Análise de computadores confirma relação direta entre o governo venezuelano e as Farc.
Chávez classificou o relatório da Interpol como 'palhaçada'.
A Interpol confirmou, nesta quinta-feira (15), que os dados encontrados em computadores de um dos chefes militares das Farc, Raúl Reyes, são verdadeiros, e confirmam uma relação direta entre o governo venezuelano, presidido por Hugo Chávez, com a guerrilha colombiana, informa o jornal ‘El País’. Leia aqui o relatório completo da Interpol.
O secretário geral da Interpol, Ronaldo Noble, explicou que os peritos internacionais “não descobriram evidências” sobre uma eventual intervenção.
Os computadores foram apreendidos em 1º de março deste ano em um acampamento das Farc, em uma operação que resultou na morte de Reyes. “A Interpol conclui que não houve qualquer tipo de alteração nos dados”, pontuou o secretário-geral da Interpol, Ronald Noble.
As conclusões dos peritos confirmam que Hugo Chávez financiou diretamente a guerrilha colombiana e que, por outro lado, as Farc participaram economicamente da campanha presidencial de Rafael Correa, como candidato à presidência do Equador.
O jornal "El País" teve acesso aos documentos dos computadores. Um deles é um e-mail de 12 de novembro de 2007 de um integrante da guerrilha, chamado Iván Márquez, contando aos companheiros que Chávez "aprovou sem pestanejar o pedido de US$ 300 milhões" feito pela guerrilha.
Na mesma mensagem, ele diz havia um plano para as Farc receberem armamento contrabandeado através da Venezuela.
Segundo o jornal espanol, os
documentos mostram ainda que a inteligência venezuelana ofereceu ajuda para os guerrilheiros obterem mísseis antiaéreos.
O presidente venezuelano, por sua vez, classificou o relatório como uma "palhaçada" e chamou o representante da Interpol como um "vagabundo internacional". "É uma palhaçada que não merece, do meu ponto de vista, um comentário sério", disse Chávez em entrevista coletiva, horas a Interpol apresentar o relatório sobre o computador entregue por Bogotá.
"Este Noble é um vagabundo (...). Eu o denuncio como um vagabundo internacional. E é perigoso que a Interpol tenha um vagabundo como secretário-geral", completou.
O governo de Bogotá, que antes de pedir a investigação da Interpol revelou parte dos arquivos, afirma que os documentos revelam as ligações das Farc com os governos de Equador e Venezuela.
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Chávez disse ainda que o relatório afetará as relações comerciais com a Colômbia: "Quem vai investir com este clima? Os empresários colombianos estão perdendo dólares, são os que mais pedem e recebem, mas vamos revisar isto".
Na mesma coletiva, Chávez revelou que o acampamento das Farc no território equatoriano que a Colômbia bombardeou em março foi montado para receber os reféns que seriam libertados pela guerrilha.
"A razão fundamental deste acampamento não era agredir a Colômbia, seu objetivo fundamental era o processo de libertação de outro grupo (de reféns das Farc) que iria para o Equador".
O presidente destacou que esta "fórmula de recuperação" dos reféns pelo território equatoriano tinha a aprovação do presidente do Equador, Rafael Correa.
Para o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, o relatório divulgado nesta quinta-feira pela Interpol sobre os computadores apreendidos junto ao líder guerrilheiro Raúl Reyes demonstra que seu governo atuou com "transparência" e "boa vontade".
"A Interpol disse de maneira contundente que a Colômbia não alterou os computadores e que a polícia agiu com transparência, de acordo com os protocolos internacionais", afirmou.
Chavéz e demais chefes latino-americanos participam nesta sexta-feira (16) da 5ª Cúpula América Latina, Caribe e União Européia. O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, ao chegar a Lima, que não se pode descartar a possibilidade de haver pontos de tensão nos debates entre os chefes de Estado.
Entretanto, ele destacou que nunca houve um momento de tanta democracia na América Latina e tocou em um assunto polêmico ao falar das Forcas Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
"É verdade que pode ter uma ou outra tensão, mas é verdade que temos democracia aqui como jamais tivemos em nenhum outro momento histórico. Hoje, com exceção das Farc, você não tem nenhum grupo propondo luta armada, você não tem guerrilha, você não tem terrorismo e você tem os países construindo a democracia. É isso que interessa", afirmou Lula.
(Com informações da Reuters, da France Presse e da Agência Brasil)
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