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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

#MEC 58% não sabem fazer conta no 3º ano


Fernando Haddad, atual ministro da Educação do Brasil.



Resultados de prova aplicada no início da vida escolar mostram que desempenho da rede particular é superior logo nos primeiros anos

Marina Morena Costa, iG São Paulo | 25/08/2011 12:17

Pela primeira vez o Brasil aplicou uma avaliação para medir a qualidade da alfabetização dos estudantes e diagnosticar problemas logo no início da vida escolar. Os resultados são alarmantes e mostram que as desigualdades entre as redes pública e privada começam desde cedo.

Em Matemática, apenas 32,6% dos alunos de escolas públicas alcançaram o resultado esperado, enquanto 74,3% atingiram os objetivos desejados na rede privada. A diferença se repete em Português, que teve provas de interpretação de texto e uma redação. Em Leitura, 79% dos estudantes de escolas particulares aprenderam o que era esperado, enquanto 48,6% tiveram o desempenho ideal na rede pública. Na escrita, 82,4% das crianças que estudam em escolas particulares estão no nível desejado; já nas públicas, 43,9% alcançaram o mesmo resultado.

A prova batizadade de ABC (Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização) foi aplicada pelo movimento Todos Pela Educação, que tem como uma das metas que toda criança seja alfabetizada até os 8 anos de idade. Para Priscila Cruz, diretora-executiva da entidade, a diferença entre as redes e entre as regiões tende a se ampliar ao longo da vida escolar, por isso o diagnóstico precoce das defasagens é importante.

O exame foi aplicada a 6 mil alunos que concluíram o 3º ano (2ª série) do ensino fundamental em 250 escolas públicas e particulares localizadas em capitais de todas as regiões do País. "Mesmo as melhores notas não são boas, pois 100% das crianças deveriam ter atingido o mínimo esperado", reforça Priscila.

A avaliação seguiu a escala do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e teve como média 175 pontos – aprendizado ideal para a etapa da educação avaliada. Em Leitura, era esperado que os alunos conseguissem identificar temas de uma narrativa, localizassem informações explícitas, identificassem características de personagens e percebessem relações de causa e efeito, entre outras tarefas. Em Matemática, atingir no mínimo 175 pontos significa que os alunos têm, por exemplo, domínio da adição e subtração e conseguem resolver problemas simples.

Na redação, foram avaliadas três competências: adequação ao tema e ao gênero; coesão e coerência e registro (grafia das palavras, adequação às normas gramaticais, segmentação de palavras e pontuação). Para isso, as crianças foram solicitadas a fazer uma carta com no máximo 10 linhas. Em uma escala que vai de 0 a 100 pontos, o desempenho esperado dos alunos avaliados era de pelo menos 75 pontos.

Cada aluno respondeu também a 20 questões de múltipla escolha de Leitura ou de Matemática. A avaliação foi aplicada em parceria do movimento Todos Pela Educação com o Instituto Paulo Montenegro /IBOPE, a Fundação Cesgranrio e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Brasil - Leitura

Rede Pontuação (média 175) Alunos com desempenho adequado
Pública 175,8 48,6%
Particular 216,7 79,0%
Total 185,8 56,1%
Brasil - Matemática

Rede Pontuação (média 175) Alunos com desempenho adequado
Pública 158,0 32,6%
Particular 211,2 74,3%
Total 171,1 42,8%
Brasil - Escrita

Rede Pontuação (média 75) Alunos com desempenho adequado
Pública 62,3 43,9%
Particular 86,2 82,4%
Total 68,1 53,4%
Fonte: Prova ABC

Regiões

Na média nacional do Brasil, nem metade dos alunos (42,8%) aprendeu o que era esperado em Matemática e 56,1% atingiram o desempenho ideal em Português.

A prova também registrou desigualdades entre as regiões brasileiras. O Sul, o Sudeste e o Centro ficaram acima da média nacional e tiveram percentuais de alunos com desempenho dentro do esperado superiores a 60% em português e próximos de 50% em matemática.

Já o Norte e o Nordeste ficaram abaixo da média e tiveram cerca de 43% dos alunos com nível adequado em Português. Em Matemática o desempenho foi pior: no Nordeste, 32,4% dos estudantes aprenderam o esperado e, no Norte, apenas 28,3% estão no nível adequado.

“Estes dados apontam que os baixos desempenhos em matemática apresentados pelos alunos brasileiros ao final do Ensino Fundamental, e posteriormente do Ensino Médio, começam já a serem traçados nos primeiros anos da vida escolar. Fato que nos coloca diante da necessidade de promover políticas públicas de incentivo a aprendizagem de matemática desde a alfabetização”, afirma Ruben Klein, consultor da Cesgranrio.

Veja o desempenho das regiões em Matemática:

Norte

Rede Pontuação (média 175) Alunos com desempenho adequado
Pública 145,4 21,9%
Particular 196,7 67,7%
Total 152,6 28,3%
Nordeste

Rede Pontuação (média 175) Alunos com desempenho adequado
Pública 148,0 25,2%
Particular 186,9 54,7%
Total 158,2 32,4%
Sudeste

Rede Pontuação (média 175) Alunos com desempenho adequado
Pública 161,9 35,6%
Particular 224,2 80,6%
Total 179,1 47,9%
Sul

Rede Pontuação (média 175) Alunos com desempenho adequado
Pública 171,3 44,5%
Particular 224,9 86,3%
Total 185,6 55,7%
Centro-Oeste

Rede Pontuação (média 175) Alunos com desempenho adequado
Pública 167,1 40,6%
Particular 204,2 78,9%
Total 176,5 50,3%
Fonte: Prova ABC


Prova ABC mostra a diferença de aprendizado entre alunos das redes pública e privada no ciclo de alfabetização

Em teste de leitura, as crianças do 3º ano das escolas públicas obtiveram média 175,8 pontos; as das instituições particulares, 216,7

CAMILA GUIMARÃES


Menos da metade (42,8%) dos alunos que terminam o 3º ano do ensino fundamental aprenderam o que era esperado para essa etapa em Matemática. E pouco mais da metade (56,1%), alcançou a proficiência em Leitura. Esses são os principais resultados da Prova ABC, avaliação inédita que tem como objetivo medir a qualidade da alfabetização das crianças ao fim do primeiro ciclo de aprendizagem. Uma das metas assumidas pelo Plano Nacional de Educação é que todas as crianças saibam ler e escrever até os oito anos de idade.

A Prova ABC mediu a qualidade da aprendizagem das crianças ao fim do 3º ano do ensino fundamental (Foto: Divulgação)

A Prova ABC (Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização) foi aplicada no primeiro semestre de 2011 a cerca de 6 mil alunos de escolas municipais, estaduais e particulares de todas as capitais do país. A avaliação é inédita e foi realizada pelo movimento Todos pela Educação em parceria com o Instituto Paulo Montenegro/IBOPE, a Fundação Cesgranrio e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Os resultados seguem a escala do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Um resultado individual acima de 175 pontos indica que o aluno aprendeu o que deveria para sua idade e série – tanto em leitura, quanto em matemática. Em leitura, isso significa que a criança consegue, entre outras habilidades, identificar temas de uma narrativa e localizar informações explícitas. Em matemática, representa o domínio de operações básicas, como soma e subtração, e a capacidade de resolver problemas envolvendo notas e moedas.

Resultados da prova de leitura

O desempenho médio dos alunos que fizeram a prova de leitura foi de 185,8 pontos na escala, com 56,1% do total das crianças aprendendo o que era esperado para esta etapa do ensino. De acordo com a avaliação, esse número varia conforme a região do país. Sul, Sudeste e Centro Oeste apresentaram desempenho acima da média nacional (185,8) com, respectivamente, 197,9; 193,6 e 196,5 pontos. O Norte e o Nordeste ficaram abaixo da média, com respectivamente 172,8 e 167,4 pontos.

A maior variação, no entanto, é na comparação entre as redes pública e particular. A média nacional dos estudantes de escolas públicas foi de 175,8 pontos. Os da rede particular ficaram com 216,7 pontos.

Média de pontos em leitura e percentual de alunos que aprenderam o esperado para o 3º ano (2ª série) por região e por rede de ensino
(Fonte: Todos pela Educação)
Brasil e Regiões Rede de Ensino Média Percentual de alunos com desempenho esperado para o 3º ano (2ª série)
Brasil Total 185,8 56,1%
Brasil Pública 175,8 48,6%
Brasil Particular 216,7 79,0%
Norte Total 172,8 43,6%
Norte Pública 166,7 39,4%
Norte Particular 210,6 69,4%
Nordeste Total 167,4 42,5%
Nordeste Pública 159,7 36,5%
Nordeste Particular 191,1 61,1%
Sudeste Total 193,6 62,8%
Sudeste Pública 182,0 54,4%
Sudeste Particular 224,2 85,1%
Sul Total 197,9 64,6%
Sul Pública 186,8 56,5%
Sul Particular 228,4 86,8%
Centro-Oeste Total 196,5 64,1%
Centro-Oeste Pública 186,6 56,8%
Centro-Oeste Particular 226,2 85,5%



Cerca de metade dos estudantes brasileiros não aprende o que deveria durante ciclo de alfabetização

Prova ABC mostra que problema se concentra em escolas públicas e nas regiões Norte e Nordeste. Especialista diz que resultado é uma 'tragédia'

Nathalia Goulart
Aula de ensino fundamental em escola pública, Serrano do Maranhão/MA

Aula de ensino fundamental em escola pública, Serrano do Maranhão/MA (Anderson Schneider)

Ao fim do terceiro ano do ensino fundamental, números e letras ainda são um mistério para cerca de metade das crianças brasileiras. É o que revela pesquisa divulgada nesta quinta-feira: aqueles estudantes não dominam as competências básicas de leitura, escrita e matemática. O problema se concentra nas escolas públicas nacionais, em especial nas unidades das regiões Norte e Nordeste.

A pesquisa está baseada nos resultados da inédita Avaliação Brasileira do Final do Ciclo da Alfabetização, batizada Prova ABC, parceria entre o movimento independente Todos Pela Educação, o Instituto Paulo Montenegro/Ibope, a Fundação Cesgranrio e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), autarquia do Ministério da Educação (MEC). A avaliação foi feita no início deste ano letivo com 6.000 alunos do quarto ano de 250 escolas de todas as regiões do Brasil, medindo, portanto, os conhecimentos adquiridos na série anterior.

Os dados mostram que, em média, 43,9% desses estudantes deixam o ciclo de alfabetização sem aprender o que deveriam em leitura. Na lanterna, estão as escolas públicas do Nordeste, onde a taxa chega a 63,5%. Em matéria de escrita, 46,6% não têm o desempenho esperado, sendo que nas unidades dos governos nordestinos apenas uma em cada quatro crianças domina a competência. Em matemática, os números são ainda piores: 57,2% dos estudantes do país não conseguem fazer contas elementares de soma e subtração. Nas escolas públicas da região Norte, três em cada quatro crianças falham na tarefa.

Tragédia. É assim que a especialista em educação Elvira Souza e Lima classifica os resultados da pesquisa. "Se a criança não aprende a ler e a escrever apropriadamente nessa etapa da vida, seu desenvolvimento escolar fica comprometido", afirma a especialista. E esse atraso acarretará prejuízos também a outras disciplinas. "Ler e escrever são habilidades essenciais: sem elas, a criança não consegue aprender outras matérias, inclusive matemática."















As revelações da pesquisa ajudam a explicar outras medições da má qualidade do ensino. Segundo levantamento divulgado no final do ano passado pelo Todos Pela Educação, apenas 11% dos estudantes deixam o ensino médio com o conhecimento apropriado em matemática e 28% sabem o que deveriam sobre língua portuguesa.

"Segundo o que mostra a nova pesquisa, com o aprendizado que as crianças obtêm no ciclo de alfabetização, é praticamente impossível obter sucesso acadêmico mais adiante", afirma Elvira Souza e Lima. A explicação está na neurociência, garante a especialista. "Apos os oito anos de idade, o cérebro começa a se transformar e as condições já não são tão propícias à alfabetização. Sem um projeto pedagógico específico, não é possível ensinar a uma criança de 9 ou 10 anos o que se ensina a uma de 6 ou 7."

Outra questão já conhecida dos brasileiros foi também reforçada pelos resultados da Prova ABC: a superioridade do ensino nas escolas privadas diante das instituições públicas. No quesito leitura, por exemplo, 97,7% estudantes das escolas particulares do Sudeste aprendem o que se espera, enquanto que apenas 53,8% dos alunos de unidades dos governos da mesma área geográfica obtiveram desempenho similar.

Outros indicadores já haviam indicado a mesma desigualdade. Na avaliação internacional do Pisa, feita pela OCDE (organização que reúne os países desenvolvidos), os alunos brasileiros da rede privada atingiram 502 pontos, enquanto os estudantes do setor público ficaram com apenas 387. Segundo os especialistas, é como se os alunos das escolas particulares estivessem três séries à frente de seus colegas das instituições públicas.

“Os alunos das escolas particulares em geral possuem uma formação mais sólida do que os estudantes da rede pública – o que facilita a alfabetização na educação fundamental. Isso explica em parte a diferença entre as redes”, explica João Horta, pesquisador do Inep, um dos responsáveis pela avaliação.




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