Organizações sociais criticaram a política penitenciária do governo que permitiu a saída de De Juana Chaos
Piedad Viñas, da Efe
A expectativa de que se levantou com a libertação de Juana Chaos forçou um dos "etarras" mais sanguinários da história da ETA a mudar seus planos e passar longe da recepção que os seus seguidores tinham preparado na cidade de San Sebastian (País Basco), por razões de segurança e para evitar o "circo midiático", de acordo com suas próprias palavras.
De Juana Chaos chegou a escrever uma carta em que expressava seu pesar por não poder participar da recepção e criticava a política penitenciária do governo espanhol.
Essa política foi também criticada, mas em um sentido diferente, por representantes de várias organizações civis e partidos políticos, que neste sábado pediram uma reforma legal para evitar que recebam liberdade pessoas como De Juana Chaos. Ele havia sido condenado a 3 mil anos de prisão por 25 assassinatos e outros 3 anos por ameaças.
A Associação de Vítimas do Terrorismo (AVT) reprovou o governo por sua falta de ação para impedir que De Juana Chaos possa viver uma vida normal. "Algo mais poderia ter sido feito" para impedir sua saída da prisão, disse o presidente da organização, Juan Antonio García Casquero, na homenagem que foi feita neste sábado para as vítimas do ETA na praça da República Dominicana de Madri, onde o terrorista cometeu seu atentado mais sangrento - doze guardas civis foram mortos em julho de 1986.
Maria Dolores de Cospedal, secretária geral do conservador Partido Popular (PP), a principal força de oposição na Espanha, disse que em um caso de um "criminoso, chantagista e assassino" como De Juana Chaos, "mudar leis" é obrigatório.
No entanto, com a legislação vigente, é preciso aceitar a saída da prisão do terrorista "mesmo que sem gostar", disse o juiz da Audiência Nacional, Baltasar Garzón.
A possível modificação da lei para evitar que se repitam situações similares, como pedem as vítimas, será, segundo o juiz, "uma obrigação e uma missão do Parlamento espanhol".
O presidente espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, confessou sentir "desprezo" pela libertação do terrorista, mas afirmou que "é preciso respeitar a lei".
A libertação de Chaos, que protagonizou três greves de fome, esteve marcada por muita polêmica. Apesar de estar condenado a mais de 3 mil anos, ele cumpriu apenas 21 deles graças às redenções por ter nível universitário.
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