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sábado, 12 de março de 2011

#TiTiTi Leopoldo Pacheco diz que TV nunca foi prioridade de trabalho


12 de março de 2011 09h44


Leopoldo Pacheco. Foto: TV Press

Leopoldo Pacheco vive o Gustavo de 'Ti-ti-ti'
Foto: TV Press


Geraldo Bessa

Desde que foi convidado para atuar em Ti-ti-ti, Leopoldo Pacheco já previa o final transformador de Gustavo, seu personagem na trama de Maria Adelaide Amaral. Porém, o desenvolvimento da história do pai preconceituoso que perde o filho homossexual acabou surpreendendo o ator. "O personagem foi além do óbvio, que seria respeitar as diferenças e opiniões. Ele se tornou um sujeito mais sensível e aberto", acredita. Com a rotina apertada por conta das gravações das últimas cenas do folhetim cômico, Leopoldo se mostra satisfeito com o desfecho do pequeno núcleo dramático da novela. "O Gustavo e a Bruna contaram uma história coerente, cheia de dificuldades e com quase todo o resto do elenco soltando gargalhadas", brincou o ator, referindo-se à personagem de Giulia Gam, mulher de Gustavo.

Depois de oito meses dedicando-se aos dilemas de Gustavo, Leopoldo não quer saber de descanso. Atualmente, ele cumpre a temporada teatral de Maria do Caritó, no Rio de Janeiro, onde divide a cena com Lília Cabral. E também assina a cenografia e os figurinos de O Matador de Santas, peça de Guilherme Leme. Mesmo ocupado com os palcos, o ator já pensa em novos projetos para a TV. "Gostaria de fazer um vilão ou então algum trabalho de época", avisou.

Você iniciou sua carreira no teatro aos 20 anos, mas só estreou na TV aos 45 anos. Qual o motivo da estreia tardia no veículo?
A TV não estava entre as minhas prioridades. Nesta época eu estava em uma companhia de teatro ativa e que exigia muito de mim. Fiquei muito tempo me apresentando em vários lugares. Não sentia a necessidade de fazer uma carreira fora daquele grupo. Isso só acabou quando o Fernando Collor foi eleito presidente da República e acabou com o teatro brasileiro. Tive de recomeçar sozinho, mas minha carreira foi direcionada para a área de cenografia e caracterização, me afastei da atuação.

O que você fez para retomar a carreira de ator?
Eu era chamado para tudo, menos para atuar. Estava trabalhando como cenógrafo e figurinista na peça Pólvora e Poesia, um texto do Alcides Nogueira, com direção do Gabriel Vilela. Ninguém queria fazer essa peça porque os personagens eram muito complexos. É uma história forte de dois homossexuais, um texto diferente e envolvente. O Gabriel me convidou para atuar e eu encarei as dificuldades do papel. O resultado não poderia ser melhor. A peça foi um sucesso, teve uma longa temporada e acabou me rendendo um convite para a televisão. O Alcides e a Maria Adelaide Amaral foram assistir, gostaram do meu trabalho e me chamaram para Um Só Coração.

Seu personagem teve destaque em Um Só Coração. Como foi essa primeira experiência na TV?
Por conta da minha experiência teatral, mergulhei no mundo do Samir, que era um comerciante de origem libanesa. Eu estudei muito, praticamente aprendi a falar libanês. Quando cheguei no set o diretor Carlos Manga falou que não queria sotaques. Pedi a ele para fazer, se ele não gostasse, eu tiraria. O sotaque ficou, mas de forma suave e natural. Tive a sorte de estrear na TV fazendo par com a Letícia Sabatella. Aprendi com ela a tirar os exageros da atuação para o veículo e, de quebra, a gente acabou com um dos casais principais da trama.

Você vem acumulando papéis dramáticos e pesados na televisão. Como costuma construir esses tipos?
Geralmente não uso muitos recursos. Vou muito em cima do texto. No teatro é assim, mas na televisão tento buscar algumas referências. Para o Gustavo, fui mais pelo lado do preconceito. É uma atitude que está aí nas ruas, que você sempre tem notícias. Ele é um pai de família que não é aberto a algumas questões, como a sexualidade do filho. Conheço pessoas assim e elas servem de inspiração para montar o personagem.

Ti-ti-ti é uma comédia escrachada. Como foi fazer parte do núcleo dramático de uma trama feita para arrancar risos do público?
Eu e Giulia conversamos muito com a direção no início das gravações. Na história, o filho homossexual morre e a mulher está doente de câncer. O diretor Jorge Fernando ajudou a gente a encontrar o peso ideal para o casal, em meio a comicidade dos outros personagens. Ele alertou para o fato de que o novelesco da história é o drama. E que, nesse caso, deveria ser intenso.

Ti-ti-ti - Globo - Segunda a sábado, às 19h20.





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