Publicação: 06 de Novembro de 2011 às 00:00
Uma terra de ninguém. É assim que o estádio Marizão é apontado pelo presidente da Liga Desportiva de Caicó, Luís Jurandir de Medeiros (o Carneirinho). Irritado com o abandono do estádio, que apesar de ser a única praça esportiva pertencente ao Governo do RN em atividade, tem o controle desprezado pelo poder público, ele disse que faz esse julgamento porque a praça esportiva só não se encontra em completo estado de abandono, pelo fato de estar sendo zelada por uma pessoa cuja Justiça impediu até de entrar para assistir jogos dentro do estádio.
Júnior SantosSeverino Sobrinho (Cocobil) coloca a própria liberdade em risco para não deixar o estádio Marizão se acabar ante o descaso governamental
"Realmente é uma terra de ninguém, é um patrimônio público completamente abandonado pelo governo, qualquer um que chega toma conta mesmo e esse fato ilustra bem a importância que as nossas autoridades dão ao Marizão", ressaltou o dirigente esportivo.A condição só não é mais precária porque algumas pequenas reformas ainda são feitas no Marizão em consequência da força de vontade de Severino Sobrinho da Silva (Cocobil), que legalmente não poderia estar trabalhando no local, mas que desobedecendo uma ordem judicial e com o seu trabalho de "formiguinha" vai impedindo que o patrimônio público fique entregue as traças e passe a ser alvo de depredação de alguns vândalos.
Com o pouco dinheiro que consegue arrecadar das peladas realizadas no estádio (R$ 1.200/mês), Cocobil retira o seu salário e separa alguma verba para realização de melhoras pontuais no gramado, vestiários, alambrado e no serviço de pintura. Além disso o caixa conta com R$ 5.800/ano com a venda das placas de publicidade.
Atualmente quem responde pela administração do Marizão é Edno Lopes dos Santos, subprefeito de São João do Sabugi, e que ocupa o cargo desde 2007 depois da realização de um acordo informal com a juíza Rossana de Paiva, que após mandar fechar o estádio depois do problema com Cocobil, foi alertada para o problema da degradação do bem público e mandou que a Prefeitura nomeasse uma espécie de interventor para cuidar do Marizão, enquanto o governo do estado não nomeasse alguém para desempenhar a função. Lá se vão quatro anos e, entra governo, sai governo, a situação da praça esportiva mais importante do Seridó continua a mesma.
Apesar de estar ciente da decisão judicial, Edno diz que não está afrontando a decisão da juíza Rossana Paiva, mas apenas procurando corrigir aquilo que considera como uma injustiça, uma vez que toda confusão gerada em torno do assunto, foi resultado de um grande mal entendido, uma vez que Cocobil jamais pensou em tirar proveito da condição de abandono do Marizão.
"A questão se deu em 2007 quando o Marizão estava abandonado mesmo e um grupo de vândalos vinha invadindo o estádio a noite para depredar as instalações. Como sempre mostrou zelo pelo Marizão, Cocobil resolveu fazer um quartinho em baixo de uma arquibancada para tomar conta do estádio. Mas as pessoas não entenderam assim, denunciaram a Justiça que deu ordem despejo para ele. No entanto nós não temos outra pessoa que aceite zelar pelo local sem qualquer vínculo empregatício e não vejo mal nenhum dele continuar desempenhando essa função", ressaltou Edno.
ILUMINAÇÃO
O fato é que assim como boa parte das grandes obras esportivas do Rio Grande do Norte, o Marizão que teve o projeto iniciado em 1986, na administração de Geraldo Melo, não foi concluído e acabou inaugurado de forma parcial em 1992, pelo então governador Vivaldo Costa. De lá para cá não ocorreram mais investimentos governamentais e o resultado desse abandono é que caso não seja realizado nenhum tipo de recuperação nas torres de iluminação, no Estadual de 2012 o Marizão não terá mais condições de abrigar jogos noturnos. "Temos hoje apenas 30% da iluminação do estádio funcionando. Dos 60 refletores existentes nas torres, apenas 18 estão funcionando ainda. Vale lembrar que essas lâmpadas estão ai desde a inauguração do estádio", ressalta Carneirinho.
Júnior SantosA cobertura e ampliação da arquibancada é uma promessa antiga
A esperança dos esportistas caicoenses é que a governadora Rosalba Ciarlini, que prometeu construir um novo Juvenal Lamartine em Natal e recentemente anunciou investimentos na melhoria do estádio Nogueirão, em Mossoró, que ao contrário do Marizão não se trata de um bem público e pertence a Liga Desportiva Mossoroense, olhe com mais carinho para praça esportiva caicoense. "No governo Wilma foram prometidos investimentos e nada saiu do papel, agora Rosalba prometeu aplicar uma boa quantia na reforma do Nogueirão e o Marizão que é um bem do governo não pode continuar esquecido. Falo isso por que será muito difícil se jogar em Caicó, no verão, com a partida iniciando às 15 horas. Esperamos que a secretária de Infraestrutura, Kátia Pinto, que é filha da nossa cidade, olhe com bons olhos as nossas reivindicações", afirmou Carneirinho.O presidente da Liga Esportiva de Caicó revelou que chegou a participar de reuniões com a secretária Kátia Pinto para discutir a situação administrativa do Marizão, porém as partes não chegaram a um termo comum. "Disse a ela que a liga só poderia assumir a responsabilidade pelo estádio se fosse realizada a reforma que o Marizão está necessitando e que nos fosse dada uma garantia de verba mensal para cuidar dos problemas que fossem surgindo. Fora isso, não teremos condições de assumir tamanha responsabilidade", argumentou o dirigente.
Corintians volta a falar em título
Se enfrentam problemas com relação ao estádio, sobram esperanças quanto ao futuro dos clubes caicoenses no Estadual de 2012. No Corintians a diretoria está pensando grande e promete montar um grupo com capacidade para brigar em pé de igualdade com os representantes da capital pelo título da temporada. A meta é fazer o Galo caicoense voltar a ter projeção nacional disputando a Copa do Brasil de 2013, bem como a Copa São Paulo de Futebol Júnior.
Planejamento e marketing serão as armas do clubes para superar as dificuldades financeiras que tanto atrapalharam o desempenho alvinegro no último estadual. O atual presidente corintiano, Raimundo Inácio (Lobão), trata pessoalmente da aprovação da lei de incentivo ao esporte, que vai abrir as portas para legalização dos incentivos da Prefeitura de Caicó aos clubes de futebol da cidade.
Aliado a isso, existe um arrojado planejamento de captação de patrocínios através do qual já foram fechados cinco acordos de um total de dez projetos apresentados. "Nós vamos mudar o nosso patamar. Estamos com uma série de estratégias de arrecadação e inicialmente pretendemos formar um grupo com uma folha de R$ 40 mil/mês. Já fechamos com o treinador Gaúcho, ex-zagueiro do Sport Recife, temos tudo certo com oito jogadores e vamos buscar mais atletas da região", disse Rogério Gurgel, presidente do conselho fiscal do Galo.
Com o apoio de Luciano Júnior, da Rede Bandeirantes, a diretoria articulou uma série de contatos com empresários paulistas ligados aos clubes de lá e que devem resultar no envio de atletas para disputar o Estadual. "As diretorias do Corinthians Paulista, São Caetano e Bragantino acenaram com a realização de acordos. Eles enviariam para cá jogadores a custo zero e nós ficaríamos responsáveis apenas pela logística dos atletas. Os atletas revelados em nossos quadros serão remetidos para eles através dessa parceria", explicou Gurgel.
A ideia é realizar a apresentação do grupo e iniciar a pré-temporada no início de dezembro, antes disso os dirigentes trabalham no lançamento oficial do novo uniforme do clube, com um show de Reginaldo Rossi na sede social do clube, que foi ampliada, ganhou um setor de piscinas e hoje tem capacidade para comportar em torno de 8 mil pessoas.
Caicó promete surpresas na volta à elite
Antes mesmo de irem a campo, uma vez que a intenção do Caicó é realizar a sua reestreia na divisão de elite justamente num clássico contra o Corintians, de quem não perdem há cerca de sete anos, a Raposa já começa a esquentar o clima na cidade e promete que voltou para ficar no rol dos melhores clubes do RN. Em termos de projeções, o rubro-negro é apenas um pouquinho mais modesto que os rivais, uma vez que planejam investir em jovens revelações e explorar a capacidade dos atletas da região do Seridó. Mas isso não quer dizer que eles não irão zelar pela qualidade.
"Nós temos vários atletas com potencial para disputar a competição de profissionais aqui mesmo na região. Valores que por falta de oportunidade não conseguem aparecer e é isso que pretendemos fazer aqui no Caicó. O título da segunda divisão mostrou que estamos no caminho correto, mas não vamos ficar apenas nisso", afirmou o treinador do Caicó Sidcley Souza.
O clube já tem dez atletas contatados e pode receber o reforço de mais alguns pertencentes a um grupo de empresários e também de um clube que disputa a primeira divisão em São Paulo e a série B do Brasileirão.
"Nós estamos estudando parcerias não apenas com esse clube paulista, mas também com equipes do Recife e do Espírito Santo. Estamos trabalhando para estruturar nossas categorias de base e nesse mês dois empresários paulistas vão nos visitar para tratarmos da questão", informou Sílvio César Grossano, diretor de futebol da equipe, que está ultimando os serviços para inauguração do centro de treinamento do Caicó, o qual, segundo o dirigente, fará o clube dar um salto de qualidade.
http://tribunadonorte.com.br/
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