pouco sobre nossa tática da semana, né? Porque nós temos que ir para a contra-ofensiva”. A voz de Sombra revela que o suspeito ficou menos intranquilo ao saber da movimentação fraternal. “Vou falar com meus advogados amanhã, nossa ideia é colocar essa investigação sob suspeição”. Carvalho concorda com a manobra: “Acho que é um bom caminho”.

Em outra conversa, a inquietação de Sombra fora berrada ao parceiro Klinger Oliveira Souza, secretário de Assuntos Municipais de Santo André. “Fala com o Gilberto aí, tem que armar alguma coisa!”, exalta-se. “Só quero que as coisas sejam resolvidas!” Além do nervosismo de Sombra, causava preocupação à equipe especializada em socorrer suspeitos o comportamento do médico João Francisco Daniel, irmão do assassinado. Ele estava convencido de que Celso se condenara à morte ao resolver desmontar a máquina de fazer dinheiro instalada nos porões da prefeitura.

É provável que Celso tenha aprovado a institucionalização da gatunagem. Ao notar que fora longe demais, decidiu encerrar as patifarias, documentadas no dossiê que pretendia entregar a dirigentes do PT. Ele contara a história toda ao irmão. E João Francisco se transformou em testemunha de alto risco para os padrinhos de Sombra. Como neutralizar o homem-bomba?

A interrogação anima uma das conversas entre Gilberto Carvalho e Greenhalgh. “Está chegando a hora do João Francisco ir depor”, alerta o advogado do PT. “Antes do depoimento preciso falar com você para ele não destilar ressentimentos lá”. Gilberto se alarma com o perigo iminente. “Pelo amor de Deus, isso vai ser fundamental. Tem que preparar bem isso aí, cara, porque esse cara vai… Tudo bem”. Os donos das vozes nas fitas recitam há oito anos que houve um crime comum. Se foi assim, por que tirou o sono de tantos figurões da política brasileira?

O promotor Francisco Cembranelli provou que Celso Daniel foi vítima de uma conspiração tramada por bandidos vinculados ao PT de Santo André e consumada por um grupo de matadores profissionais. O Brasil quer ver esclarecidos tanto a eliminação de Celso Daniel quanto a sequência de mortes misteriores de que trata o excelente post de Reinaldo Azevedo. E quer ver na cadeia todos os culpados ─ incluídos os mandantes. As gravações podem ajudar a identificá-los. As conversas entre Sombra, Greenhalgh e Carvalho não se limitam a escancarar uma mobilização política. Documentam a movimentação de comparsas.





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