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quinta-feira, 18 de março de 2010

UM POUCO MAIS SOBRE HANDRO, O ADVOGADO DE GLAUCO, QUE DIVULGOU A VERSÃO FALSA SOBRE A MORTE DO CARTUNISTA


quarta-feira, 17 de março de 2010 | 5:59

ricardo-handro

Mas quem é Ricardo Handro (foto), advogado da família de Glauco, que veiculou aquela versão absolutamente falsa dos acontecimentos havidos na chácara do cartunista? Os coleguinhas se esqueceram dele. Este investigador de advérbios teve de fugir de sua rotina.

Quanto mais a polícia ouve depoimentos de pessoas presentes à cena da tragédia que resultou na morte de Glauco e de Raoni, seu filho, mais me incomodam as entrevistas concedidas por Handro, advogado da família, muitas horas depois do ocorrido, quando ele já tinha conversado com todas as testemunhas. Handro tentou caracterizar latrocínio ou coisa parecida. O Portal G1 publicou a sua fala às 12h10 do dia 12. Notem que ele tenta dar CONFIABILIDADE ABSOLUTA À SUA VERSÃO:
“Eles [os supostos bandidos] não falavam coisa com coisa, estavam aparentemente drogados. Mais que advogado da família, sou amigo de Glauco há 12 anos. Foi uma fatalidade, uma coisa terrível”.

FATALIDADE? E que ninguém duvidasse dele!!! “Mais que advogado”, ele era “amigo”!!! O que Handro pretendia? Se a sua história fantasiosa tivesse prosperado, um assassino de duas pessoas estaria, a esta altura, solto e pronto para delinqüir de novo. Quem mentiu para ele? Ou ele mentiu por conta própria?

No Portal Terra, às 11h48, 11 horas depois da tragédia, Handro muda até o local dos assassinatos:O boletim de ocorrência informa que o assassinato foi fora da casa, mas, segundo o advogado, foi em uma área interna da residência.” Já se sabe que ocorreu fora da casa — e até um tanto longe dela.

A versão de Handro se espalhou pela Internet. Aquela gente das trevas logo saiu a dizer que se estava diante de uma evidência da violência que toma conta de São Paulo. Um conhecido anão da moral e do subjornalismo aproveitou para fazer proselitismo da tragédia. Um site informava às 10h46:O presidente da Câmara de Vereadores de Osasco, na Grande São Paulo, Osvaldo Verginio (PR), foi ao IML (Instituto Médico Legal) da cidade na manhã desta sexta-feira (12) para prestar solidariedade à família do cartunista Glauco, assassinado nesta madrugada. Em entrevista, o vereador afirmou que a questão da criminalidade em Osasco precisa ser discutida: ‘Ainda esta semana, vou tentar marcar uma reunião com o governador [José Serra] e com a polícia. O crime esta em todo o lugar, mas precisamos agilizar para que Osasco não volte a ser uma cidade perigosa.”

Entenderam o “clima”? E, no entanto, àquela altura, a viúva de Glauco, “Madrinha Bia”, e todas as testemunhas sabiam muito bem o que tinha acontecido. E certamente tinham feito o relato correto ao advogado que é “amigo há 12 anos”. Não dá, né? Depois disso, Handro sumiu. Eu tinha de saber quem é ele, sua trajetória, essas coisas… Algo em seu passado explica tamanho, sei lá como chamar, equívoco? Encontrei algumas coisas.

PT DE SANTO ANDRÉ
Handro é ligado ao PT de Santo André. Foi advogado da Prefeitura na gestão do petista João Avamileno, que assumiu o cargo com a morte de Celso Daniel, em 2002. No segundo mandato de Avamileno, em 2006, o advogado chegou a ocupar interinamente a Secretaria de Assuntos Jurídicos. Abaixo, vocês vêem um decreto com o nome dele.

decreto-handro1

Em 2004, Handro doou, como pessoa física, recursos como pessoa física à campanha de reeleição de Avamileno; em 2006, à campanha de Luiz Carlos da Silva, o Professor Luizinho, um dos petistas que apareceram no escândalo do mensalão. As provas das doações aparecem abaixo.

handro-avamileno1

Handro também fazia parte, até janeiro deste ano, do corpo de funcionários do Instituto Castanheira, uma ONG suspeita de superfaturamento. Informa o Diário do Grande ABC de 15 de janeiro:
A Prefeitura de Santo André promete anunciar hoje detalhes referentes aos contratos firmados nos últimos anos pela administração petista com ONGs, que serão objeto de auditoria externa nos próximos dias. A gestão petebista de Aidan Ravin pretende afastar qualquer indício de irregularidade nos convênios em curso.
Um dos principais alvos deste exame minucioso nas contas públicas é o Instituto Castanheira de Ação Cidadã, que presta serviço ao poder público na área da Educação. Com estrutura de 366 funcionários e quase R$ 13,5 milhões anuais para desenvolver projetos ligados à capacitação de professores e prestar assistência a crianças e adolescentes de zero a 12 anos (incluindo a gestão da Sabina Escola Parque do Conhecimento), a instituição é suspeita de desvio e superfaturamento de verba.”

Um outro jornal da região, o ABCD MAIOR, procurou a direção do Instituto Castanheira para falar sobre as acusações. E se lê: “já houve mudança na instituição. Nesta segunda-feira (19/01), os advogados Ricardo Handro e Manuel Marques, também presidente do PT de Ribeirão Pires, foram desligados do quadro de funcionários do Instituto.”

Voltei
Aí o leitor poderá perguntar: “Reinaldo, o que uma coisa tem a ver com a outra? O que a versão falsa apresentada pelo advogado sobre a morte de Glauco e seu filho — que poderia ter contribuído para a impunidade do assassino e para indicar um falso descontrole da violência em São Paulo, como vociferava a rede petralha — tem a ver com fato de Handro ser ligado ao PT de Santo André e à tal ONG com problemas?” Não sei. Tive um ataque de ingenuidade neste raiar da manhã.

O que sei é que ele continua a dever explicações. Até que ele não explique por quê, a gente vai tentando saber o “quem”, não é mesmo?

PS - Divulgar uma versão que se sabe falsa sobre um crime também é crime, não é? E o que diz a respeito o Código de Ética da OAB?







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