Segundo um novo estudo publicado pela revista Science, Magalhães encontrou bom tempo a 28 de Novembro de 1520, depois de enfrentar durante dias a fúria do mar a sul da América do Sul. A partir daí, especulam os investigadores, a sua passagem para o oceano Pacífico poderá ter sido ajudada pelos efeitos de acalmia do «El Niño».
Quando este ocorre, as águas do Pacífico Equatorial tornam-se mais quentes do que o normal, criando ar ascendente que altera o vento e os padrões meteorológicos. Entre os seus efeitos contam-se seca no Pacífico ocidental e maior pluviosidade no Peru e na costa ocidental da América do Sul.
De acordo com os dados disponíveis, «El Niño» ocorreu em 1519 e 1520, e terá possivelmente começado em 1518.
Depois de seguir pelo estreito que tem o seu nome, Magalhães navegou para norte ao longo da costa da América do Sul até que virou para noroeste, tendo atravessado o equador e chegado eventualmente às Filipinas, onde foi morto numa batalha com indígenas.
O navegador português procurava as chamadas Ilhas das Especiarias, actualmente pertencentes à Indonésia, mas o rumo que seguiu levou-o para norte desse objectivo.
Na perspectiva dos antropólogos Scott M. Fitzpatrick, da Universidade do Estado da Carolina do Norte (EUA), e Richard Callaghan, da Universidade de Calgary (Canadá), essa rota terá sido ditada pelas boas condições e os ventos favoráveis do «El Niño».
«Só depois pensámos no El Niño, ao tentar perceber por que razão os ventos estavam tão calmos quando chegou ao Pacífico», acrescentou. «Sabíamos que era invulgar».
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