Ex-presidente cobrou atitude do governo ao lidar com denúncias envolvendo a administração pública
Anne Warth e Ricardo Leopoldo - Agência Estado
Ao comparar sua atuação como presidente em relação à corrupção, FHC não citou o nome do presidente Lula. "A diferença é de atitude. Não posso garantir que não tenha havido corrupção, mas posso garantir que, sim, nunca compactuei com ela", afirmou ele, durante o seminário 15 anos do Plano Real: Antecedentes, Resultados e Perspectivas, realizado na Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP), com o apoio da Agência Estado.
Indagado, FHC evitou falar sobre as pessoas que, em sua avaliação, "deveriam ser presas" por corrupção. "Eu não preciso nominar ninguém. O Ministério Público (MP) já nominou, a condenação é que ainda não houve, porque é um processo lento", declarou. O ex-presidente defendeu mais agilidade por parte do Judiciário para decidir sobre casos de corrupção. "Esse não é um problema desse governo, é do Brasil. O que garante a continuidade da corrupção é o sentimento de impunidade", disse.
Lalau
Questionado sobre pessoas corruptas que teriam sido presas durante seu governo, ele citou o juiz Nicolau dos Santos Neto, conhecido como Lalau e condenado a 26,5 anos de prisão pelos crimes de peculato, estelionato e corrupção passiva. O juiz foi acusado de desviar R$ 169,5 milhões durante a construção da sede do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) na capital paulista. "Talvez seja o único preso até hoje. É patético", afirmou o ex-presidente. Atualmente, Lalau cumpre prisão domiciliar devido à idade avançada.
FHC ironizou as críticas feitas pelo presidente Lula, que disse ontem que ex-presidentes devem se manter calados. "Ai, que saudade do governo militar, em que eu podia falar", disse. Na década de 1960, o ex-presidente já era conhecido como sociólogo de renome internacional e ficou exilado no Chile e na França nos anos mais violentos da ditadura militar.
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