POR GABRIELA GERMANO Rio - ‘Levanta, sacode a poeira, dá a volta por cima’. A famosa canção de Paulo Vanzolini cai muito bem a Fábio Assunção. O ator faz seu retorno em grande estilo à TV, depois de um período de tratamento contra o uso abusivo de drogas. Ele é protagonista da minissérie que fala de dois grandes nomes da música popular brasileira, ‘Dalva e Herivelto’, que estreia em janeiro na Globo. Então é só mudar o rumo da prosa. E olha que tem muita coisa para falar. Fábio já está escalado para a novela de Gilberto Braga no segundo semestre de 2010, e tem dois longas na fila também para o ano que vem: ‘Amor Sujo’, de Paulo Caldas, e a história que narra o assalto ao Banco Central de Fortaleza, a convite de Marcos Paulo, que vai dirigir o projeto. Atualmente, no entanto, ele já pode ser visto nas telonas em ‘Do Começo ao Fim’, de Aluizio Abranches, história polêmica por focar no incesto entre irmãos. O personagem de Fábio é pai dos garotos. “Eu não tenho nenhum tipo de julgamento em relação às pessoas.Prestes a voltar à TV como Herivelto Martins, ator diz que não quer esconder, mas evitar falar sobre drogas, tema que vai tratar em filme
E Fábio volta com a cara e a coragem ao trabalho. Na trama escrita por Maria Adelaide Amaral e dirigida por Dennis Carvalho, solta a voz sem medo. “Sou cara de pau, como diz o Dennis. Já tocava violão, mas nunca samba ou choro. Não sou cantor, mas tenho prazer em cantar e tocar. É uma celebração à vida”. Como se não bastasse tamanha ousadia, no cinema, ele dá voos ainda mais altos. Além de dois longas a serem feitos no ano que vem, idealiza roteiro de um filme que fala justamente sobre dependência química. “A única forma de falar desse problema é artisticamente. O filme pode abrir portas para uma discussão pois muita gente passa por isso”, afirma o ator, que chega a dizer que amigos lhe pediram ajuda.
Simpático e demonstrando tranquilidade, Fábio até conversa sobre tudo o que passou. Mas prefere mesmo é falar sobre o que está por vir. “Eu não quero me alimentar disso. Quando falo que amigos me pediram ajuda não quero dizer que agora virei conselheiro das pessoas. O que passei é uma coisa que não tem cura e que vou ter que lidar a minha vida inteira. Tenho meus desafios. Em nenhum momento, nem na entrevista ao ‘Fantástico’, coloquei como uma coisa bem resolvida. Não quero me colocar na posição de vitorioso. Mas adoraria me afastar disso que aconteceu e falar sobre outras coisas. Não quero esconder, mas quero evitar”, confessa.Foto: João Laet / Agência O Dia
A gente aprende com nossas escolhas. Como ator, não podemos fazer julgamentos, mas, sim, uma leitura do personagem. Nesse filme, o pai percebe o afeto entre os filhos e apoia. Ele vê que existe, de fato, uma relação de amor”. Em relação à diversidade de papéis — o sonho de todo ator — ele não tem do que reclamar. Já fez vilão, figuras cômicas, mocinhos... Ah, os olhos azuis de Fábio já deram vida a cada mocinho... E pensa que ele reclama de ser galã? Que nada! “Ser galã é um ‘plus’ na minha carreira. Não tenho problema quanto a isso”, decreta.
O ator assume que quando Dennis o chamou para Herivelto, ele parou para pensar: “Eu sou muito diferente dele. Mas quando comecei as pesquisas, vi que eu estava em um parque de diversões. Ele era pai, palhaço, letrista, instrumentista, teve uma relação conturbada com Dalva. Não era um cara só, não é um personagem simples”, valoriza Fábio, que estará ao lado de Adriana Esteves, como Dalva, e Maria Fernanda Cândido, como a segunda mulher do músico, Lurdes.
Mais presente no cinema e na TV do que no teatro, Fábio também justifica sua ausência nos palcos desde 2000. “Teatro é casamento. E não encontrei uma peça para me casar. Estou esperando me apaixonar por um texto. Não entro em projeto que só vai me dar trabalho, mas que vai me dar prazer também. Não faço qualquer novela, faço ‘a’ novela”.
Fábio, no entanto, lamenta ter deixado de fazer alguns papéis para os quais foi convidado. Como os personagens de Murilo Benício em ‘O Clone’ e Dodi, coincidentemente interpretado pelo mesmo ator em ‘A Favorita’. “Essa foi uma grande novela e Dodi era um grande personagem, que Murilo fez brilhantemente. É um arrependimento, mas na época abri mão do papel com convicção, porque era o melhor a fazer”, explica Fábio. O ator não reclama. Quer mesmo é pensar no próximo trabalho. “Já estou me coçando”. Está de olho no futuro. E garante que não pode reclamar de seu passado. “Tenho orgulho de minha trajetória tanto pessoal quanto profissionalmente. 2010 vai ser um ano delicioso para mim”, comemora.
Elogios do diretor e amigo
Foi Dennis Cavalho que convidou Fábio para fazer o papel de Herivelto na minissérie. “Escolhi por afinidade, porque eu acho que ele é um excelente ator e para mostrar um lado dele que ninguém viu. Ele canta muito bem! O escolhi também porque ele é meu amigo. O retorno dele foi ótimo, ele correspondeu numa ótima. Está muito maduro como ator e para ele é muito importante voltar desse jeito, com um papel desse”, derrete-se Dennis. O diretor também já expôs publicamente seu envolvimento com drogas no passado e, perguntado se teve uma conversa de paizão com Fábio, revelou: “Tive uma conversa de irmão. Falei de minhas experiências e ele, das dele. Essa troca ajuda muito”.
sábado, 28 de novembro de 2009
Recuperado, Fábio Assunção estreia minissérie em 2010
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