[Valid Atom 1.0]

domingo, 10 de agosto de 2008

ONU fala em mais de 6 mil refugiados e pede 'corredor humanitário' na Geórgia

O número de mortes no conflito já ultrapassa 2 mil.
ONU faz nova reunião para tentar encontrar um acordo.

Do G1, com agências


Refugiada recebe auxílio perto de ônibus na fronteira entre a Rússia e a Ossétia do Sul (Foto: Mikhail Metzel/AP)

Os cerca de 6 mil refugiados passaram a ser a grande preocupação da Rússia, Geórgia e das Naçoes Unidas nos conflitos que acontecem na Ossétia do Sul.

Moscou apóia a Ossétia do Sul desde sua separação de fato após o fim da União Soviética. O conflito se estendeu a outras regiões da Geórgia, que tem apoio americano, principalmente à Abkázia, uma outra república separatista da Geórgia situada a oeste, à beira do Mar Negro.



O alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Antonio Guterres, expressou sua preocupação com a grave situação de milhares de civis que estão no meio do fogo cruzado e pediu que façam um corredor humanitário.



Guterres pede ainda que seja facilitado o trabalho do serviço humanitário. "Muitas pessoas precisam de ajuda. É essencial que as agências humanitárias possam chegar onde estão estas pessoas, tanto as afetadas em seus lares como as já deslocadas, e as que estão presas no conflito possam ir a uma área segura", disse .

Foto: David Mdzinarishvili/Reuters

Georgiana deixa seu vilarejo após ataques aéres russos em Tskhinvali (Foto: David Mdzinarishvili/Reuters)


De acordo com Guterres, "é absolutamente essencial que ambas as partes respeitem os princípios humanitários de proteção e segurança dos civis".
A ONU comunicou que pelo menos 2,4 mil pessoas já tiveram que deixar suas residências e buscar novos lugares dentro da Geórgia. E diz que pelo menos 4 mil atravessaram a fronteira com a Rússia.

O governo russo, porém, fala que 30 mil pessoas entraram no país vindos da Ossétia do Sul. “Estamos passando por uma catástrofe civil”, disse o vice-premiê russo Sergei Sobyanin.


O número de mortes já ultrapassa as 2 mil, segundo os governos da Geórgia e Rússia.

Neste domingo, o governo da Geórgia anunciou a retirada de suas tropas da capital da Ossétia do Sul, apesar de a Rússia negar. As agências de notícias informaram, porém, que o Exército russo atacou com bombardeios a região.

Mais reunião


O Conselho de Segurança da ONU se reuniu neste domingo (10) pela quarta vez em três dias, em Nova York, para discutir a crise russo-georgiana.



Os 15 membros do Conselho não conseguiram acordo no sábado (9) sobre um texto de compromisso pedindo uma trégua na Geórgia, onde a intervenção na quinta-feira passada de Tbilissi na república separatista da Ossétia do Sul provocou uma forte reação armada da parte da Rússia.


Os Estados Unidos têm a intenção de apresentar ainda neste domingo ao Conselho de Segurança da ONU uma proposta de resolução condenando os ataques russos à Geórgia, mas as probabilidades de que seja aprovada são mínimas.


"Trazemos uma proposta de resolução que sabemos que não será aceita pela Rússia - membro permanente do Conselho e com direito a veto -, mas talvez consiga o apoio dos outros 14 membros", disseram fontes diplomáticas, antes do início de uma nova reunião do principal órgão da ONU.

Na Alemanha


O ministro alemão dos Assuntos Estrangeiros, Frank-Walter Steinmeier, conseguiu colocar em contato direto seus colegas russo e georgiano, Serguei Lavrov e Eka Tkeshelashvili, anunciou neste domingo seu ministério.


"Ele conseguiu um contato direto entre os ministros dos Assuntos Estrangeiros georgiano e russo", afirmou o secretário de Estado alemão para os Assuntos estrangeiros, Gernot Erler, ao canal público de televisão ARD.

Nos Estados Unidos


O encarregado dos assuntos russos nos EUA, Alexandre Darchiev, declarou neste domingo à CNN que a Rússia não tem intenção de invadir a Geórgia, insistindo sobre a responsabilidade de Tbilisi no conflito.


"Não temos em hipótese alguma a intenção de invadir a Geórgia", declarou Darchiev, acrescentando: "nosso objetivo é forçar os dirigentes georgianos à paz".


Para Darchiev, o presidente georgiano, Mikhail Saakachvili, deve ser considerado "responsável do ataque bárbaro e desleal contra os civis inocentes da Ossétia do Sul, da agressão contra a Ossétia do Sul".


"A melhor coisa que ele pode fazer agora é retirar suas tropas sem condição, eu disse bem sem condição, da Ossétia do Sul", acrescentou

Dois jornalistas morrem na Ossétia do Sul

Dois ficaram feridos durante conflitos na região.
Ambos os mortos trabalhavam na imprensa russa.

Do G1, com informações da Efe


Dois jornalistas morreram neste domingo (10) na região georgiana da Ossétia do Sul e outros dois ficaram feridos ao serem baleados pelas milícias locais, informou Orkhan Jemal, correspondente da edição russa da revista "Newsweek".




Os jornalistas mortos são Alexander Klimchuk, fotógrafo da agência oficial russa "Itar-Tass", e Grigol Chikhladze, também da "Newsweek" russa, disse Jemal à emissora de rádio "Eco de Moscou".


Jemal disse que os quatro jornalistas chegaram à zona do conflito com as tropas georgianas, mas se desviaram e chegaram a um posto de controle dos separatistas, que abriram fogo contra o veículo.


Ele acrescentou que, no automóvel baleado, estavam outros dois jornalistas, que ficaram feridos e foram hospitalizados em Tskhinvali, a capital da Ossétia do Sul controlada agora pelas tropas russas e pelas autoridades separatistas.


O diretor do departamento gráfico da "Itar-Tass", Félix Shmaiger, disse que a agência está tentando comprovar as informações sobre a morte de Klimchuk, com quem tinham perdido todo contato há dois dias e que também trabalhava para outros veículos de comunicação, incluindo a "Newsweek" russa.


Anteriormente, na Ossétia do Sul, haviam ficado feridos cinco jornalistas russos, que cobriam o conflito do lado da Ossétia do Sul e foram atingidos pelos ataques das tropas georgianas, segundo a agência "Interfax"


Geórgia anuncia retirada de tropas da capital de Ossétia do Sul

Decisão visa permitir o resgate de feridos e refugiados georgianos.
Exército russo nega informação do governo georgiano.

Do G1, com agências


Foto: AP
AP
Mulher ferida em ataque aéreo na cidade de Gori pede ajuda. De acordo com o fotógrafo da AP, ela foi socorrrida por vizinhos (Foto: AP)

Depois de três dias de intensos confrontos, a Geórgia anunciou neste domingo (10) a retirada de suas tropas de quase todo o território da província separatista de Ossétia do Sul a fim de permitir o resgate de feridos e refugiados.

Por outro lado, uma fonte do Exército russo nega que as tropas da Geórgia estejam saindo da região.



Enquanto isso, Anatoli Nogovitsyn, das Forças Armadas russas, confirmou que o exército do seu país tomou “a maior parte” de Tsjinvali, capital de Ossétia do Sul.

Neste sábado (9), navios de guerra russos impuseram um bloqueio naval sobre a Geórgia para impedir a entrada de armas e de outros equipamentos militares no país.

Diante da atitude, a Ucrânia ameaçou neste domingo proibir o retorno ao porto de Sebastopol, no sul de Criméia, dos navios da frota russa do Mar Negro mobilizados contra a Geórgia, afirma um comunicado do ministério ucraniano das Relações Exteriores.

Veja no vídeo ao lado: Conselho de Segurança não conseguiu chegar a um consenso sobre a crise na república da Geórgia

"A parte ucraniana reconhece o direito, de acordo com as normas do direito internacional e da legislação ucraniana, de proibir o retorno ao território da Ucrânia até o fim do conflito (russo-georgiano) de navios que podem participar nas operações militares", destaca o texto divulgado no site do ministério.

Navios de guerra russos impuseram no Mar Negro um bloqueio naval sobre a Geórgia para impedir a entrada de armas e de outros meios militares neste país, informou a agência Interfax.

Ataques

Os ataques entre a Rússia e a Geórgia já deixaram mais de 2 mil mortos. O presidente da Geórgia, Mikhael Saakashvili, declarou o país em estado de guerra e acusou a Rússia de agressão. Ele também pediu uma trégua nos combates.



Os dois países disputam a região da Ossétia do Sul, uma pequena parte da Geórgia que declarou independência há 15 anos, onde 70% dos habitantes locais são russo.

Veja a cronologia das relações entre Geórgia e Ossétia do Sul

Tropas da Rússia e da Geórgia combatem no território separatista.
Saiba quais foram os principais lances do conflito na região.

Da Reuters


Leia abaixo uma cronologia com os principais acontecimentos envolvendo Geórgia, Rússia e Ossétia do Sul:

Novembro de 1989 - A Ossétia do Sul declara sua autonomia em relação à República Socialista Soviética Georgiana, detonando um conflito de três meses.


Dezembro de 1990 - A Geórgia e a Ossétia do Sul dão início a um novo conflito armado que dura até 1992.


Junho de 1992 - Líderes da Rússia, da Geórgia e da Ossétia do Sul reúnem-se em Sochi, assinam um armistício e acertam a criação de uma força de paz.


Novembro de 1993 - A Ossétia do Sul elabora sua própria Constituição.


Novembro de 1996 - A Ossétia do Sul elege seu primeiro presidente.


Dezembro de 2000 - A Rússia e a Geórgia assinam um acordo para recuperar a economia da zona de conflito.

Dezembro de 2001 - A Ossétia do Sul elege Eduard Kokoity como presidente. Em 2002, ele pede ao governo russo que reconheça a independência da região e que a absorva.

Foto: Arte G1
Arte G1
Mapa mostra a região do conflito. (Foto: Arte G1)

Janeiro de 2005 - A Rússia dá um apoio reservado ao plano da Geórgia de conceder autonomia ampla à Ossétia do Sul em troca de a região deixar de lado seus planos de independência.


Novembro de 2006 - Em um referendo, a Ossétia do Sul aprova com larga margem de votos sua separação da Geórgia. O primeiro-ministro georgiano diz que a manobra é parte de uma campanha russa para provocar uma guerra.


Abril de 2007 - O Parlamento da Geórgia aprova uma lei para criar uma administração temporária na Ossétia do Sul, gerando tensão com a Rússia.


Junho de 2007 - Os separatistas da Ossétia do Sul dizem que a Geórgia atacou Tskhinvali (capital da região) com morteiros e disparos realizados por franco-atiradores. O governo georgiano nega.


Outubro de 2007 - Interrompem-se as negociações patrocinadas pela Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) e realizadas pela Geórgia e pela Ossétia do Sul.


Março de 2008 - Depois de o Ocidente ter dado apoio à secessão de Kosovo da Sérvia, a Ossétia do Sul pede que o mundo reconheça sua independência da Geórgia.


Março de 2008 - A tentativa da Geórgia de ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), apesar de mal sucedida, leva o Parlamento da Rússia a conclamar o governo russo a reconhecer a independência da Ossétia do Sul e da Abkházia, outra região separatista.


Abril de 2008 - A Ossétia do Sul rejeita um acordo de compartilhamento de poder sugerido pela Geórgia e insiste na opção da independência total.


Agosto de 2008 - Forças georgianas e da Ossétia do Sul começam a se enfrentar. A Geórgia diz que suas forças "libertaram" a maior parte da capital da Ossétia do Sul

Entenda o confronto na Ossétia do Sul

Tropas russsas enfrentam forças georgianas pelo controle da Ossétia.
Região se livrou do controle da Geórgia há mais de 15 anos.

Da Reuters


Os combates iniciados na última sexta-feira (8) com a invasão da Ossétia da Sul pela Geórgia, seguida pela reação russa, são na verdade o ponto culminante de um processo de tensão local que existe desde o início da década de 90.



A Ossétia do Sul é um território de mais ou menos 4 mil quilômetros quadrados localizado cerca de 100 quilômetros ao norte da capital da Geórgia, Tbilisi, na encosta sul das montanhas do Cáucaso.

O colapso da União Soviética alimentou o nascimento de um movimento separatista na Ossétia do Sul, que sempre se sentiu mais próxima da Rússia que da Geórgia. A região livrou-se do controle georgiano durante uma guerra travada em 1991 e 1992 e na qual milhares de pessoas morreram. A Ossétia do Sul mantém uma relação estreita com a vizinha russa Ossétia do Norte, que fica do lado norte do Cáucaso.

Foto: Arte G1
Arte G1
Mapa mostra a região do conflito. (Foto: Arte G1)

A maior parte de seus quase 70 mil habitantes é etnicamente distinta dos georgianos e fala sua própria língua, parecida com o persa. Essas pessoas afirmam ter sido absorvidas à força pela Geórgia, durante o regime soviético, e agora desejam exercer seu direito à autodeterminação.

O líder separatista é Eduard Kokoity. Em novembro de 2006, vilarejos da Ossétia do Sul que continuam sob o controle da Geórgia, elegeram um líder rival, o ex-separatista Dmitry Sanakoyev. Sanakoyev conta com o apoio do governo georgiano, mas sua influência estende-se por somente uma pequena parte da região.

Apoio russo

Cerca de dois terços do Orçamento anual da região, de cerca de US$ 30 milhões, vêm do governo russo. Quase todos os moradores dali exibem passaportes russos, e usam o rublo russo como moeda.


A estatal russa Gazprom, uma gigante do ramo do gás, está construindo novos gasodutos e novas instalações para abastecer a região desde a Rússia. As obras foram avaliadas em 15 bilhões de rublos (US$ 640 milhões).

Influência

O estado de 'cristalização' do conflito na Ossétia do Sul, assim como o da outra região separatista georgiana, a Abkházia, permitiu à Rússia preservar um instrumento vital de influência sobre seu vizinho do sul.

Moscou também quer um fim na tentativa da Geórgia de integrar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan, a aliança de defesa ocidental). Há pouco, o ministro russo do Exterior, Sergei Lavrov, em um longo ensaio sobre a posição da Rússia no mundo, insistiu que a Otan deve ser suplantada como o principal fiador da segurança européia.

Nesta vertente de suspeita em relação à Otan e ao Ocidente, uma outra corrente de pensamento acredita que o presidente georgiano Mikhael Saakashvili na verdade está tentando arrastar a Otan para uma intervenção na disputa de seu país com Moscou.

Saakashvili já tentou propagar a idéia de sua integração à Otan como um fato, não uma possibilidade no longo prazo. Então, daqui por diante, parece inconcebível que a Otan se envolva.

Tensão
A consultoria Strategic Forecasting disse que a Geórgia representava o "ponto de conflito mais tenso das relações entre a Rússia e o Ocidente" por ser, no mapa-múndi, a área de influência das potências ocidentais localizada mais a leste.

"O que está em jogo aqui é saber se fazer fronteira com a Rússia e, ao mesmo tempo, ser um aliado dos EUA seria uma combinação suicida. Independente de como isso se resolverá, a dinâmica de toda a região está prestes a ser virada de ponta cabeça", disse consultoria em uma nota.

(Com informações da BBC e Reuters)

Sphere: Related Content
26/10/2008 free counters

Nenhum comentário: