ALENCAR IZIDORO
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
da Folha de S.Paulo
Em disputa com a Prefeitura de São Paulo para ter reajuste, as empresas de ônibus anunciam que os serviços vão piorar.
( PIORAR DE QUE JEITO !!!!! agora os passageiros passam a empurar os onibus durante todo o trajeto, e pagam a passagem ???????!!!!!!!!!!)
Em carta enviada à Câmara Municipal, sete dos oito consórcios de viações, que transportam 4,5 milhões de pessoas por dia, acusaram a gestão Gilberto Kassab (DEM) de desrespeito contratual e disseram que, "dada a necessidade imediata de redução dos custos", haverá "prejuízos irreparáveis na qualidade dos serviços".
O texto não deixa claro o que isso significa. À Folha o sindicato das empresas de ônibus disse apenas que está em negociação com a Secretaria dos Transportes. Assinam o documento os consórcios Bandeirante, Sambaíba, Plus, Via Sul, Unisul, Sete e Sudoeste.
Já o sindicato dos motoristas e cobradores diz que, na prática, os efeitos para a população já começaram. Afirma que, na zona sul, por exemplo, algumas viações estão colocando menos ônibus nas ruas. "As férias escolares acabaram, mas a frota seguiu reduzida", diz Isao Hosogi, presidente do sindicato.
No fim de 2008, os ônibus tiveram a maior taxa de reprovação de passageiros na década. A satisfação, que foi de 61% em 2004, atingiu 40%, segundo pesquisa da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos).
Pano de fundo
O impasse entre empresas de ônibus e prefeitura tem como pano de fundo a crise financeira, a promessa de Kassab na campanha eleitoral de manter a tarifa congelada em R$ 2,30 neste ano e a redução dos subsídios -valor que a prefeitura paga para manter a passagem num valor mais baixo.
As viações alegam que foram reduzidos em até 90% os bônus contratuais que recebiam conforme a idade dos ônibus. Dizem que investiram em veículos novos e que, agora, não estão sendo recompensadas.
Uma consequência é a falta de renovação da frota --só 175 veículos novos devem ser comprados neste ano, contra a média anual de 1.700 desde 2005.
Os empresários de ônibus também afirmam que a gestão Kassab fixou de forma unilateral um reajuste contratual (que ocorre anualmente em março) médio de 7%, inferior ao aumento de custos do sistema.
Mas dizem que o consórcio Leste 4, o único que não subscreveu a carta à Câmara, teve aumento maior: de 11,65%.
A Secretaria dos Transportes não explicou a diferença de critérios. Em nota, disse que fez mudanças no pagamento por renovação da frota devido à redução orçamentária e aos "reflexos da crise internacional".
O comunicado afirma que "em nenhum momento a prestação de serviços à população sofreu ou sofrerá qualquer reflexo" e que "continuará a exercer a devida fiscalização".
Os questionamentos dos empresários começaram no final de 2008, quando a prefeitura anunciou um congelamento dos subsídios ao transporte -comprometendo-se a quitar eventuais débitos em 2010.
Para as viações, a medida era inviável diante do aumento dos custos e da promessa de campanha de Kassab de manter a tarifa de ônibus em R$ 2,30.
A remuneração das empresas é por passageiro na catraca, independente do preço cobrado do usuário. Mas, como a tarifa está congelada desde 2006 e a prefeitura não vai aumentar os subsídios (de R$ 660 milhões em 2008), as viações avaliam que a conta não fecha.
A decisão de enviar a carta à Câmara no mês passado --e publicada no "Diário Oficial" de sábado-- foi uma estratégia para pressionar a prefeitura.
O ritmo de turbulência no setor tende a crescer, já que as empresas começarão a negociar com os trabalhadores as condições salariais da categoria --cujo dissídio ocorre em maio.
Uma reivindicação das viações é retirar cobradores dos ônibus, a começar pelos dos corredores exclusivos.
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