Foto: Montagem |
Uma das características mais legais de uma telenovela é sua capacidade de transformar. É legal saber que o produto a que você assiste é totalmente aberto e passível de mudança. O que é verdade absoluta no capítulo de hoje, na semana que vem pode ser virado ao avesso. Alguns autores se deixam influenciar pela opinião pública e outros juram que, quando botam sua obra no ar, ela ganha vida própria e seu trabalho é apenas tentar acompanhar seu ritmo. É verdade que isso tem um lado ruim. Já vi muita novela boa sofrer interferências desastrosas por causa da baixa audiência e o resultado final ter sido ainda pior.
Um exemplo disso foi Bang Bang (2005). Situar um folhetim no velho oeste americano foi um achado, algo totalmente novo. Mas não caiu nas graças do público. Moral da história: uma trama bem elaborada e com ótimos personagens virou um samba do caubói doido. O último capítulo, então, foi melancólico... Com As Filhas da Mãe (2001), então, aconteceu algo pior. O telespectador não assimilou bem a linguagem moderníssima, tanto do texto de Silvio de Abreu quanto da direção de Jorge Fernando, e a novela foi retirada do ar muito antes do tempo. Uma pena! Até hoje fico pensando no que Lulu de Luxemburgo (Fernanda Montenegro) e Ramona (Cláudia Raia) poderiam ter rendido.
Agora em Caminho das Índias Glória Perez está fazendo uma mudança muito forte em sua história. Se na sinopse que entregou para a Globo, o amor de Maya (Juliana Paes) e Bahuan (Márcio Garcia) "era mais forte que a própria vida", não será isso que veremos no ar. Como a química entre Juliana e Márcio não funcionou e Rodrigo Lombardi arrebatou o país com seu sedutor Raj, a saída de Glória será fazer Maya se apaixonar de verdade pelo marido. E ser correspondida. O que será de Bahuan ainda é uma incógnita. Vai virar um vilão? Seria ótimo. Mas como disse lá em cima, em novela tudo pode acontecer. Até mesmo Márcio demonstrar no ar que corre sangue em suas veias, transformar Bahuan num indiano viril como Raj e voltar ao páreo para brigar pelo coração de Maya.
Isso vai dar trabalho para Glória? Ah, com certeza! Mais alterações ela teria que fazer em seu texto... Mas cá pra nós: posso estar enganado, mas acho que deve ser exatamente esse eterno confronto com o imponderável que faz as dores e as delícias de se escrever uma novela. Como na vida real, numa obra aberta a gente nunca sabe como será o amanhã. Responda quem puder... Ou melhor ainda: não desgrude os olhos da telinha.
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