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SÃO PAULO - O sismólogo Joaquim Ferreira, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), alerta que um novo ciclo de tremores pode estar se iniciando na região nordeste do país. É o que os especialistas chamam de enxame sísmico. Para o professor de sismologia da UFRN, a causa dos tremores é a reativação da falha sismológica de Poço Branco. Ferreira, entretanto, afirma que não é possível saber em quanto tempo isso vai acontecer ou a magnitude dos abalos. Na região, não havia terremotos desde 1997 e dois abalos foram registrados desde o último fim de semana.
- Há anos não havia tremores nessa região e a energia foi se acumulando. Agora pode ter começado a liberação. Não se sabe em quanto tempo isso vai acontecer e nem a duração dos fenômenos - afirma o especialista.
O sismólogo George Said França, da Universidade de Brasília, também confirma que há potencial para novos tremores no Rio Grande do Norte.
- A região já está acostumada à atividade sísmica. A tendência é que os próximos abalos sejam de menor magnitude. Mas não há garantia disso e tremores mais fortes podem acontecer - afirma França.
Um tremor de terra foi sentido no início da tarde desta segunda-feira,por volta das 12h54m, horário local, por moradores de cidades do Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraíba. Segundo o Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), a magnitude preliminar em Taipu (RN), epicentro do tremor, chegou a 4,3 graus na escala Richter. Nesta terça, a UnB e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte reavaliaram a magnitude para 3,8 graus na escala Richter.
- Foi um tremor de força moderada. Ele tem potencial para causar rachaduras em casas, por exmeplo - explica Said França, da UnB.
Não há relatos de casas destruídas, excetos paredes de algumas casas rachadas, e feridos.
" Há anos não havia tremores nessa região e a energia foi se acumulando. Agora pode ter começado a liberação "
No sábado, um tremor de 3,7 graus na escala Richter, já havia sido sentido nos municípios potiguares de João Câmara, Poço Branco, Taipu, Ceará-Mirim e em alguns bairros de Natal, também ocorreu em Taipu, cidade a 50 km de Natal.
Os dois tremores assustaram a população de Natal.
- Pensei que o barulho fosse um carro grande passando pela rua - conta a telefonista Ruth Ferreira.
- A árvore de Natal começou a balançar. Depois, ouvimos móveis batendo contra a parede. Foi assustador para quem não está acostumado -, disse a estudante Deise Alves, 27, de Natal.
Em Recife, funcionários de cinco prédios no centro da cidade, entre eles o do Tribunal Regional do Trabalho, resolveram desocupar os locais. Eles ficaram do lado de fora por cerca de meia hora e retornaram quando a situação se normalizou.
Em João Câmara (RN), vendedoras chegaram a chorar de medo, segundo Marilene Bento, 38 anos, funcionária de uma loja de móveis.
- As vitrinas tremiam muito, ficaram tinindo. Todo mundo correu e desceu a escada, estava tudo tremendo -, disse.
Estima-se que o abalo tenha sido sentido em um raio de 200 quilômetros.
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