[Valid Atom 1.0]

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Não é de hoje que as novelas "plagiam"



18/08/2011 - 09h20
Publicidade

O cara é um grande pegador e nunca sai da boate desacompanhado. Até que, um belo dia, uma de suas conquistas o avisa: "Quando a gente transou, percebi que você está com um caroço nos testículos. É melhor consultar um especialista."

Esta trama da série americana "Queer as Folk" foi decalcada sem a menor cerimônia em "Insensato Coração". A diferença é que, no original, o personagem Brian Kinney era gay. Ponto.

Muito se comentou esta semana nas redes sociais sobre este "plágio" (entre aspas porque não acho que seja), um dos muitos identificados na novela de Gilberto Braga e Ricardo Linhares. Não há razão para escândalo: afinal, tem gente que defende que a última história realmente inédita foi "Édipo-Rei". Tudo o que veio depois não passou de reles adaptação.

Aliás, o próprio Édipo inspirou uma novela inteira: "Mandala", em 1987. O grande Dias Gomes nem se deu ao trabalho de mudar os nomes dos protagonistas, e o Brasil quase teve um enfarte coletivo quando percebeu que o jovem galã (Felipe Camargo) ia comer a própria mãe (Vera Fischer). O autor teve que mudar às pressas o desfecho de um drama com mais de dois mil anos, e Jocasta se casou com um bicheiro.

"Mandala" foi uma apropriação assumida, e nem havia direitos autorais a pagar. Mas antigamente essas "coincidências" eram muito mais óbvias, e pouca gente se lembrava de reclamar.

"Carinhoso" é um exemplo flagrante. Esta novela de Lauro César Muniz, exibida pela Globo em 1973, tinha sua trama central chupada diretamente do filme "Sabrina", com Audrey Hepburn e William Holden. A filha de um casal de empregados (Regina Duarte) passava um tempo fora do país, e ao voltar se envolvia com os dois filhos dos patrões de seus pais (Cláudio Marzo e Marcos Paulo).

Nem mesmo a papisa Janete Clair escapou. "Selva de Pedra", um de seus maiores clássicos, era descaradamente "inspirada" em "Um Lugar ao Sol", filme com Montgomery Clift e Elizabeth Taylor: o filho de um pregador religioso trama a morte da namorada pobre para ficar com uma moça muito mais rica.

Mas tanto Janete como Lauro César introduziram muitos outros elementos nas histórias que pegaram emprestado, e souberam torná-las suas. Não há nada de errado com isto: a telenovela é o gênero literário (se é que podemos chamá-la assim) mais voraz que existe.

Bebe de todas as fontes, come tudo o que lhe passa na frente e regurgita cenas manjadíssimas, às vezes só maquiadas. E nós caímos feito uns patinhos, pois voltamos todo dia para mais.

Tony Goes tem 50 anos. Nasceu no Rio de Janeiro mas vive em São Paulo desde pequeno. É publicitário em período integral e blogueiro, roteirista e colunista nas horas vagas. Escreveu para vários programas de TV e alguns longa-metragens, e assina a coluna "Pergunte ao Amigo Gay" na revista "Women's Health". Colaborador frequente da revista "Junior" e da Folha Ilustrada, foi um dos colunistas a comentar o "Big Brother 11" na Folha.com.


( A novela é um escancarado "resto de ontem", o autor foi mais uma vez infeliz, não criou nada , somando o apego doente ao tema gay, que foi abordado de uma forma porca,
ele visivelmente, não sabia o que escrever , estava perdido num texto péssimo . A Globo podia investir em talentos de verdade, afinal a novela é um grande produto , mas a qualidade está péssima, insuportável, se formos associar essa falta de qualidade , esse plagio aos produtos dos patrocinadores então ...)





Lançamento e repercussão

A cena da queda do avião no primeiro capítulo causou polêmica pela ausência de verossimilhança[37]. Capítulos posteriores também apresentariam inúmeros erros. Considervável comoção no estado de Mato Grosso do Sul foi registrada por equívocos geográficos[38][39][40][41]. No diálogo entre os personagens de Luciana (Fernanda Machado) e Pedro (Eriberto Leão) levado ao ar no dia 21 de janeiro de 2011 tem-se a impressão de que a cidade Bonito fica no Mato Grosso[38]. A Fundação de Turismo do Estado solicitou "possíveis reparações" ao autor Gilberto Braga[38][39], que acabaram por não ocorrer. A emissora também se recusaria a reparar os comentários negativos em face de animais, ao transmitir informações altamente equivocadas quanto à transmissão da Toxoplasmose por gatos[42][43] e incluir comentários negativos à cães dentre os diálogos da personagem "Carol", interpretada por Camila Pitanga[44].

Em abril de 2011, a jornalista Patrícia Kogut publicou um texto que avaliava a produção até então, expondo suas deficiências: Gilberto Braga e Ricardo Linhares, anunciaram numerosas marés de participações. Com isso, a história receberia injeções constantes de movimentação. Mexer na estrutura de um folhetim é uma experimentação válida que, porém, até aqui não se justificou. Passados mais de três meses do lançamento, a impressão que se tem não é de dinamismo. Falta respeitar o que é praticamente um axioma: toda novela tem de ter uma história principal para prender a atenção. Seja qual for a de "Insensato coração", ela ficou diluída neste entra e sai de subtramas tão generalizadas que se tornaram prevalentes[45].

Carla Bittencourt, do jornal Extra, em oportunidades distintas, elogiou o roteiro de Braga e Linhares, mas mostrou-se decepcionada com a forma como as cenas escritas eram representadas nas filmagens:

Cquote1.png Quem tem o privilégio de ler um capítulo de "Insensato coração" escrito por Gilberto Braga e Ricardo Linhares, às vezes, tem a impressão de que a novela no papel é infinitamente melhor do aquilo que é exibido na TV.[46] Cquote2.png

A cena em que a personagem Clarice falece seria mais ousada originalmente, mas, mesmo limitada, foi vista como "bem realizada"[47]. Da mesma forma, a interpretação caricata da atriz Bruna Linzmeyer teria minado a credibilidade da cena em que sua personagem tem seu primeiro orgasmo[46].

Jorge Luiz Brasil, editor-chefe da revista especializada Minha Novela, elogiou a interpretação de Eriberto Leão e Paola Oliveira, mas criticou a forma como o romance de seus personagens foi desenvolvido: O maior erro de Insensato Coração foi a construção da história de amor de Pedro (Eriberto Leão) e Marina (Paola Oliveira). Não por culpa dos atores, que fique bem claro. Aquela paixão arrebatadora nunca convenceu e um casal protagonista que fica junto apenas meia dúzia de cenas não poderia dar certo nunca.[48]

A insatisfação com o desenvolvimento da trama em seus primeiros meses de exibição fez com que a "segunda fase" fosse aguardada com ainda mais entusiasmo, segundo Fabíola Reipert: "A Globo está apostando todas as suas fichas em Gloria Pires para dar uma virada em Insensato Coração. (...) Além de ótima atriz, Gloria está com um personagem forte na mão, que tem tudo para tirar a novela do marasmo que está. Norma e seu desejo de vingança estão chamando a atenção do telespectador. Está na cara que a história vai começar a esquentar de verdade depois que ela sair da cadeia para dar o troco em Léo, papel de Gabriel Braga Nunes".[49]


Gilberto Braga
Nome completo Gilberto Tumscitz Braga
Nascimento 1º de novembro de 1946 (64 anos)
Rio de Janeiro, RJ
Nacionalidade Brasil Brasileiro
Ocupação autor de telenovelas brasileiro
Cônjuge Edgar Moura Brasil



Mortes em 'Insensato Coração' interrompem tendência de queda na audiência das nove, diz autor

JAMES CIMINO
Editor-assistente de Entretenimento
  • Carmem (Nívea Maria) é amparada por Sueli (Louise Cardoso); morte da personagem ocasionará outro assassinato no capítulo desta terça-feira

    Carmem (Nívea Maria) é amparada por Sueli (Louise Cardoso); morte da personagem ocasionará outro assassinato no capítulo desta terça-feira

Quando um personagem morre em novelas, em geral é porque perdeu sua função na história, ou porque foi rejeitado pelo público ou, ainda, por ser um dos protagonistas, cuja morte irá criar um mistério a ser desvendado no último capítulo. Em “Insensato Coração”, no entanto, o expediente foi usado de maneira a movimentar a trama, criando conflitos passageiros entre os personagens. Isso acabou elevando o Ibope da novela e interrompendo uma tendência de queda no horário das nove, observado desde o fim de “A Favorita” (média de 40 pontos em 2008), segundo contou um dos autores da história Ricardo Linhares. “Passione”, de Silvio de Abreu, a antecessora de “Insensato”, teve média de 35,2 pontos.

  • Ana Beatriz Nogueira como Clarice, uma das 22 mortes que houve na novela

“Eu quis trazer a dinâmica dos seriados americanos para a novela. Foi uma narrativa diferente e ousada. Houve certa estranheza inicial em parte do público, mas isso logo se tornou curiosidade pelos próximos acontecimentos. Tanto que, até julho, a novela acumulou 35,5 [pontos no Ibope] de média. Isso é mais do que a média geral da novela anterior, invertendo a tendência de queda que se verificava no horário em que cada novela registrava média inferior à antecessora”, informa o autor.

De acordo com ele, no dia último dia 9/8, “Insensato” alcançou média de 43 pontos, duas vezes e meia mais audiência que o Ibope de todos os outros programas exibidos no mesmo horário, que juntos somaram 17 pontos.

Para quem acha que nunca se matou tanto em uma novela, o autor minimiza o exagero dizendo que muitas das participações saíram da trama sem passar pelo cemitério. E, olhando para o passado do gênero, é possível aprender que Janete Clair já matou metade do elenco de “Anastácia, a Mulher sem Destino” (1967) em um terremoto, mas o objetivo era reduzir custos da produção.

Mesmo assim, em termos de personagens mortos, “Insensato Coração” superou tramas essencialmente policiais como “A Próxima Vítima” (1995), de Silvio de Abreu, cujo enredo principal se centrava na história de um serial killer, que mandou para a cova apenas dez personagens.

Até julho, a novela acumulou 35,5 [pontos no Ibope] de média. Isso é mais do que a média geral da novela anterior, invertendo a tendência de queda que se verificava no horário

Ricardo Linhares, autor de "Insensato Coração"

De acordo com contagem feita pelo crítico Maurício Stycer, foram 22 mortes até agora. E a contagem não acabou. No capítulo desta terça-feira, morrerá pelo menos mais um personagem (Léo ou Norma), de acordo com roteiros dos capítulos da novela a que o UOL teve acesso. O autor, no entanto, não soube dizer se o número estava correto, mas diz que a maioria das participações não teve como fim o cemitério.

“Não fiz as contas. Mas sei que a maioria das participações especiais não morreu, saiu naturalmente da história. A novela seguiu o fluxo da vida real, em que muita gente passa por nós e depois segue o seu caminho, sem que as pessoas se encontrem novamente. Numa narrativa mais convencional, os personagens continuam em cena depois que suas histórias terminam; ficam esvaziados, sem função.”






LAST

Sphere: Related Content
26/10/2008 free counters

Nenhum comentário: