Foto: Montagem |
Tenho assistido a Caminho das Índias com bastante interesse. Gosto do núcleo indiano, mas é o drama de Silvia (Débora Bloch) que mais vinha me agradando, principalmente, por causa do trabalho de Débora. Ela sempre foi uma grande atriz, mas está na plenitude de seu talento, vivendo uma personagem difícil, naturalista e sem grandes nuances, o que torna mais complicado na hora de compô-la. Mas Débora a desempenha com muito brilhantismo. Mas a excessiva ingenuidade da personagem dela e de Alexandre Borges começou a me irritar. Yvone (Letícia Sabatella) faz o que bem quer dos dois e com uma facilidade que nem mesmo na mais folhetinesca das novelas cairia bem. Yvone vem sendo comparada à Flora (Patrícia Pillar), de A Favorita. Ambas têm rosto de anjo, fala doce, são lindas e terrivelmente venenosas. Mas a maneira como Flora envolveu os personagens da história de João Emanuel Carneiro e praticou suas maldades era muito coerente. Já Yvone não. Ela propõe os maiores absurdos a Raul, que, totalmente débil, acata silenciosamente.
Sei que Raul passou por uma crise nervosa séria, tirou dinheiro da empresa para chamar a atenção da família, porque estava cansado de carregar o irmão, Ramiro (Humberto Martins), nas costas. Mas nunca foi seu real objetivo prejudicar ninguém. Queria apenas ser lembrado. Mas, então, surge Yvone e transforma esse homem atormentado num babacão. Fala sério! Por mais calhorda que Raul fosse, ele iria simular a própria morte, deixar a filha e a mulher na miséria, acabar com a empresa do pai e fugir com Yvone para Dubai, nos Emirados Árabes? Acho que não. Qualquer homem, no mínimo, estranharia quando uma desconhecida, por mais linda e sedutora que fosse, fizesse essa proposta indecente. Mas Raul achou tudo muito plausível...
E a situação ainda é pior com Silvia. A melhor amiga, Aída (Totia Meirelles), já avisou que Yvone não presta. O sogro, Cadore (Elias Gleizer), alertou que a morena é perigosa. E até a empregada, Ondina (Luci Pereira), mandou a patroa abrir os olhos. Mas nada tira as vendas de Silvia. Ela confia cegamente em Yvone, uma amiga de faculdade, que não vê há 18 anos e não sabe ao certo o que fez da vida.
Coincidentemente, Silvia passou a desconfiar que o marido tivesse uma amante depois que Yvone chegou a sua casa. Além disso, ela já achou uma camisa de Raul na cama da amiga e flagrou os dois juntos num motel. E nada disso fez com que ela deixasse de ser tão idiota. E a galera ainda reclamava que Irene (Glória Menezes), de A Favorita, era uma trouxa. Silvia sim é a personagem mais pateta de todos os tempos. Ai que irritação. Detesto que subestimem minha inteligência. E nem é necessário.
O núcleo da família Cadore tem atores excelentes, Glória Perez é uma autora habilidosa, ou seja, não há justificativa para que essa trama seja tratada com tanta preguiça. Abre logo o olho da Silvia, Glória. Antes que seja tarde demais. Não para ela, mas para sua trama.
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